sexta-feira, 29 de junho de 2012

Frankenweenie - trailer



Depois de todo o colorido de Sombras da Noite, vem aí o filme que promete ser o retorno triunfal de Tim Burton ao traço gótico que o consagrou: Frankenweenie. O filme é a versão longa-metragem (e em animação) de um dos primeiros curtas do cineasta e o trailer é tão bacana, mas tão bacana mesmo, que nem vou perder tempo dizendo mais alguma coisa. Vejam com seus próprios olhos!


terça-feira, 26 de junho de 2012

Para Roma Com Amor


Woody Allen realiza seus filmes com uma velocidade impressionante, ainda mais se considerarmos sua idade avançada, finalizando praticamente um longa por ano. Portanto, é mais do que natural que nem todos os seus trabalhos estejam no mesmo nível de excelência de um Match Point ou Meia-Noite em Paris, só para ficarmos com alguns exemplos recentes. Para o roteiro deste Para Roma Com Amor, o cineasta declarou ter tomado inspiração no clássico Decameron, os contos cheios de malícia e picardia escritos na idade média por Giovanni Boccaccio. Também não faltam referências ao cinema de Fellini e do próprio Allen, mas, apesar do charme incontestável de ter a capital italiana como cenário, o conjunto final fica aquém do que normalmente se espera de um filme de Woody Allen.

A trama se subdivide em quatro núcleos, sem interação entre si. No mais bem trabalhado deles, uma mocinha americana realiza o sonho de todas as comédias românticas: ao visitar Roma, se encanta por um belo italiano que a pede em casamento. A graça começa quando os pais da moça vem a Roma conhecer a família do futuro genro e o choque cultural e ideológico se instala logo de cara. Residem nesse núcleo as melhores oportunidade para que Woody faça o que sabe fazer melhor: piadas intelectuais e muita ironia política, através do casal americano neurótico, mal-humorado e levemente esnobe interpretado por ele mesmo e pela sempre ótima Judy Davis, em contraponto com a família italiana tradicional e de ideais mais puros.


O outro sustentáculo cômico do filme está na história nonsense de um italiano de classe média que, da noite para o dia, vira uma celebridade sem que ele saiba o porquê e – pior – sem que qualquer outra pessoa consiga explicar o motivo dele ser famoso. De repente, suas mais banais declarações causam frisson nos meios de comunicação e os jornais se interessam em saber cada pequena particularidade sua. Prato cheio para que o comediante Roberto Benigni, que é especialmente engraçado quando encarna essa figura do italiano superficial e ingênuo, divirta o espectador com seu misto de espanto e orgulho de ser a nova celebridade fabricada pela mídia.


Mas se essas histórias conseguem divertir e até mesmo surpreender o espectador, o mesmo não se pode dizer das outras duas, que se apoiam em situações demasiadamente batidas na atualidade, como é o caso da trama envolvendo o casal interiorano que quer impressionar os parentes ricos do rapaz. Difícil conseguir achar graça numa história calcada tão-somente numa troca de identidade que, se desfeita logo no início, causaria muito menos constrangimento do que levada adiante. O tipo da situação que já é tão escandalosamente fadada ao desastre que não convence. Uma pena ver Penelope Cruz desperdiçada dessa maneira, ainda que a atriz tenha que ser para sempre grata a Woody Allen pelo seu Oscar de melhor atriz coadjuvante (pela furiosa Maria Elena de Vicky Cristina Barcelona, 2008).


Já o segmento que propõe o reencontro do arquiteto famoso com seu passado de jovem estudante em Roma poderia render bem mais não fosse o castingequivocado. Jesse Eisenberg pode até ter conseguido uma indicação ao Oscar por sua interpretação em A Rede Social, mas definitivamente não convence fora do papel de nerd e parece ainda estar personificando Mark Zuckerberg. E o que dizer de Ellen Page como uma femme fatale? Ellen, normalmente boa atriz, parece perdida no papel de um poço de sensualidade e inconsequência. Em meio a isso, Alec Baldwin não tem muito a fazer e transita por um personagem ingrato por excelência.

Para Roma Com Amor é um filme leve, bonito, auxiliado pela aura de sedução e encanto da cidade eterna e que tem seus momentos mais criativos nos já citados episódios de Allen e Benigni. Outro elemento que deve fazer suspirar as moçoilas é a participação dos belos atores italianos Flavio Parenti e Riccardo Scarmaccio – este último, em participação-relâmpago, só para sensualizar na tela. No mais, é sempre bom ressaltar: mesmo um filme de Woody Allen mais fraco ainda é um filme de Woody Allen e isso, por si só, já vale o ingresso. Sexta-feira nos cinemas.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sombras da Noite


Tim Burton é um cineasta criativo, original e capaz como poucos de deixar uma assinatura pessoal em um filme. Johnny Depp é seu ator preferencial e não é exagero nenhum dizer que os dois, juntos, criaram os melhores momentos da carreira de cada um, sendo o genial Ed Wood o ponto alto dessa parceria de sucesso. Sombras da Noite, que chega sexta-feira aos cinemas, marca a oitava colaboração da dupla.

O longa é uma adaptação da série Dark Shadows, exibida pela TV americana entre 1966 e 1971. Através de um prólogo demasiadamente demorado, conhecemos a história da família Collins, que migra para o novo mundo no século XVIII e faz fortuna no ramo da pesca, fundando uma pequena cidade que leva o nome da dinastia: Collinsport. Barnabas Collins, filho único e herdeiro do império, atrai para si a desgraça ao desprezar o amor de uma bruxa, que o amaldiçoa a ser um vampiro e depois o enterra vivo. 200 anos depois, Barnabas se liberta de seu tormento e descobre que sua família vive dias de decadência e infelicidade, mas está determinado a devolver aos Collins sua antiga glória.


Pelo trailer, o espectador tem a impressão de que Sombras da Noite é muito mais irreverente do que ele é na verdade. Digamos que o filme, em termos de tom, está mais próximo de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça do que de Os Fantasmas se Divertem. Nenhum problema quanto a isso e sim com o fato do filme flertar com diversas abordagens sem se decidir por nenhuma. Embora apresente uma penca de situações impagáveis – a maioria delas envolvendo as perplexidades de Barnabas diante das novidades do século XX –, Burton acaba perdendo o fio da meada e entregando um filme simpático e esteticamente deslumbrante, porém meio vazio de ideias. O problema se agrava na meia hora final, quando o roteiro se vale de algumas soluções preguiçosas para o desenlace da trama, deixando ainda mais evidente a sua fragilidade.

Mas nada disso impede que Sombras da Noite seja, no conjunto, um filme agradável de ser assistido. O longa sabe ser bastante sedutor, com sua direção de arte que beira a perfeição e sua galeria de personagens bizarros e adoráveis, além do bom resultado obtido com o casamento entre a habitual trilha de Danny Elfman e vários hits dos anos 70. Outro ponto alto é o excelente elenco, que dá banho de carisma e não deixa o interesse do espectador cair. Dos habitualmente competentes Johnny Depp e Helena Bonham Carter à surpreendente atuação cheia de graça e malícia de Eva Green, passando pelo talento emergente de Chloë Grace Moretz, é um prazer ver cada um dos atores em cena. Destaque para a participação de Alice Cooper e a incapacidade de Barnabas em ver que não se trata de uma mulher.


De qualquer modo, desde o subestimado Sweeney Todd Burton continua devendo aos fãs um filme que tenha de fato a sua marca. Alice no País das Maravilhas não tinha muito o seu toque pessoal, assim como Sombras da Noite tampouco tem. Aguardemos Frankenweenie, versão longa-metragem para seu curta homônimo de 1984 com previsão de estreia para novembro deste ano, esperando que esse remakede si mesmo faça emergir o Tim Burton genial de antigamente.

sábado, 16 de junho de 2012

O Cara


Numa época em que se busca cada vez mais um teatro espetaculoso, com tantas recriações de musicais vindos da Broadway e peças que se apoiam em recursos como projeções, slides, enfim, sensações diversas emprestadas das artes visuais – em especial o cinema – e que tentam conquistar o espectador com encenações de encher os olhos e amortecer os sentidos, parece cada vez mais ousado colocar em cena um espetáculo que reduza seus atrativos ao binômio fundamental proposto por Jerzy Grotowski em sua definição de “teatro pobre”: ator e plateia.

Muitos entendem erroneamente tal conceito, deduzindo que ele traduz-se necessariamente em um trabalho carente de recursos financeiros. É bem verdade que essa linha de pesquisa teatral pode até ter como consequência promover uma maior democratização por dispensar os grandes aparatos, mas reduzir proposta artística tão rica ao patamar puramente financeiro é, no mínimo, limitado. O que se vê em um trabalho como O Cara é simplesmente a centralização da experiência teatral na figura do ator. Afinal de contas, é justamente o binômio ator-espectador a única condição essencial para que se faça teatro. Paulo Mathias Jr., a exemplo do que já havia feito Julio Adrião em A Descoberta das Américas, consegue, apenas com seu ótimo preparo corporal e vocal, ser narrador e personagem de si mesmo nesta história sobre poder, ambição e consumismo.

Ao entrar no espaço cênico do Centro Cultural Justiça Federal (que está deixando um pouco a desejar em suas instalações), o público é recebido pelo simpático ator, que toca num radinho jingles de sucesso e conversa com os espectadores enquanto estes se acomodam em seus lugares, principiando aí uma ótima estratégia para ganhar a cumplicidade da plateia. O que nem seria necessário, já que a interpretação do ator como Getúlio Batista, jovem e ambicioso publicitário de sucesso que quer da vida mais, sempre mais, é realmente bastante dinâmica e envolvente. Até mesmo nos poucos momentos em que o bom texto de Miguel Thiré se alonga um pouco além do necessário, Paulo não deixa o ritmo do espetáculo cair, mantendo a plateia ligada o tempo todo em cada gesto e inflexão, além de ser sempre muito claro e preciso ao delinear objetos, cenários e outros personagens. Ele é, de fato, o cara.

Vale a pena conferir o espetáculo, que fica até o dia 15 de julho no Centro Cultural Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241), de sexta a domingo, às 19h.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Django Livre - Trailer


Confiram o trailer legendado de Django Livre, aguardada incursão de Quentin Tarantino ao westernclássico. O filme estrelado por Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson estreia nos Estados Unidos no dia 25 de dezembro, mas só chega aqui no Brasil em 18 de janeiro de 2013.



sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cinque Terre


O lugar conhecido pela denominação única de Cinque Terre é, na verdade, um conjunto de cinco pequenos povoados incrustados nas montanhas da Ligúria. Cinque Terre foi posto na lista de patrimônios universais da Unesco em 1997, graças à interação harmoniosa entre seus habitantes e a natureza. Eu estive lá em maio do ano passado. Em outubro, a região foi castigada por uma violentíssima tempestade. As chuvas, que provocaram deslizamentos de terra e mortes, atingiram principalmente os povoados de Vernazza e Monterosso al Mare. A notícia que se tem atualmente é que Monterosso (a maior das cinco) já está praticamente recuperada, enquanto em Vernazza ainda se vê os sinais da destruição. Falemos então sobre Cinque Terre, deixando claro que minhas impressões podem não corresponder mais à realidade dos dias de hoje.

O mar verdíssimo de Riomaggiore

Partindo de Firenze, chega-se de trem a uma cidade chamada La Spezia, de onde se pode prosseguir para os vilarejos de Cinque Terre de duas maneiras: no trem que faz a ligação entre os cinco povoados ou de barco. Não tem outra maneira de fazer o percurso, nada de carro ou ônibus. Existe, ainda, uma trilha que serpenteia pelas montanhas, mas apenas os dois primeiros povoados – Riomaggiore e Manarola – são realmente próximos (cerca de quinze minutos de caminhada). O restante do caminho seria indicado somente para quem está acostumado a fazer trilha, por se tratar de longas distâncias por caminhos íngremes. Além do mais, muitas dessas trilhas foram prejudicadas pelo já citado temporal do ano passado.

Ao visitar Cinque Terre, o turista tem a sensação de voltar no tempo. São vilarejos bem rústicos, pequenos, imprensados entre o mar e a montanha, com aquela coisa meio pitoresca de casinhas coloridas e roupas estendidas pelas varandas, enfim, parecem cidadezinhas cenográficas. E o mar é verde, mas de um verde tão dramático e intenso que parece artificial.

Via Dell Amore

De Riomaggiore, se segue a Manarola pela chamada Via dell’Amore, caminho para pedestres que circunda as montanhas e é todo pontuado por manifestações românticas, que vão desde os famosos cadeados que viraram febre na Itália (clique aqui para ler artigo sobre Verona e saber mais detalhes) até pichações nas pedras. A mais pitoresca dizia, logo na entrada do caminho, “cuidado, cupido altamente hiperativo a partir desse ponto”.


O clima de cidade cenográfica continua em Manarola

De Manarola a La Corniglia é melhor seguir de trem, assim chegando à única das cinco localidades que tem um astral meio diferente das demais. La Corniglia já não impressiona bem em sua chegada, já que para se alcançar o vilarejo em si é preciso fazer um breve e arrepiante trajeto a bordo de um veículo pilotado por um louco, que saiu costurando com o pequeno ônibus a toda velocidade por caminhos estreitos e perigosos. Uma vez salva, achei a cidade em si estranhíssima. Principalmente depois que vi uma lojinha onde vendiam cervejas com a cara de Hitler e Mussolini estampadas no rótulo. Confesso que a tal führerbier me deixou assustada.

As estranhíssimas cervejas nazi-fascistas em La Corniglia

Também Vernazza é minúscula, mas com outro clima. Pouco mais que uma vila de pescadores com meia dúzia de ruas, Vernazza destaca-se pelo belíssimo porto – que também parece cenográfico – e uma bela torre-mirante de pedra, na qual o turista pode subir para apreciar tudo do alto, completando o cenário. Dá para ver a cidade inteira em 15 minutos. Uma boa pedida é fazer o trajeto final entre Vernazza e Monterosso de barco.

De volta ao clima bucólico: o magnífico porto de Vernazza

A torre de pedra proporciona uma vista linda do mar e da cidade

Monterosso al Mare é o maior e mais desenvolvido dos cinco vilarejos. Um balneário muito simpático, com aquela simplicidade de cidadezinha rústica misturada a uma altíssima qualidade de vida que faz muita gente de cidade grande sonhar com a vida simples no interior. Embora a esmagadora quantidade de vinhos produzidos na Itália seja tinto, a região de Cinque Terre é famosa justamente por seu ótimo vinho branco. Em Monterosso, a grande pedida é saborear um peixe grelhado fresquíssimo acompanhado do vinho local. E olha que eu não sou exatamente uma admiradora de nenhuma das duas coisas, mas tanto o peixe como o vinho de lá fazem qualquer um rever seus conceitos.

A costa de Monterosso al Mare, maior das cinco localidades e balneário estiloso

Pernoitei em Monterosso, numa casa alugada por uma senhora que conheci pelas ruazinhas da cidade enquanto buscava um hotel. Ela me levou até o apartamento, entregou as chaves e disse que voltaria para buscá-las no dia seguinte, no horário combinado. O detalhe é que ela sequer cobrou a diária antes – é esse tipo de confiança na palavra dada que surpreende e encanta. As dicas do que fazer em Cinque Terre se resumem a um só sentimento, o de relaxar e apreciar a tranquilidade do local e a extrema comunicabilidade e simpatia de seus habitantes.  


terça-feira, 5 de junho de 2012

Kaboom


Depois de quase dois anos de defasagem, chega aos cinemas brasileiros o divertido Kaboom. A trama começa como uma comédia adolescente típica, girando em torno da rotina de alguns jovens em um campus universitário. Entre as confidências com a melhor amiga Stella e o interesse obsessivo pelo colega de quarto Thor, surfista bonito e burro, Smith vai levando a vida. Até uma noite em que, depois de ficar doidão com biscoitos alucinógenos em uma festa, ele acha ter testemunhado uma misteriosa garota ruiva ser assassinada por caras usando máscaras de animais. Mas teria tudo sido real ou efeito das drogas?

O mais interessante em Kaboom é o modo como a trama vai ficando progressivamente mais pirada. Personagens tresloucados, feiticeiras vingativas, seitas secretas, conspirações de todo tipo, um vilão querendo dominar o mundo, enfim, quando você acha que a história chegou ao máximo do absurdo, ela vai além. A sucessão de acontecimentos bizarros não deixa tempo para o espectador pensar, até culminar no desfecho apoteótico – aliás, o título do filme só se explica mesmo na última cena. Mas atenção: para curtir Kaboom, é preciso realmente estar disposto a embarcar no espírito dessa história alucinante e alucinógena do diretor e roteirista Gregg Araki e se divertir sem maiores compromissos.