sexta-feira, 9 de outubro de 2009

American Boy + American Prince


American Boy é um documentário feito em 1978 por Martin Scorsese sobre seu amigo Steven Prince. O filme nunca foi oficialmente lançado e, com o passar dos anos, foi tornando-se cult entre cinéfilos e cineastas. American Prince é um segundo documentário feito agora por Tommy Pallotta que reencontra Steven Prince trinta anos depois para criar um segundo capítulo para sua biografia. Prince trabalhou como ator (é ele o traficante de armas de Taxi Driver), assistente de direção de Scorsese e também na produção dos shows do cantor Neil Diamond, além de ter levado sempre uma vida muito louca, regada a sexo, festas e drogas.

Confesso que fui assistir a esse inusitado programa duplo de dois médias numa única sessão com pouquíssima expectativa. Na verdade, os filmes acabaram entrando na minha grade apenas porque uma de suas sessões encontrava-se convenientemente situada entre dois outros longas que eu pretendia assistir naquele último dia de festival. Afinal de contas, a quem interessa um documentário – ou melhor, dois – sobre um obscuro amigo de Martin Scorsese? Poderia realmente ser uma chatice, caso Steven Prince não fosse o incrível contador de histórias que é, com um talento nato para tornar divertido cada episódio de sua conturbada vida pessoal. Prince discorre desde sua infância até problemas que marcaram sua vida, como a obsessão por armas e o vício em heroína.

A idéia, aliás, surgiu na mente de Scorsese justamente por ouvi-lo contar tantos “causos” nos sets de filmagem. American Boy é simplérrimo em sua estrutura: Scorsese liga a câmera e deixa Prince se divertir e entreter os presentes. Ficamos sabendo pelo filme, por exemplo, que uma célebre cena de Pulp Fiction foi inspirada numa de suas muitas histórias.

Já em American Prince, reencontramos Steven Prince já como um senhor de seus sessenta e poucos anos. Com a voz mais pausada, mas com o poder de sedução e convencimento totalmente intacto, constatamos um teor um pouco diferente nesse segundo documentário. Se no filme anterior as origens e vida pessoal do biografado estavam mais em voga, neste temos um arsenal de histórias divertidas, curiosas e picantes sobre celebridades com quem ele conviveu. Ficamos sabendo, inclusive, que Martin Scorsese era um tremendo garanhão na época em que ele e Prince dividiram uma casa famosa não apenas por suas noitadas, mas também pelas belas atrizes que a freqüentavam.

Em tempo: para curtir essa viagem como se deve, é fundamental ver ambos os filmes e na ordem certa. American Prince preenche algumas lacunas deixadas por American Boy e ainda acrescenta novas variações sobre o que foi visto no filme de 1978. Da maneira que foi apresentado no Festival, torna-se um programa duplamente bom.

Nota: 8,0

(American Boy: A Profile of Steven Prince, de Martin Scorsese. EUA, 1978. 50 minutos. Midnight Movies)

(American Prince, de Tommy Pallotta. EUA, 2009. 50 minutos. Midnight Movies)

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