
Depois do buchicho causado pelo longa no Festival do Rio, finalmente fui conferir Distrito 9 no circuitão. E foi muito gratificante constatar que não é muito barulho por nada, já que trata-se de um dos filmes de sci-fi mais originais e menos pretensiosos das últimas décadas. Uma verdadeira pérola para quem curte cinema inventivo, inteligente e bem estruturado. Depois de explorar a temática do contato entre humanos e alienígenas em dois curtas (Alive in Joburg, 2005, e Tempbot, 2006), o técnico em efeitos visuais sul-africano Neill Blomkamp debuta na direção de longas com esta trama também escrita por ele e produzida por ninguém menos que Peter Jackson.
Sob o formato de um documentário fake, Distrito 9 começa narrando como uma grande nave interplanetária quebrou sobre Joanesburgo vinte anos antes, acontecimento que acabou deixando sob a responsabilidade do governo da África do Sul uma indesejada população de alienígenas confusos, perdidos e malnutridos. As criaturas foram segregadas em um acampamento provisório, que logo se transformou numa imensa favela na qual os aliens, vítimas de forte preconceito da parte dos humanos, sobrevivem em meio à sujeira, pobreza e todo tipo de degradação social.
No ponto em que a trama realmente começa, a organização pseudo-humanitária MNU – Multi-National United – promove uma espécie de reassentamento dos alienígenas numa área afastada da cidade, numa clara tentativa de varrê-los para baixo do tapete. Um burocrata da MNU deve ir com uma força-tarefa entregar as ordens de despejo para formalizar a situação, e é durante essa missão que as coisas desandam e a favela explode num conflito gigantesco. Vale ressaltar a hipocrisia da tal entidade em notificar os aliens de seu despejo por escrito, mesmo não deixando alternativa a eles.

Em meio ao caos, o filme ainda encontra espaço para desenvolver a solidariedade entre dois personagens de mundos opostos e insere uma ponta de esperança em meio à desolação, à barbárie, ao primitivismo humano. E isso ganha especial estofo não apenas pela competência do roteiro e da direção, mas graças também à excelente interpretação do novato Sharlto Copley, que interpreta o executivo que se vê em meio a um conflito que julgava não ser seu. Este é o primeiro longa de Copley, que antes de Distrito 9 tinha feito apenas o curta de Blomkamp Alive in Joburg.

Para finalizar, meus caros, não se deixem enganar pela abordagem por vezes engraçadinha e com um quê de filme trash de Distrito 9: este é um filme que dá bastante o que pensar. É esperto, provocante e, em muitos trechos, assustador. Mas também é profundo em suas colocações. Um filmaço que diverte na hora e faz refletir depois.
Fiquei curioso pra assistir. Essa semana estava na dúvida entre esse e "Bastardos Inglórios", optei pelo segundo. Se tivesse visto essa resenha antes provavelmente teria mudado de opção.
ResponderExcluirEu gostei bastante também. É realmente um filme que traz uma interessante e duradoura reflexão.
ResponderExcluir