sábado, 28 de junho de 2014

Rio, Eu Te Amo - trailer


Depois de Paris e Nova Iorque, a franquia Cities of Love voltou suas lentes para o Rio de Janeiro. O projeto Rio, Eu Te Amo reuniu onze cineastas (cinco brasileiros e seis estrangeiros, incluindo Paolo Sorrentino, diretor do oscarizado A Grande Beleza) e um elenco internacional que inclui nomes como Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Vincent Cassel, Jason Isaacs, John Turturro, Emily Mortimer e Harvey Keitel. 

O longa, que tem estreia marcada para 11 de setembro deste ano, tem seu foco nos diversos tipos de amor, sejam eles duradouros, breves ou mesmo não correspondidos. Confiram o trailer oficial:


sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Último Amor de Mr. Morgan


Exibido no último Festival do Rio, este O Último Amor de Mr. Morgan estreia com duas sessões em apenas uma sala de cinema do Rio. E o tamanho do circuito, neste caso, realmente é proporcional à relevância do filme, que mostra-se um elogio à insignificância da primeira à última cena. O argumento já é uma das coisas mais batidas das últimas décadas: um viúvo solitário, que se considera no fim da vida, de repente renasce através da súbita paixão por uma jovem que enxerga no senhor com idade para ser seu avô uma sabedoria e charme inexistente nos mais jovens. 

Está certo que há muitos bons filmes que pegam um argumento desses e a partir daí criam algo de original (como A Garota de Lugar Nenhum, exibido no mesmo Festival), mas não é o que acontece neste filme. As situações e os diálogos são de uma previsibilidade assustadora. Mesmo o sempre digno Michael Caine parece deslocado, como se estivesse atuando de má vontade – e não podemos culpá-lo, já que o roteiro o transforma em um tiozinho babão. Somente Justin Kirk, que interpreta o filho com problemas de rejeição, consegue dar um pouco de credibilidade a seu personagem. Quando ele entra na história, quase acreditamos que a trama mudará de direção – e muda, só que para pior. Bem antes da metade do filme, já fica claro o rumo que a história tomará e esperar que o absolutamente previsível se materialize na tela é muito entediante; aliás, beira o insuportável ver todas aquelas cenas de discussão e desencontro que já vimos escritas e interpretadas melhor em outros filmes. 

Conseguir assistir a esse filme até o final é um tédio que nem a charmosa ambientação parisiense consegue amenizar. E aí pensamos: um filme coproduzido por quatro países (Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e França), estrelado por Michael Caine e dirigido pela cineasta do simpático Simplesmente Martha...  para chegar a um resultado desses?

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Viva a Liberdade - trailer


Boa notícia para aqueles que curtem o trabalho do ator italiano Toni Servillo, que finalmente vem alcançando uma merecidíssima projeção internacional depois do sucesso de A Grande Beleza. A Europa Filmes anunciou o lançamento de Viva a Liberdade, longa vencedor de dois prêmios David di Donatello em 2013 (melhor roteiro e melhor ator coadjuvante para o igualmente talentoso Valerio Mastandrea). No filme, Servillo interpreta um político em crise emocional e seu irmão gêmeo filósofo e bipolar. Viva a Liberdade tem previsão de estreia para 10 de julho. Confiram abaixo o trailer:



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Que Estranho Chamar-se Federico


Devido ao circuito limitadíssimo (três sessões em duas salas de cinema), é bem provável que esta semana seja a última em que o público carioca terá a oportunidade de conferir este Que Estranho Chamar-se Federico, filme de Ettore Scola sobre Fellini. Mais do que um documentário, trata-se de uma reconstituição do próprio Scola, onze anos mais novo, sobre o antigo colega e mentor. O filme também é o primeiro do cineasta após um jejum de dez anos e uma declaração de que não voltaria a filmar.  

Que Estranho Chamar-se Federico traz imagens de arquivo, trechos de filmes e, sobretudo, reconstituições que trazem Fellini para dentro do universo onírico de seus filmes, deixando bastante impreciso o limite entre realidade e imaginação. O longa tem imagens simplesmente preciosas e momentos com a emoção à flor da pele que encantarão aqueles com alguma ligação emocional com il grande maestro ou, pelo menos, com o cinema italiano em geral. Por outro lado, percebe-se que Scola realizou um filme muito voltado para o público italiano, o que pode torná-lo não tão atraente para quem não tiver um conhecimento prévio no mínimo elementar da cultura e sociedade do país, em especial no que diz respeito ao trecho que retrata o período em que Fellini foi cartunista da revista satírica Marc’Aurelio e no qual grande parte dos diálogos faz referência ao contexto sociopolítico do país.

O filme foi exibido fora de concurso no Festival de Veneza do ano passado, que comemorava sua 70ª edição e teve um foco especial na produção nacional – tendo, inclusive, premiado com o Leão de Ouro um documentário italiano, Sacro Gra (clique aqui para ler a resenha deste filme). Considerando a enorme defasagem que tem sofrido o cinema italiano aqui no Brasil, até que não demorou tanto assim para estrear entre nós. Mas dificilmente permanecerá muito tempo em cartaz, então os interessados devem se apressar. 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Como Treinar Seu Dragão 2


Chega aos cinemas a sequência do filme de 2010 sobre o menino franzino que mudou a cabeça de toda uma tribo viking ao provar que dragões não eram inimigos naturais do homem e poderiam até ser domesticados. Em meio à agitação da Copa do Mundo, pode ser que a estreia deste Como Treinar Seu Dragão 2 passe um pouco despercebida pelo público brasileiro. O que seria uma lástima, já que se trata do grande longa de animação do ano.

Ainda que no filme original Soluço tenha passado poucas e boas para fazer valer seu ponto de vista, agora o reencontramos em uma situação de relativa harmonia. Toda a comunidade parece muito satisfeita em desfrutar das regalias de ter dragões como animais de estimação – aliás, a corrida de dragões do início se parece bastante com as partidas de Quadribol da franquia Harry Potter. Soluço finalmente conquistou o respeito do pai e a admiração de todos, porém está prestes a descobrir que o mundo vai além da sua ilha e que lá fora as coisas são complicadas. Se antes estava em jogo sua autoafirmação, agora a ameaça paira sobre todo um recém-conquistado estilo de vida.


Como esse segundo filme se passa cinco anos após o primeiro, um dos pontos curiosos é a versão adulta dos personagens que antes eram adolescentes, situação rara de acontecer em filmes de animação. Soluço tem 20 anos e ganhou um jeito mais confiante, embora continue cheio de dúvidas sobre o que realmente quer fazer da vida. Novos conflitos, novos personagens e revelações surpreendentes porão ainda mais à prova suas convicções e ele aprenderá que existem pessoas que simplesmente não estão abertas ao diálogo. Já os dragões estão cada vez mais engraçadinhos e vão enternecer em especial as pessoas que têm animais de estimação, visto que se comportam como grandes cachorros voadores. Banguela continua sendo a grande atração, claro, mas as novas espécies trazem variedades que vão dos filhotinhos desobedientes ao terrível “alfa” que ameaça a comunidade. Quanto ao 3D, é bem-feito, mas não fundamental.


Mas o filme conta com outros elementos para se sustentar além de sua (excelente) animação. Como todo roteiro inteligente, o de Como Treinar Seu Dragão 2 equilibra bom humor com drama, sequências fofas com outras eletrizantes e, sobretudo, cenas para entreter os pequenos com conflitos mais sérios para atrair os adultos. É especialmente interessante o modo como a trama parte da situação mais pessoal e limitada do primeiro filme para discutir conceitos mais amplos, inclusive inserindo questões ambientalistas de um modo natural e nada panfletário. Aliás, um dos grandes trunfos do filme é justamente tocar em temas profundos – como autodescobrimento, escolhas pessoais, tolerância e tantos outros – de modo muito simples, mas não simplório.

Que Como Treinar Seu Dragão 2 concorrerá ao Oscar de melhor animação, com todas as chances de vencer, já são favas contadas, porém já se fala a favor de sua consideração dentre os dez finalistas do prêmio principal. Obviamente é complicado e dependerá muito da safra 2015, mas méritos para tanto o filme possui. Só é uma pena que será mais uma animação lançada aqui no Brasil apenas com cópias dubladas. Seria democrático dar ao público a opção de ouvir as vozes originais.


sábado, 7 de junho de 2014

O Lobo Atrás da Porta


Choque, estupor, incredulidade. Esses são alguns dos sentimentos com os quais terá que lidar o espectador ao fim da projeção de O Lobo Atrás da Porta. O filme é inspirado em uma história real ocorrida há muito tempo no Rio de Janeiro. Algumas pessoas, como esta que vos escreve, já sabiam do que se tratava; outras não. Então não vamos mencionar aqui o cerne da questão. Digamos apenas que, independentemente do quanto se saiba de antemão, o impacto é o mesmo.

Uma menina de seis anos foi levada da escola por uma mulher misteriosa e, partir do ocorrido, caberá ao delegado de plantão tentar entender o que realmente aconteceu. O pai acusa a ex-amante, que nega estar envolvida e dispara acusações contra a esposa e um suposto amante desta. Que alguém está mentindo é certo, mas quem? O roteiro é bastante perspicaz, partindo do momento em que o crime foi cometido e esclarecendo fatos e versões aos poucos. A estrutura do filme coloca o espectador na pele do delegado, que tenta juntar as peças para desvendar o desaparecimento e descobrir quem é o suspeito definitivo.   


O que mais impressiona no filme é o fato de seus personagens serem pessoas absolutamente comuns, o que deixa sempre em dúvida a nossa percepção. A ficção acostumou o espectador a ver o criminoso em potencial como uma pessoa que de alguma forma se diferencia das demais, seja por um comportamento antissocial, seja por uma inteligência rara. É raro pensar no vilão como aquela pessoa sentada ali ao lado no transporte público. Alguém que poderia ter trilhado uma trajetória totalmente diversa caso as circunstâncias tivessem sido mais favoráveis.

O curta-metragista Fernando Coimbra, que assina o roteiro e a direção, realiza um excelente primeiro longa-metragem. Vale destacar o modo como suas locações evocam um Rio suburbano e muito diferente das imagens de cartões postais, mas, ao mesmo tempo, igualmente distante do cenário de criminalidade implícita das favelas. As imagens de Coimbra remetem a um cotidiano sem glamour nos dois sentidos e que pode levar à loucura justamente por sua absoluta banalidade. Um exemplo disso é a casa em que Rosa vive com os pais, mantida sempre com sombras e ângulos escuros. Interessante notar que a mãe nunca é vista de perto, assim como ocorre com o delegado no começo do filme.


São pequenos detalhes que tornam o filme instigante e ajudam o espectador a entrar no clima de fatalidade que a trama vai impondo cada vez mais. Por último, mas não menos importante, é preciso destacar a força arrasadora de Leandra Leal como protagonista, que assume sem pudores uma personagem polêmica e a enriquece humanidade e dubiedade. Que Leandra esbanja talento não é novidade, e com este filme ela se coloca definitivamente como uma das melhores atrizes brasileiras. Completam o triângulo Fabiula Nascimento e Milhem Cortaz, a primeira dando nuances interessantes à personagem da esposa inocente e o segundo tentando mostrar um lado dramático um pouco diferente da faceta habitual de malandro. Também Juliano Cazarré tem participação interessante como o delegado que dispara observações sarcásticas apesar do evidente cansaço.


O Lobo Atrás da Porta venceu dois prêmios no último Festival do Rio, melhor filme de ficção e melhor atriz. Um belo exemplar de um gênero ainda pouco explorado pela cinematografia nacional. Imperdível. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Oldboy – Dias de Vingança


Oldboy é mais uma daquelas refilmagens que não somente não acrescenta como também empobrece o que já foi mostrado no original. A trama continua, em essência, a mesma do perturbador longa coreano de 2003: um homem é sequestrado e mantido em cativeiro ao longo de 20 anos. Ele não tem a mínima ideia do motivo de estar naquela situação, até o dia em que é libertado da mesma forma inesperada como foi preso. Instigado a descobrir o porquê de seu tormento, ele conta com a ajuda de uma jovem assistente social. O que ele não sabe é que seu misterioso captor ainda tem planos para ele.

Assim como em Os Homens que Não Amavam as Mulheres, as alterações feitas na história são poucas, tímidas e para pior. Enquanto o filme Park Chan-Wook nos arrastava para um turbilhão de emoções fortes devido à crueza de suas imagens e ao inesperado das situações, na versão americana tudo soa extremamente falso, mesmo quando são reproduzidas passagens que funcionaram no original. Talvez porque o próprio elenco parece não acreditar muito na trama e atua o tempo todo no piloto automático, sem contar a total falta de química entre Josh Brolin e Elizabeth Olsen.

Rodado em 2013, esse filme demorou bastante para chegar aqui no Brasil. Nos Estados Unidos e em muitos países europeus, já é assunto morto e enterrado. E é melhor esquecer mesmo mais essa refilmagem absolutamente desnecessária, que apenas marca mais um tropeço na carreira de Josh Brolin e confirma que Spike Lee perdeu mesmo a mão como cineasta.