quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Corações em Conflito


Leo e Ellen vivem em Nova York com a filha de oito anos, Jackie. Ele é um nerd que fez fortuna criando jogos de computador, e ela é uma médica que vive a estressante rotina de trabalhar em um pronto-socorro. Leo viaja à Tailândia para fechar um grande negócio, ao mesmo tempo em que Ellen sente-se solitária e começa a perceber que Jackie é mais apegada à babá Gloria do que a ela. Já Gloria deixou os dois filhos com a mãe nas Filipinas para ganhar a vida nos Estados Unidos.

O sueco Lukas Moodysson foi causa involuntária de uma das grandes lendas urbanas de Festivais passados. Há exatos cinco anos, seu filme Um Vazio em Meu Coração foi exibido numa cabine de imprensa pré-festival. O longa, ruim de doer, foi com toda certeza a maior debandada já vista numa cabine. E muitos ficaram com medo do cineasta desde então. Mas como nem sempre a primeira impressão é a que fica, depois desse incidente estreou aqui no Brasil um filme anterior de Moodysson (Para Sempre Lyla) que veio para desfazer a má impressão.

Com Corações em Conflito, Moodysson alcança não apenas maturidade como diretor como, pela primeira vez, trabalha com dois astros renomados nos papéis principais, Gael García Bernal e Michelle Williams. Michelle em especial está muito bem e entrega uma atuação sensível e contida como a médica que vê sua família se afastar dela lentamente. O marido é uma criança grande que tem que estar sob constante vigilância e a filha pouco a pouco se afeiçoa à babá mais do que qualquer mãe gostaria, causando-lhe uma reação egoísta porém compreensível. Vale destacar ainda a ótima Sophie Nyweide como a filha do casal – conforme já disse em um texto anterior, este é o Festival das crianças fofas.

A porção do filme a respeito de Gloria e sua família nas Filipinas também é bastante bem conduzida, mostando de modo tocante o dilema das imigrantes que, visando um futuro melhor para os filhos, os privam do mais importante, que é a convivência materna. Nessa estrutura do filme de tramas paralelas (mas que se entrecruzam), o trecho mais problemático é o que acompanha o personagem de Gael García Bernal em sua viagem à Tailândia. Talvez devido à imaturidade e inconsistência do personagem, mas, de todo modo, são cenas que apresentam uma queda de interesse.

Noves fora, Corações em Conflito é um bom filme. E isso soterra de uma vez por todas qualquer receio futuro em assistir a um filme assinado por Lukas Moodysson.

Nota: 7,0

(Mammut, de Lukas Moodysson. SUE / HOL / ALE, 2009. 120 minutos. Panorama do Cinema Mundial)

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