domingo, 4 de outubro de 2009

A Sereia e o Mergulhador


Tem dois comentários que eu vinha fazendo com frequência dentre amigos que encontrava pelo Festival: 1) esse ano eu estava dando a sorte de não ter visto ainda nenhum filme que fosse 100% pavoroso (muitos medianos, alguns ruins, mas nada completamente imprestável); 2) a Première Latina, no geral, estava apresentando longas de ótimo nível. Pois bem. O filme A Sereia e o Mergulhador soterra, de uma só vez, ambas as afirmativas.

Vejam a sinopse: O cadáver de Simbad, homem do mar, aparece flutuando na Costa da Nicarágua. Wangki, a sereia, converte a alma de Simbad em uma tartaruga, e a tartaruga o leva à superfície, devolvendo-o ao mundo dos humanos como um índio misquito, e ele cresce nas margens do Rio Coco, vivendo a rotina da tribo. Quando o local é atingido por um furacão, Simbad migra para a Costa Atlântica, onde vira um mergulhador e pesca lagostas. No fundo do mar, a sereia o espera. Parece uma história com toques de fábula, certo? Não é. Aliás, é até difícil classificar o estilo do filme, embora ele tenha o formato de um documentário. Poucas vezes tive o desprazer de assistir a algo tão desprovido de sentido. Notem que o filme não apenas é enfadonho e pessimamente conduzido, ele não tem sentido mesmo.

A partir de um fiapo de trama sobre uma lenda indígena envolvendo sereias, homens do mar e almas de tartarugas renascendo em homens (ou o contrário, juro que não entendi direito), o que vemos é uma arrastada sequência de imagens que começa com um capítulo (sim, o filme é dividido em capítulos) que acompanha com detalhes repugnantes a rotina de uma vila de pescadores cujo sustento consiste em caçar, esquartejar e comercializar a carne de enormes tartarugas marinhas. Depois passamos a outro capítulo sobre o nascimento de um menino. Mais uma vez, com mais detalhes visuais do que a maioria da plateia deseja ver. E para quê? Sei lá. O tal Simbad é apresentado como protegido dos deuses... ou outra viagem parecida. Entre um capítulo e outro, ainda aparece na tela uma receita de sopa de tartaruga. Seria algum tipo de piadinha perversa? Não teve graça.

O filme praticamente não tem diálogos e, na maior parte do tempo, se limita a acompanhar friamente, à distância, o rotina modorrenta dos aldeões. Perto do fim, insere uma animação tosca para ilustrar uma passagem sobre... Sobre o que era mesmo? Sinceramente não sei dizer, porque à essa altura meus pensamentos já estavam há muito divagando. Sem contar que é incrível que um filme rodado em meio à natureza seja tão feio esteticamente. Resumindo: um horror, uma tortura.

Nota: 0

(La Sirena y el Buzo, de Mercedes Moncada Rodríguez. MEX / ESP, 2009. 86min. Première Latina)

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