domingo, 4 de outubro de 2009

O Último Verão de La Boyita


Jorgelina tem dez anos e passa por um período de grandes mudanças em sua família. Os pais parecem não se entender mais e a irmã mais velha, Luciana, passou a ter novos interesses e atitudes depois que entrou na puberdade. Para aliviar as tensões, seus pais decidem passar o verão separados. Luciana vai com a mãe para a praia, e Jorgelina segue com o pai para a fazenda da família. Lá ela reencontra Mario, filho de um casal de empregados da fazenda. Mas também o pré-adolescente parece estar passando por uma nova fase, e Jorgelina se pergunta o que, afinal de contas, está acontecendo com todo mundo.

O Festival deste ano está sendo marcado por uma boa quantidade de filmes com crianças talentosas. Grande parte da carga dramática de alguns filmes a que assisti esse ano são jogados no carisma de uma criança, como é o caso deste, que é apoiado na excelente presença da pequena Guadalupe Alonso. Jorgelina vai buscar nos livros de medicina do pai um método pragmático para tentar compreender essa esquisita experiência chamada adolescência que mudou tanto sua irmã mais velha. O que é menstruação? Quais as diferenças entre meninos e meninas? E, sobretudo, por que o mundo parece ter ficado louco de uma hora para outra?

Em contrapartida à curiosidade da menina, o filme desenvolve em paralelo a história de Mario. Essa vertente de cores mais dramáticas é justamente a parte mais mal-resolvida do filme. Alguns aspectos na atitude dos pais do garoto parecem contraditórios ou pouco explicados, mesmo considerando o nível de ignorância destes. Um exemplo é o modo como o filme destaca o artifício usado para encobrir o segredo do menino, ao mesmo tempo em que evidencia o total desconhecimento de todos em relação ao que ocorre, ou seja, quem se daria ao trabalho de esconder algo do qual não tem conhecimento?

Outro aspecto difuso é a situação dos pais de Jorgelina. Em nenhum momento fica claro se eles estão de fato separados ou apenas vivendo um momento difícil. Está certo que a informação não é de absoluta relevância para a trama, mas, por outro lado, é um dado que poderia ser facilmente esclarecido com uma linha de diálogo. Enfim, são pequenos detalhes como esses que dão uma impressão geral de imprecisão no roteiro escrito pela própria diretora, Julia Solomonoff. No geral, O Último Verão de la Boyita é um filme bonitinho, mas soa meio incompleto.

Nota: 6,0

(El Último Verano de la Boyita, de Julia Solomonoff. ARG / FRA / ESP, 2009. 93min. Première Latina)

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