quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um Outro Homem


François muda-se com a namorada Christine para um vilarejo no interior da Suíça. Ele é professor de literatura, mas acaba conseguindo emprego como jornalista no pequeno semanário local. Uma de suas funções é escrever críticas sobre os filmes exibidos no único cinema da cidade. Como não entende nada do assunto, começa a plagiar os textos de uma revista francesa especializada. Mas François passa a se interessar pela sétima arte depois que começa a freqüentar sessões de imprensa na cidade grande e conhece uma famosa crítica.

Foi uma inesperada surpresa esse filme suíço, com sua visão ácida e debochada do universo dos críticos de cinema. A começar pelo fato do filme ser rodado em preto-e-branco, o que já de cara soa como uma alusão à noção de certos realizadores de que basta usar o P&B para automaticamente revestir um filme de uma aura de inteligência. Também é muito significativo que François, uma vez inserido no meio dos críticos, comece a ser comportar de forma pretensiosa e esnobe, mesmo sendo ele uma fraude completa. Mas, segundo a visão do filme, todos o são de uma forma ou de outra. Outra passagem que deixa isso bem claro é quando Rose Rouge explica para François seus parâmetros matemáticos para julgar os filmes de Claude Chabrol. Assustador.

O filme mostra de forma bastante irônica como uma pessoa moralmente fraca pode perder a noção de ética e dignidade e nem se dar conta disso. Primeiro, François acredita estar mentindo por necessidade; depois, para manter o que conquistou e impressionar a colega renomada. E cabe ressaltar que a moça não faz segredo nenhum de seu péssimo caráter desde o princípio. Finalmente, ele chega ao ponto de acreditar nas próprias invenções e na persona que criou para si. François, de fato, se tornou um outro homem. Mas não necessariamente alguém melhor.

Nota: 7,5

(Un Autre Homme, de Lionel Baier. Suíça, 2008. 89 minutos. Expectativa)

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