quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Filme de Almodóvar abrirá Festival do Rio

Almodóvar e Banderas em Cannes, por que não aqui?

Agora está confirmado. O filme que abrirá o Festival do Rio 2011 na próxima quinta-feira, dia 6, será mesmo o novo longa de Pedro Almodóvar, A Pele Que Habito. Estarão presentes à cerimônia de abertura, seguida pela exibição do filme, a grande dama do cinema espanhol Marisa Paredes e também sua colega de cena Elena Anaya. O filme, que vem sendo considerado como a primeira incursão do cineasta pelos gêneros terror e ficção científica, estreará nas telonas pouco após o término do Festival, no dia 6 de novembro. Sobre a estrelada noite de abertura no Odeon, o público carioca só tem a lamentar a ausência de Almodóvar e de seu principal protagonista, Antonio Banderas. Imaginem quanta efervescência o belo Banderas causaria em plena Cinelândia?

Dica nº1

O diretor Emanuele Crialese em Veneza, com seu Leão

Deixo aqui a primeira dica de filme que não se deve perder neste Festival: Terraferma, vencedor do prêmio do júri em Veneza, foi confirmado como candidato da Itália ao Oscar 2012. É bom lembrar, ainda, que o filme causou polêmica em casa, onde foi acusado de enaltecer a imigração ilegal. 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quem pode, pode


Sir Ian McKellen, além de ser um dos maiores atores de todos os tempos, ainda é um tremendo gaiato, conforme podemos conferir na foto abaixo, onde o astro posa com uma camiseta com os dizeres "Eu sou Gandalf e Magneto. Engole essa!"


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Freud e Jung no Rio?


Embora o título não estivesse na primeira lista oficial, acabo de ver na página do Festival do Rio no Facebook que o filme Um Método Perigoso, de David Cronenberg, vai dar as caras por aqui. O longa, recém-exibido no Festival de Veneza, discorre sobre o competitivo relacionamento entre os célebres psicanalistas Sigmund Freud e Carl Gustav Jung e sobre o polêmico romance deste último com uma paciente. Viggo Mortensen e Michael Fassbender são, respectivamente, Freud e Jung. Ficaram a fim de ver? Eu também, e muito! Torçamos para que a notícia se concretize.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Allen x Almodóvar


Apenas um pouquinho de curiosidade inútil para os caros leitores. Vocês já notaram que os filmes de Woody Allen e Pedro Almodóvar nunca estão na mesma edição do Festival do Rio? Reparem só. Este ano temos o novo Almodóvar, A Pele Que Habito; no ano passado, tivemos Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos; e assim por diante, se fizermos uma retrospectiva. Se o hábito for mantido, em 2012 será a vez do novo Woody Allen. E não com The Bop Decameron – que já se encontra em fase de pré-produção e deve chegar antes disso – mas provavelmente com seu próximo longa. Afinal de contas, depois do último festival já estreou por aqui mais um Allen, Meia-Noite em Paris. O que equivale a dizer que o cineasta nova-iorquino anda filmando duas vezes mais que o espanhol.

Festival do Rio - Filmes Confirmados

The Ides of March, de George Clooney

Segue lista parcial com alguns outros títulos que estarão presentes no próximo Festival do Rio (esta oficial, divulgada pelos organizadores do evento):

Panorama do Cinema Mundial
 
- A Separação, de Asghar Farhadi
 - Les Femmes du 6ème Étage, de Philippe Le Guay
 - Sacrifice, de Chen Kaige
 - Amador, de Fernando Léon de Aranoa
 - The Devil’s Double, de Lee Tamahori
 - También la Lluvia, de Icíar Bollaín
 - Mama Africa, de Mika Kaurismäki
 - A Árvore do Amor, de Zhang Yimou
 - Inquietos, de Gus Van Sant
 - Flor da Neve e o Leque Secreto, de Wayne Wang
 - Pior dos Pecados, de Rowan Joffe
 - The Long Falling, de Martin Provost
 - The Mill And The Cross, de Lech Majewski
 - Michael, de Markus Schleinzer
 - Chatrak, de Vimukthi Jayasundara
 - Tabloid, de Errol Morris
 - Ganhar ou Ganhar, de Tom McCarthy
 - Le Havre, de Aki Kaurismäki
 - We Need to Talk About Kevin, de Lynne Ramsay
 - Drive, de Nicolas Winding Refn
 - Sleeping Beauty, de Julia Leigh
 - La Fee, de Dominique Abel, Fiona Gordon, Bruno Romy
 - Dark Horse, de Todd Solondz
 - Hanna, de Joe Wright
 - Et Maintenant On Va Ou?, de Nadine Labaki
 - 3, de Tom Tykwer
 - The Ides of March, de George Clooney
 - Bernie, de Richard Linklate
 - SuperClásico, de Ole Christian Madsen
 - Entre Segredos e Mentiras, de Andrew Jarecki
 - Do Not Forget Me Istanbul, de Hany Abu-Assad, Stefan Arsenijevi, Aida Begi, Eric Nazarian, Stergios Niziris, Omar Shargawi, Josefina Markarian
 - Rock Brasília, Era de Ouro, de Vladimir Carvalho 
 - Sangue do meu Sangue, de João Canijo
 - A Chave de Sarah, de Gilles Paquet-Brenner
 - Contagion, de Steven Soderbergh
 - A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar 
 - Martha Marcy May Marlene, de Sean Durkin
 - Wuthering Heights, de Andrea Arnold
 

A Pele Que Habito, de Pedro Almodóvar

Expectativa 2011
- The Bengali Detective, de Phil Cox
- Cairo 6, 7, 8, de Mohamed Diab
- A Woman, de Giada Colagrande
- Tyrannosaur, de Paddy Considine
- Free Hands, de Brigitte Sy
- Happy Happy, de Anne Sewitsky
- Declaration of War, de Valérie Donzelli 
- Snowtown, de Justin Kurzel
- Skoonheid, de Oliver Hermanus
- Polisse, de Maïwenn Le Besco
- Toomelah, de Ivan Sen
- A Outra Terra, de Mike Cahill
- Iris in Bloom En Ville, de Valérie Mréjen, Bertrand Schefer
- Terri, de Azazel Jacobs
- Like Water, de Pablo Croce
- Viagem a Portugal, de Sérgio Tréfaut
- On The Ice, de Andrew Okpeaha MacLean
- Tambores, de Sérgio Raposo
- Funkytown, de Daniel Roby
- Nana, de Valérie Massadian
- The Invader, de Nicolas Provost
- Crulic - Drumul Spre Dincolo, de Anca Damian
- A Funny Man, de Martin P. Zandvliet
- Best Intentionsi, de Adrian Sitaru
- Por Aqui Tudo Bem, de Pocas Pascoal
- Mr. Tree / Hello ! Shu Xian Shengm, de Han Jie
- Todas las Canciones Hablan de Mí, de Jonás Trueba
- Girl Model, de David Redmon, Ashley Sabin
- A Criança de Meia-Noite, de Delphine Gleize
 
Première Latina
- The Two Escobars, de Jeff Zimbalist, Michael Zimbalist
- Asalto al Cine, de Iria Gómez Concheiro
- El Premio, de Paula Markovitch
- Las Malas Intenciones, de Rosario Garcia-Montero
- El Chico Que Miente, de Marité Ugás
- Maytland, de Marcelo Charras
- Gatos Viejos, de Sebastian Silva, Pedro Peirano
- Juntos para Siempre, de Pablo Solarz
- Miss Bala, de Gerardo Naranjo
- Bonsai, de Cristián Jiménez
- A Tiro de Piedra, de Sebastián Hiriart
- El Estudiante, de Santiago Mitre
- Artigas - La Redota, de César Charlone
- Los Viejos, de Martín Boulocq
- Post Mortem, de Pablo Larrain
- Vaquero, de Juan Minujin
- Ulises, de Oscar Godoy
- Dormir al Sol, de Alejandro Chomski
 

Post Mortem, de Pablo Larrain


Mundo Gay
- Ausente, de Marco Berger
- 80 Egunean, de Jon Garanõ e Jose Mari Goenaga
- Homme au Bain, de Christophe Honoré
- Becoming Chaz, de Randy Barbato, Fenton Bailey
- Madame X, de Lucky Kuswandi

Midnight Movies
- Finisterrae, de Sergio Caballero
- Guilty of Romance, de Sion Sono
- Underwater Love, de Shinji Imaoka
- George Harrison: Living in the Material World, de Martin Scorsese
- Talihina Sky: The Story of Kings of Leon, de Stephen C. Mitchell
- Search and Destroy: Iggy & The Stooges' Raw Power, de Morgan Neville
- Red State, de Kevin Smith
- The Woman, de Lucky McKee
- L.A. Zombie, de Bruce LaBruce
- Battle Royale 3D, de Kinji Fukasaku
- Paranormal Activity 3, de Henry Joost, Ariel Schulman
- Rabies, de Aharon Keshales, Navot Papushado
- Juan de los Muertos, de Alejandro Brugués

Foco Itália
- Gianni e le Donne, de Gianni Di Gregorio
- This Must Be the Place, de Paolo Sorrentino
- Terraferma, de Emanuele Crialese
- Corpo Celeste, de Alice Rohrwacher
- Silvio Forever, de Roberto Faenza, Filippo Macelloni
- Il Console Italiano, de Antonio Falduto
- Il Gioiellino, de Andrea Molaioli
- Italy: Love it, or Leave it, de Gustav Hofer, Luca Ragazzi
- Amore Carne, de Pippo Delbono
- Sette Opere di Misericordia, de Gianluca de Serio, Massimiliano de Serio
- Le Quattro Volte, de Michelangelo Frammartino

Sean Penn como o roqueiro decadente de This Must Be the Place, de Paolo Sorrentino

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Algumas Atrações do Festival

Terraferma, de Emanuele Crialese

Já começam a pipocar pela rede alguns nomes que estariam confirmados para o Festival do Rio 2011, embora as primeiras listas oficiais ainda não tenham sido divulgadas. Dentre os mais aguardados, estão os novos filmes de Pedro Almodóvar (A Pele que Habito) e Gus Van Sant (Inquietos). Também são esperados alguns filmes premiados em festivais. De Cannes, chegam This Must Be the Place, de Paolo Sorrentino, Drive, de Nicolas Winding Refn, e Le Havre, de Aki Kaurismaki. Diretamente de Veneza vem o elogiado e polêmico Terraferma, de Emanuele Crialese (que botou lenha nas discussões sobre a imigração ilegal), Dark Horse, de Todd Solondz e, ainda, o grande vencedor Faust, de Aleksander Sokurov . A Itália, aliás, é o país homenageado desta edição do Festival, que ainda contará com uma retrospectiva do cineasta Dario Argento. Também estão a caminho novos trabalhos de gente como Martin Scorsese, Jonathan Demme, Chen Kaige e Kevin Smith. Vejam abaixo alguns títulos “quase” confirmados:

A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar
Inquietos, de Gus Van Sant
George Harrison: Living in the Material World, de Martin Scorsese
Post-Mortem, de Pablo Larrain
A Separação, de Asghar Farhadi
This Must Be the Place, de Paolo Sorrentino
Terraferma, de Emanuele Crialese
Dark Horse, de Todd Solondz
I'm Carolyn Parker: The Good, the Mad and the Beautiful, de Jonathan Demme
Sacrifice, de Chen Kaige
Red State, de Kevin Smith
L.A. Zombie, de Bruce LaBruce

Missão Madrinha de Casamento


Certas coisas não se explicam com argumentos lógicos. É o caso deste Missão Madrinha de Casamento – título comprido e bem esquisito para o original Bridesmaids –, comédia que periga ser o maior sucesso comercial do disputado mercado americano neste ano. O filme mistura o velho argumento de comédias românticas sobre as agruras de ser uma maid of honor (já falaremos sobre o encargo) com o estilo popular-escatológico consagrado por comédias de apelo mais, digamos, masculino – como Se Beber, Não Case.

A entidade conhecida nos casamentos americanos maid of honor não é simplesmente uma madrinha, tal qual conhecemos por aqui. Estaria mais para mãe da noiva, visto que cabe a ela organizar todos os preparativos para o casamento da amiga, incluindo aí o chá, a despedida de solteira e todos os inúmeros detalhes sobre a cerimônia e a festa. Fica até difícil para nós, brasileiros, entender porque as amigas disputam a tapa honraria tão estressante, mas o fato é que, mesmo parecendo um tremendo presente de grego, destinar esse papel a alguém é sempre considerado uma enorme prova de amizade entre duas garotas.


Neste filme também roteirizado por ela, a comediante Kristin Wiig interpreta Annie, uma mulher mergulhada em crise profissional, pessoal e afetiva que se atrapalha toda com os preparativos para o casamento de sua amiga de toda a vida Liliam. Annie perdeu sua loja de doces e o namorado e agora trabalha como balconista em uma joalheria, além de ter que dividir o apartamento com duas figuraças e estar enrolada com um sujeito pedante que gosta de lembrá-la a cada encontro que eles são apenas parceiros de cama. Para piorar, Liliam tem uma nova amiga que entra em franca competição com Annie, dando palpites sem parar e ostentando sua condição financeira superior.

Produzido pelo mago das comédias escrachadas, Judd Appatow, o filme escolhe o caminho da escatologia e do riso fácil. Nada contra, se essa opção não viesse a reboque de um roteiro capenga e cheio de pontas soltas e situações jogadas a esmo. Algumas cenas divertem, é claro. O problema é que o filme, como um todo, soa como uma sucessão de esquetes. Alguns são engraçados; outros, nem tanto. Mesmo considerando o carisma de Wiig, algumas reações de sua personagem são inexplicáveis e se justificam somente em função do roteiro querer fazer graça. Também a personagem da noiva (interpretada pela pouco simpática Maya Rudolph) tem atitudes que carecem de sentido ou são, no mínimo, mal-conduzidas pelo roteiro.

Não que o longa seja desagradável de se assistir. Entre uma sequência engraçada e outra, o espectador se distrai o suficiente para não precisar olhar o relógio. Também é interessante o fato de ver personagens femininas em situações normalmente interpretadas por homens. Mas o sucesso estrondoso que o filme vem fazendo em sua terra natal – e que deve se repetir aqui – simplesmente não dá para entender. Amanhã nos cinemas.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Confiar


Annie tem 14 anos. É boa aluna, pratica esportes, vive em um ambiente saudável e tem pais conscientes que a amam e cuidam de sua educação. Como toda adolescente, Annie vive conectada na internet e frequenta chats e redes sociais. Seu amigo virtual preferencial é Charlie, um garoto da mesma faixa etária que vive em outra cidade. Sendo também ele um atleta, Charlie a entende, encoraja e tem sempre um conselho útil para dar. Em suma, é tudo que se espera de um verdadeiro amigo. Só que Charlie não está em outra cidade. E não é um adolescente e sim um adulto que manipula a situação ao longo de vários meses antes de se revelar para Annie.

O tema é batido. Os perigos da internet e a facilidade com que os lobos maus de plantão podem se instalar dentro de um lar, por mais cuidadosos que sejam os pais. Confiar tinha tudo para se converter em um filme didático, pesado, redundante. E, embora possa de fato ser considerado didático sob vários aspectos, a trama dirigida por David Schwimmer – o eterno Ross de Friends – ganha fôlego e relevância graças a dois fatores: o primeiro é o talento inquestionável de seu elenco, que tem à frente Clive Owen e Katherine Keener, afiadíssimos como os desorientados pais da menina, além da presença sempre marcante de Viola Davis como uma assistente social. Também foi um achado e tanto a escalação de Liana Liberato como Annie: a jovem atriz, aos dezesseis anos, encara com bravura um papel dificílimo.

O segundo fator positivo – e para isso também conta ponto o talento de Liana – é o modo como o roteiro evita reduzir Annie a um cordeirinho desavisado. É claro que uma situação onde um adulto manipula uma menina que teria idade para ser sua filha sempre se configurará como abuso sexual e, portanto, como um crime hediondo, mas o fato da vítima não se considerar como tal, e ainda defender o criminoso, abre todo um novo leque de discussão e torna muito mais difícil para que os pais lidem com o problema, deixando claro que as perversões sexuais estão muito mais enraizadas na sociedade moderna do que a maioria das pessoas gostaria de admitir. E os americanos, tão zelosos com seus cadastros de pervertidos, parecem ainda não ter entendido a dura verdade: os criminosos mais perigosos são justamente os que não estão catalogados.


Confiar fala sobre um tema que já foi discutido à exaustão, mas consegue fazê-lo de modo interessante e contundente. As últimas cenas do longa deixam uma sensação bastante incômoda e provam que o debate está longe de se esgotar. Sexta nos cinemas.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Elvis & Madona


A motociclista Elvis é fotógrafa e sonha trabalhar fixo para um jornal, mas também precisa entregar pizzas para se sustentar. A travesti Madona é cabeleireira em um salão em Copacabana e junta dinheiro há anos para realizar seu sonho de produzir e estrelar um show. O acaso faz com que essas duas pessoas tão diferentes fiquem amigas, e da amizade brota uma nada convencional história de amor.

Não se enganem: apesar de tudo de provocador que um argumento assim possa parecer, Elvis & Madona é, em primeiro lugar, um filme fofinho. Uma comédia romântica, leve e divertida sobre a questão dos rótulos e da identidade sexual. Certamente não é por acaso que podemos ver em uma cena no quarto de Madona um pôster de Quanto Mais Quente Melhor ao fundo. Ou como diz Elvis – que é Elvira na certidão de nascimento – ela, que é lésbica, está a fim de uma mulher que não é uma mulher, mas é uma mulher.

Em seu longa de estreia, o diretor Marcelo Laffite realiza um filme doce, divertido e com bom ritmo. O roteiro é redondinho e apenas exagera um pouco em algumas situações e personagens, como as cenas envolvendo os amigos de Madona do salão e a do almoço com a família de Elvis, mas nada que chegue a comprometer o prazer de assistir a essa história que só poderia mesmo ter Copacabana como cenário. O filme também cativa o espectador graças à boa química de seus protagonistas. O pouco conhecido Igor Cotrim é uma boa surpresa e confere bastante verdade a um personagem difícil, enquanto Simone Spoladore tem um dos melhores desempenhos de sua carreira com sua Elvis cheia de nuances, alternando masculinidade e fragilidade.

O filme participou de diversos festivais ao longo do ano passado. No do Rio, teve seu roteiro premiado; no de Natal venceu seis prêmios, incluindo melhor filme, direção e ator para Igor Cotrim. 

Capitão Nascimento no Oscar?


And the winner is... Tropa de Elite 2. O filme de José Padilha foi anunciado hoje como o candidato brasileiro ao Oscar 2012 na categoria melhor filme em língua estrangeira. Considerando os pré-concorrentes, podemos dizer que esta foi, no final das contas, a melhor escolha – ainda que, na minha opinião, as melhores opções estivessem fora dessa lista. Mas não se pode chorar sobre o leite derramado e, dentre os quinze filmes inscritos para a vaga, Tropa era mesmo o melhor. Só que o filme tem contra si o empecilho de ser uma sequência. Os dilemas do Capitão Nascimento talvez soem fora de contexto para quem não viu o primeiro longa. Será que os votantes da categoria vão receber um box com os dois filmes? Só assim teríamos de fato uma chance.

sábado, 17 de setembro de 2011

O Palhaço - Trailer


Um dos filmes mais esperados do ano é O Palhaço, segundo longa-metragem dirigido por Selton Mello (o primeiro foi o maravilhoso Feliz Natal, há um par de anos). O trailer do filme já apaixona, com sua pegada ao estilo do cinema italiano de algumas décadas atrás, e, ao mesmo tempo, cheia de tempero brasileiro. 

Mês que vem ele finalmente chegará aos cinemas, com première no Festival do Rio. Enquanto isso, divirtam-se com o trailer:


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Curtas Nacionais Selecionados para o Festival do Rio



Mostra Competitiva
1. A Fábrica, de Aly Muritiba
2. Assim Como Ela, de Flora Diegues
3. Assunto da Família, de Caru Alves de Souza
4. Doido Pelo Rio, de Marcio Câmara
5. Gisela, de Felipe Sholl
6. Inquérito Policial, de Vinícius Casimiro
7. Isso Não é o Fim, de João Gabriel
8. O Cavalo, de Joana Mariani
9. O Céu no Andar de Baixo, de Leonardo Cata Preta
10. Passageiros, de Bruno Mello
11. Qual Queijo Você Quer?, de Cíntia Domit Bittar
12. Sobre o Menino do Rio, de Felipe Joffily
13. Tela, de Carlos Nader
14. Tempo de Criança, de Wagner Novais
15. Cine Camelô, de Clarissa Knoll (doc)
16. Uma Visita para Elizabeth Teixeira, de Susanna Lira (doc)
17. Urânio Picuí, de Tiago Melo e Antônio Carrilho (doc)

Hors-Concours
Retrato Falhado, de André Warwar
O Brazil de Pero Vaz de Caminha, de Bruno Laet

Mostra Retratos
Coutinho Repórter, de Rená Tardin
A Musa da Minha Rua, de Adolfo Lachtermacher

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

180º


Assim como o recente Cópia Fiel, que defende a validade da cópia de uma obra de arte, 180º parte de uma discussão filosófica e artística para enfocar os desdobramentos de um relacionamento complicado. Ou melhor, de um triângulo amoroso. Bernardo é um jornalista iniciante que se apaixona por Ana, sua editora, que é casada com o veterano Russel, mas um dia se encanta com Bernardo. Talvez ela tenha se apaixonado mais pelo novo escritor talentoso do que pelo homem. Ou não foi bem assim? E teria sido a idolatria de Bernardo pelo casal o motor a impulsioná-lo a querer mostrar seu valor?

A história não se desenvolve na tela exatamente nessa ordem de fatores, já que adota uma narrativa fragmentada e não-linear, tampouco suas implicações são tão simples e diretas assim. Cada um dos personagens tem segredos que os demais ignoram, o que faz com que a (quase) totalidade dos fatos só seja conhecida pelo espectador ao final da projeção. Embora o questionamento central da trama diga respeito ao livro que tornou Bernardo famoso, o longa não faz disso o cerne da questão, já que o mistério acerca da propriedade intelectual é claramente identificável antes da metade do filme – embora não em todos os seus detalhes. Mais importante que isso é a reflexão proposta: até onde vai a inspiração e onde começa o plágio? Ou seria o plágio a inspiração não-assumida, tornando-se assim uma questão puramente ética?

Eduardo Vaisman dirige este seu primeiro longa-metragem com mão firme, extraindo um excelente rendimento de Malu Galli, Eduardo Moscovis, Felipe Abib – praticamente os únicos atores em cena. A interpretação do trio é densa e, ao mesmo tempo, cheia de naturalidade, envolvendo fases e estados de espírito bem diversos dos mesmos personagens, que manipulam uns aos outros, ao mesmo tempo que nós, espectadores, somos manipulados. Assim, uma mesma cena que a princípio parece banal, somente uma cena de ligação, pode ganhar um significado especial ao ser mostrada pela segunda vez, conforme estamos de posse de mais informações no decorrer da história.


A montagem irrepreensível e o roteiro esperto fazem com que cada nova sequência enriqueça ainda mais a trama, trazendo o público para dentro da discussão. Também é muito inteligente o modo como cada um dos três personagens tem sua cota de responsabilidade pelos fatos ocorridos, eliminando-se, assim, o senso maniqueísta de um “culpado” pelo rumo que as coisas tomaram. Cada um deles teve ao menos uma boa oportunidade para esclarecer a situação e escolheu não fazê-lo.

Provavelmente este texto está soando enigmático para você, caro leitor. Mas a culpa é deste ótimo filme, que será melhor desfrutado com o mínimo de informação possível. 180º foi eleito o melhor filme pelo júri popular no Festival de Gramado do ano passado. Vale muito a pena conferir. Também vale a pena ficar de olho no jovem Felipe Abib, que em breve também poderá ser visto como o traficante Jeremias de Faroeste Caboclo (aquele que “organizou a rockonha e fez todo mundo dançar”).

180º estreia nesta sexta nos cinemas.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Candidatos brasileiros ao Oscar


Foram anunciados hoje os quinze filmes nacionais que ambicionam representar o Brasil na disputa por uma das cinco vagas na categoria Melhor Filme Estrangeiro, no Oscar 2012. Da eclética lista não consigo visualizar nenhum candidato com "cara de Oscar", com exceção, talvez, de Lope. Ainda assim, fica o problema do filme soar demasiado "gringo" para representar o Brasil. Enfim, a sorte está lançada e o representante oficial será conhecido no dia 20 deste mês. Eu, sinceramente, tenho até medo de pensar no que vem por aí... Vejam abaixo os postulantes em ordem alfabética e tirem suas próprias conclusões:


A Antropóloga, de Zeca Nunes Pires
As Mães de Chico Xavier, de Glauber Filho e Halder Gomes
Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo
Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini
Estamos Juntos, de Toni Venturi
Família Vende Tudo, de Alain Fresnot
Federal, de Erik de Castro
VIPs, de Toniko Melo
Histórias Reais de um Mentiroso - VIPS (documentário), de Mariana Caltabiano
Lope, de Andrucha Waddington
Malu de Bicicleta, de Flávio Ramos Tambellini
Mulatas! Um Tufão nos Quadris, de Walmor Pamplona
Quebrando o Tabu, de Fernando Grostein Andrade
Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra
Tropa de Elite 2, de José Padilha

sábado, 10 de setembro de 2011

Trilogia Millenium

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres


Lembram do ótimo Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, que passou por aqui no ano passado? O filme é o primeiro de uma série, adaptação da trilogia literária conhecida como Millenium, que se compõe ainda de A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar. Ao longo de quase duas mil páginas, o jornalista sueco Stieg Larsson – que teve o azar de morrer antes de presenciar o êxito de sua obra – destrincha uma trama violenta, cheia de mistérios, politicagem e corrupção, que estende seus tentáculos a altas esferas do poder público. Os protagonistas da odisseia em busca da verdade são Mikael Blomkvist, um jornalista obcecado, corajoso e incorruptível; e Lisbeth Salander, uma hacker cheia de problemas de socialização e terríveis fantasmas do passado em seu encalço.

Todos os três livros são apaixonantes, daqueles que a gente praticamente “devora”. E o primeiro filme foi relativamente bem-sucedido, então por que cargas d’água suas duas sequências não chegaram nunca aos nossos cinemas e nem mesmo às locadoras? Agora que seu remake americano pelas mãos de David Fincher vem sendo motivo de vários buchichos e muita expectativa me vem a desconfiança de que foi de caso pensado. Os distribuidores devem ter pensado preguiçosamente “vamos esperar pelos longas americanos”.

Mas o mundo é conectado e, graças à ajuda do meu gentilíssimo amigo Alex, tive a oportunidade de assistir aos filmes restantes. A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar são tão bons que não consegui evitar vê-los em sequência, numa verdadeira maratona Millenium. Ambas as adaptações foram muito bem-feitas, inclusive nas decisões de quais subtramas dos respectivos livros deveriam ser cortadas. O resultado final é vibrante, denso, sem perder o foco central da história – embora os leitores fatalmente sintam falta de algumas passagens marcantes.

A Menina Que Brincava com Fogo

O elenco afiado, capitaneado por Michael Nyqvist e a impressionante Noomi Rapace (indicada ao Bafta pelo primeiro filme e injustamente ignorada pelo Oscar), continua o mesmo, os roteiros são impecáveis, o ritmo é ótimo. Sinceramente, acho difícil para David Fincher igualar esse resultado, mesmo porque para o mercado americano sempre há aquela pressão de suavizar algumas coisas. Uma personagem como Lisbeth Salander mantida exatamente como ela é? Sei não... Eu tenho cá minhas dúvidas se o Fincher hoje em dia continua com a mesma coragem que ele demonstrou em O Clube da Luta.

Mas tudo bem. O público americano não fará essa comparação, simplesmente porque não conhece o original por conta de sua célebre aversão a qualquer coisa que contenha legendas. Então os filmes de David Fincher soarão como novidade e, sendo Fincher um cineasta talentoso, certamente ele deve realizar uma trilogia competente. Mas a questão não é essa, certo? A questão é: por que refazer pouquíssimo tempo depois o que já foi feito com competência na primeira vez?

E o público brasileiro que sofra o efeito colateral disso tudo.

A Rainha do Castelo de Ar

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Longas Nacionais Selecionados para o Festival do Rio


COMPETIÇÃO LONGAS DE FICÇÃO
1.  A Novela das Oito, de Odilon Rocha 
2.  Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle
3.  Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca 
4.  Girimundo, de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina
5.  Histórias Que Só Existem Quando Lembradas, de Julia Murat 
6.  Mãe e Filha, de Petrus Cariry 
7.  A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinícius Coimbra 
8.  O Abismo Prateado, de Karim Aïnouz
9.  Sudoeste, de Eduardo Nunes 

HORS-CONCOURS FICÇÃO
1.  Capitães de Areia, de Cecília Amado 
2.  Corações Sujos, de Vicente Amorim 
3.  O Palhaço, de Selton Mello
4.  Os 3, de Nando Olival
5.  Reis e Ratos, de Mauro Lima
 

NOVOS RUMOS
1.  Paraíso, Aqui Vou Eu, de Walter Daguerre e Cavi Borges 
2.  Cru, de Jimi Figueiredo
3.  Dia de Preto, de Marcos Felipe, Daniel Mattos e Marcial Renato
4.  Rânia, de Roberta Marques
5.  Teus Olhos Meus, de Caio Sóh
6.  Vamos Fazer um Brinde, de Cavi Borges e Sabrina Rosa
7.  Circular, de Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon 
8.  Espiral, de Paulo Pons 

COMPETIÇÃO LONGAS DOCUMENTÁRIOS
1. A Era dos Campeões, de Cesario de Mello Franco e Marcos Bernestein
2. Canções, de Eduardo Coutinho 
3. Laiá, Laiá, de Alexandre Iglesias
4. Luz, Câmera, Pichação, de Marcelo Guerra, Gustavo Coelho e Bruno Caetano 
5. Marighella, de Isa Grinspum Ferraz 
6. Mentiras Sinceras, de Pedro Asbeg
7. Olhe Para Mim de Novo, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla 
8. Os Últimos Cangaceiros, de Wolney Oliveira

HORS-CONCOURS DOCS
1.  Casa 9, de Luiz Carlos Lacerda 
2.  Uma Longa Viagem, de Lúcia Murat 
3.  Vida de Artista, de José Joffily 

RETRATOS
1.  Abdias Nascimento, Um Brasileiro do Mundo, de Aída Marques
2.  Augusto Boal e o Teatro do Oprimido, de Zelito Viana 
3.  Bruta Aventura em Versos, de Letícia Simões 
4.  Cena Nua, de Belisário Franca
5.  Marcelo Yuka no Caminho das Setas, de Daniela Broitman 
6.  Salgado Filho - O Herói Esquecido, de Ricky Ferreira 

FILMES BRASILEIROS EM OUTRAS MOSTRAS

PREMIERE LATINA
Carta para o Futuro, de Renato Martins 
Cuba Libre, de Evaldo Mocarzel

MOSTRA EXPECTATIVA
Tambores, de Sérgio Raposo 
Vale dos Esquecidos, de Maria Carvalho Raduan

PANORAMA DO CINEMA MUNDIAL
Rock Brasília, Era de Ouro, de Wladimir Carvalho 

MOSTRA ITINERÁRIOS ÚNICOS
Um dia com Frederico Morais, de Guilherme Coelho
Meia hora com Darcy, de Roberto Berliner