domingo, 5 de abril de 2009

Hellboy 2: O Exército Dourado


Guillermo Del Toro é um cara que sabe o que faz. O cineasta mexicano, cujo prestígio em Hollywood só cresce a cada ano, espertamente alterna projetos comerciais com filmes de ambições artísticas mais elevadas. No primeiro time, estão Hellboy e Blade 2; no segundo, A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno. De um filme dirigido por Del Toro espera-se, no mínimo, um visual deslumbrante e muita criatividade. E certamente tudo isso foi levado em conta na hora de escolhê-lo para capitanear o aguardado projeto O Hobbit (história que antecede O Senhor dos Aneís e mostra como Bilbo Bolseiro se apoderou do famoso anel). O Hobbit ainda está em pré-produção e vai demorar um pouquinho para ficar pronto (a previsão é somente para 2012), mas enquanto isso pode-se ir à locadora conferir o talento de Del Toro à frente de Hellboy 2. Cabe frisar que, num ano tão concorrido no quesito adaptação de HQ's como foi 2008, fazer um filme com tamanho frescor não é pouca coisa.

Hellboy, personagem criado por Mike Mignola em 1994, é um ser de aparência demoníaca, conjurado pelo mago Rasputin. Mas ele é uma criatura de bom coração que, uma vez descoberta por uma ultra-secreta agência do governo americano, dedica-se a combater as forças do Mal. Tendo como principal arma uma força descomunal, condensada no seu gigantesco punho de pedra, Hellboy é apaixonado por Liz Sherman, uma garota com poderes pirocinéticos. Neste segundo filme, Hellboy, Liz e seus companheiros têm que lidar com um príncipe do mundo subterrâneo que decide quebrar uma antiga trégua firmada com a humanidade. E para ajudá-lo a espalhar as trevas pelo mundo, o príncipe Nuada pretende despertar de seu descanso milenar o tal exército dourado do subtítulo.

OK. Essa parte do exército maligno adormecido que lutará sob o comando de quem o despertar é idêntica àquela trama do exército do escorpião-rei de O Retorno da Múmia. E também existe o problema de algumas criaturas e cenários terem uma estética meio parecida com o mundo mágico visto em O Labirinto do Fauno. Mas, a despeito desses detalhes, Hellboy 2 é um longa realizado com competência e ainda possui o grande mérito de não se levar muito a sério, o que o torna um filme extremamente simpático. Hellboy não é um herói no sentido mais tradicional: em contraste com sua aparência ameaçadora, ele não passa de um garoto ansioso por agradar e com um desejo bastante humano de ter o reconhecimento das pessoas pelo trabalho que faz.

Nos papéis principais, o filme conta novamente com Ron Perlman e Selma Blair como Hellboy e Liz Sherman, além de Doug Jones como o amigo anfíbio Abe Sapien. O trio tem ótimo entrosamento e funciona muito bem em cena. Aliás, Hellboy e Abe são responsáveis pela cena mais divertida da trama, quando resolvem afogar suas mágoas de amor com umas cervejinhas a mais. Impagável.


E claro que, em se tratando de um filme de Del Toro, o espectador pode ter certeza de que suas retinas serão invadidas por cenários surreais, criaturas exóticas e caracterizações incríveis. O destaque desta sequência (já que o sempre impressionante protagonista não é novidade) fica por conta dos monstrinhos apelidados de “fadas dos dentes”, que conseguem a façanha de ser assustadores e engraçadinhos ao mesmo tempo.

Hellboy 2, por ser uma adaptação, ainda cumpre uma função colateral: nos deixar curiosos para ver o que Guillermo Del Toro aprontará na versão cinematográfica de O Hobbit. Mas isso só daqui a três anos.

Um comentário:

  1. Ótimo. Gostei muito de Hellboy 2. Del Toro é mestre na manipulação de criaturas fantásticas.

    ResponderExcluir