quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mataram a Irmã Dorothy


Documentário focado no julgamento dos envolvidos no assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido no Pará em 2005. Realizado pelo americano Daniel Junge, o filme acompanha os bastidores do julgamento dos pistoleiros - e, posteriormente, de um dos mandantes – e entrevista testemunhas, advogados, trabalhadores, fazendeiros e autoridades, além de exibir imagens em vídeo da vítima.

O filme começa por situar o espectador nos detalhes do caso, o que certamente é um pouco redundante para o público brasileiro, que já está a par do que aconteceu, porém necessário para outras platéias. Estabelecidos os fatos, o longa começa a acompanhar bem de perto o circo do julgamento. Do lado do Estado, um promotor bem-intencionado; do lado dos fazendeiros acusados, toda uma equipe de advogados diabólicos. Não precisa ser nenhum profundo conhecedor da natureza humana para olhar nos olhos daqueles homens e ver que são escroques da pior qualidade. Debochando das autoridades, exibindo seu status privilegiado, intimidando testemunhas, exalando corrupção e impunidade. É um espetáculo. No mau sentido.

Com um roteiro esperto, que mescla imagens da própria Dorothy Stang prevendo seu assassinato com depoimentos de todos os envolvidos – dando voz aos dois lados da questão –, Daniel Junge conseguiu realizar um documentário tão vibrante e cheio de emoções que por vezes passa a sensação de ser uma obra ficção. Parece até um daqueles filmes de tribunal baseado em obras do John Grisham. Prestem atenção no modo como os advogados de defesa dos assassinos usam o fato de dois agentes do FBI terem acompanhado o caso em seu proveito, tentando desviar o foco de um assassinato para delirantes questões relativas à soberania nacional. Caramba! Acho que nem a imaginação de John Grisham iria tão longe.

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