segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mais Sombrio do que a Meia-Noite


Eis mais um filme de conteúdo perturbador em um Festival que está acabando com os nervos dos cinéfilos. Embora possua suas pequenas falhas como produto cinematográfico – o que é totalmente compreensível para um primeiro filme – este Mais Sombrio do que a Meia-Noite se impõe e conquista pela força devastadora desta trama dolorida sobre a morte da inocência.

O filme, exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes deste ano, acompanha a jornada em busca de identidade de Davide, um garoto siciliano de 14 anos e aparência andrógina. Constantemente confundido com uma menina e reprimido pelo pai, um dia ele decide não voltar mais para casa e se refugia junto a um grupo de meninos que se reúne em busca de clientes e diversão em um parque público de Catania. Davide sente-se compreendido e aceito pela primeira vez, mas logo descobrirá que viver a plena liberdade nas ruas tem o seu preço.  

A beleza exótica e a expressão marcante do menino Davide Capone certamente contribuem bastante para o impacto deste filme, que retrata de modo cruel temas como ruptura familiar, incompreensão, exploração de menores e tantos outros. A abordagem do filme é impactante, porém nunca sensacionalista, contrapondo momentos extremamente pungentes de uma vida marginalizada com outros pontuados pelo afeto e amizade entre os meninos. O filme conta, ainda, com uma participação afetiva da estrela Micaela Ramazzotti como a mãe com doença degenerativa. Belíssima a cena do reencontro de mãe e filho nas ruas.

Mais Sombrio do que a Meia-Noite (Più Buio di Mezzanotte), de Sebastiano Riso. Com Davide Capone, Vincenzo Amato, Lucia Sardo Laurier, Pippo Delbono, Micaela Ramazzotti. Ita, 2014. 94’. Expectativa 2014.


Um comentário:

  1. Perdi. Infelizmente fica impossível ver tudo o que deseja sem tirar férias. Vou tentar ver quando "vazar".

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