quinta-feira, 11 de junho de 2015

Jurassic World


Remakes, reboots e infinitas sequências. Desse modo vem funcionado uma parcela substancial do cinema americano. As produções com material requentado têm um foco maior no reaproveitamento de ideias e franquias que deram certo entre os anos 80 e 90. Em sua maioria, as novas versões são cópias pioradas, feitas sem esmero nenhum e destinadas a agradar somente a um público que nunca assistiu aos filmes originais. Também Jurassic World (cujo primeiro filme é de 1993) faz parte desse já batido universo de reciclagem, mas, contra todas as expectativas, o filme funciona ao apresentar novos ângulos e inesperados toques de ironia.

O novo parque temático com dinossauros deixou para trás as tragédias anteriores e funciona a todo vapor, movido por muita eficiência, alta tecnologia e rígidos protocolos de segurança. Afinal, agora milhares de pessoas visitam diariamente o magnífico complexo cujas atrações fariam empalidecer qualquer coisa que seus concorrentes sonhem em oferecer. Só que simplesmente ver de perto dinossauros deixou de ser extraordinário. O parque, bem como seus patrocinadores, tem sede de novidades constantes. Como é dito em um diálogo, “animais maiores e com mais dentes”. E como falar em limites na manipulação genética se a própria recriação de um dinossauro já os ultrapassou todos?


O debate por si só já seria interessante, mas o curioso é que tanto o desejo cego de quem oferece a diversão em agradar como a ânsia e excitação do público pelo “novo” remetem à própria produção do filme, que, devido aos incessantes avanços tecnológicos, também tem a obrigação de entregar ao espectador dinossauros mais terríveis, verossímeis e assustadores do que há duas décadas. E a expectativa é atendida. As criaturas têm um nível absurdo de perfeição de movimentos e expressões faciais, o que torna todas as sequências em que aparecem eletrizantes.

Chris Pratt, impulsionado ao estrelato em Guardiões da Galáxia, se firma de vez como a melhor opção atual para herói de ação. O rapaz tem um carisma infalível e seu estilo “macho alfa, mas gente boa” (há, inclusive, uma boa piada no filme a respeito) faz com que o espectador simpatize com ele, independente de sexo ou faixa etária. Sua parceira Bryce Dallas Howard infelizmente não se sai tão bem, aprisionada no superado arquétipo de mocinha vaidosa que corre dos dinossauros sem quebrar o salto do sapato – o que é literalmente classificado como “ridículo” em uma fala, mas ela segue adiante. Os diálogos espirituosos, aliás, são outro ponto forte do filme. Destaque para o personagem de Jake Johnson, um nerd do controle de segurança apaixonado por dinossauros. Já as inúmeras referências e correlações com Jurassic Park são uma simpática piscadela ao público trintão que vibrou há 20 anos com o longa de Spielberg.


O que não funciona? O 3D é desnecessário e por vezes chega mesmo a atrapalhar, borrando alguns detalhes. Também o exageradíssimo embate final deixa um gostinho de frustração, por exigir demais da suspensão da descrença. É nesse ponto que Jurassic World vira um filme de ação óbvio, coisa que vinha lindamente evitando até então. Mas ok. São detalhes de um longa que, no geral, cumpre o que promete com mérito. O diretor Colin Trevorrow, dono de uma filmografia até então inexpressiva, certamente com este trabalho carimba seu passaporte para novos desafios.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Frank


Esse filme, exibido nos Festivais de Sundance e do Rio do ano passado, é daqueles do tipo ame ou odeie, já que sua narrativa trabalha o tempo todo no limite do surreal. Jon é um músico amador que, aproveitando-se de uma situação emergencial, consegue ser aceito como tecladista da banda cult liderada pelo misterioso Frank, gênio musical que não deixa que ninguém o veja sem uma enorme cabeça de papel machê. Frank busca inovação e perfeição a todo custo e, para a gravação do novo álbum, convoca todos para um retiro em uma cabana isolada. Por quanto tempo? Pelo tempo que for preciso para que o trabalho fique impecável.

O longa foi concebido como uma homenagem ao músico e comediante Chris Sievey, que se apresentava nos anos 70 e 80 com esse personagem. Como Frank é desconhecido no Brasil, o público por aqui precisa, antes de tudo, vencer a estranheza quanto à gigantesca cabeça falsa. Reza a lenda que Sievey era de fato cheio das esquisitices, mas cabe também lembrar o quanto o conceito de normalidade é relativo, mutável e abstrato. Em uma cena, um dos músicos diz a Jon que Frank é a pessoa mais sã que ele conhece. Conforme o filme se desenrola, pode ser que o espectador concorde. Da mesma forma que Tim Burton transformou o fracassado Ed Wood em um ingênuo encantador, Lenny Abrahamson nos faz aceitar a pureza insana de Frank.

Michael Fassbender, um dos atores mais prestigiados do momento, demonstra desprendimento total de sua (bela) imagem ao assumir esse personagem bizarro em um filme de pequeno alcance no qual, para culminar, ele precisa atuar caracterizado como um boneco de Olinda. Completam o elenco os sempre ótimos Domhnall Gleeson e Maggie Gyllenhaal.

Resumindo, Frank é daqueles filmes sobre os quais não adianta desenvolver argumentos racionais. Com uma galeria de personagens incomuns e uma abordagem por vezes perturbadora, o espectador gostará ou não do filme norteado pelo aspecto emocional e por seu envolvimento e imersão. Ou não. Certamente alguns vão achar uma bobagem e desdenhá-lo, enquanto outros (como esta que vos escreve) vão se deixar conquistar. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Mapas para as Estrelas


Não é de hoje que David Cronenberg gosta de explorar personagens limítrofes. E que melhor cenário para promover um freak showdo que o delirante universo das estrelas hollywoodianas? O roteiro multiplot de Mapas para as Estrelas gravita em torno de uma fauna de personagens com os mais variados distúrbios, tais como: Havana, atriz obcecada em atuar no remake do filme que a mãe fez antes de morrer; Benjie, ex-astro mirim e adolescente problemático em fase pós-reabilitação; Sanford, pai de Benji que fez fortuna como guru da TV e dos famosos; Agatha, jovem cheia de queimaduras e misteriosos propósitos, suposta amiga virtual de Carrie Fisher. O filme, que foi exibido em Cannes (Julianne Moore foi premiada melhor atriz) e no Festival do Rio do ano passado, finalmente ganha as telas brasileiras. 

Mapas para as Estrelas é uma metralhadora incansável de referências, piadas e sarcasmo. Os diálogos são afiadíssimos e o espectador tem que estar atento para não deixar escapar nenhuma das tantas menções a astros da vida real, já que a zoação em cima dos famosos é um dos aspectos mais divertidos do longa. O longa não deixa espaço para o meio-termo: a meca do cinema vista pelas lentes de Cronenberg é feroz e implacável, retratada através de um exagero intencional. O filme não quer mostrar o outro lado da moeda e sim focar no que há de mais doentio, superficial e bizarro por trás dos contratos milionários, das festas badaladas e de todo o jogo de aparências de pessoas que vendem mais do que uma imagem – pela visão do filme, a própria alma.


Com uma estrutura de roteiro onde todos os atores têm oportunidade de brilhar, o elenco responde à altura. Julianne Moore atua em dois níveis, como a Havana que ela mostra ao mundo e aquela que realmente é. Também Mia Wasikowska chama atenção com sua Agatha cheia de estranhezas físicas e, principalmente, emocionais. Mas o grande destaque do filme é o adolescente Evan Bird. Egresso da TV, Evan rouba a cena como o egocêntrico e perturbado Benjie. Destaque para a cena da sua reunião com os executivos do estúdio.

Esse é um dos filmes que devem ser priorizados na grade do cinéfilo, mesmo porque provavelmente não deve durar muito em nosso circuito comercial.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Blind


Exibido nos Festivais de Sundance, Berlim e do Rio, chega aos nossos cinemas em circuito reduzidíssimo este belo e intrigante longa norueguês. Blind ultrapassa as barreiras de seu sugestivo título e cria um leque de sensações que acaba por envolver o próprio espectador. 

Depois que a visão lhe abandonou, Ingrid reluta em sair de casa e passa os dias a tomar chá diante de uma janela através da qual não pode ver mais nada. Ela desenvolve, ainda, a incômoda impressão de que o marido volta para casa silenciosamente para observá-la. Já Einar tem problemas afetivos e não consegue se aproximar do sexo oposto, o que faz com que ele consuma pornografia compulsivamente e desenvolva fantasias secretas com mulheres que vê pelas ruas.  Elin deixou suas raízes e amigos na Suécia por conta de um amor e agora que a relação terminou, leva uma vida solitária e triste em Oslo. O que estes dois personagens teriam em comum com Ingrid, além da solidão?

O filme parece a princípio se resumir a um (bom) drama existencial, porém não tarda a apresentar novas e inesperadas camadas. O roteiro esperto coloca em evidência a percepção que cada um tem da realidade através de um hábil jogo de verdadeiro ou falso, que se torna sempre mais intenso conforme avança a projeção. Vale destacar, ainda, a estética do filme e como sua luminosa fotografia destaca a atriz Ellen Dorrit Petersen, mais uma vez trazendo o espectador para dentro da trama ao colocá-lo em uma posição de voyeurismo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Indicados ao Oscar 2015


Podemos dizer que a lista de indicados ao Oscar deste ano foi mais surpreendente do que a do Globo de Ouro. Dentre as boas surpresas, destacam-se o reconhecimento à comovente atuação de Marion Cotillard em Dois Dias, Uma Noite, a inclusão do independente Whiplash dentre os oito indicados a melhor filme e, ainda, a lembrança da sempre ótima Laura Dern como atriz coadjuvante. Ainda que nenhum dos três tenha chances reais de vencer, as indicações foram um merecido afago a trabalhos e/ou carreiras impecáveis. Também para os brasileiros há uma boa nova, a inclusão de O Sal da Terra (filme sobre Sebastião Salgado, dirigido por seu filho em parceria com o alemão Win Wenders) dentre os melhores documentários. Da série “ainda não sabemos se é justo”, o até então pouco citado American Sniper surge inesperadamente em diversas categorias. Em todo caso, não é provável que nenhum destes filmes seja empecilho para que Richard Linklater e seu inigualável Boyhood continuem trilhando seu caminho de vitórias – ainda que em número de indicações o filme perca para os também ótimos Birdman e O Grande Hotel Budapeste. Confiram abaixo todos os indicados:

Filme 
American Sniper
Boyhood
O Jogo da Imitação
Selma
A Teoria de Tudo
Birdman
O Grande Hotel Budapeste
Whiplash: Em Busca da Perfeição

Ator
Steve Carell (Foxcatcher)
Bradley Cooper (American Sniper)
Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Michael Keaton (Birdman)

Atriz
Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
Julianne Moore (Still Alice)
Rosamund Pike (Garota Exemplar)
Reese Witherspoon (Livre)

Ator Coadjuvante
Robert Duvall (O Juiz)
Ethan Hawke (Boyhood)
Edward Norton (Birdman)
Mark Ruffalo (Foxcatcher)
J. K Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

Atriz Coadjuvante
Patricia Arquette (Boyhood)
Laura Dern (Wild)
Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
Emma Stone (Birdman)
Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

Direção
Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
Bennett Miller (Foxcatcher)
Alejandro Gonzalez Innaritu (Birdman)
Richard Linklater (Boyhood)
Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

Roteiro Original
Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
Alejandro González Inarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo (Birdman)
Richard Linklater (Boyhood)
E. Max Frye e Dan Futterman (Foxcatcher)
Dan Gilroy (O Abutre)

Roteiro Adaptado
Jason Hall (American Sniper)
Graham Moore (O Jogo da Imitação)
Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

Trilha Sonora
Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
Johann Johannsson (A Teoria de Tudo)
Hans Zimmer (Interestelar)
Gary Yershon (Mr. Turner)

Canção Original
Everything is Awesome (Uma Aventura Lego)
Glory (Selma)
Grateful (Beyond the Lights)
I'm Not Gonna Miss You (Glen Campbell...I'll Be Me)
Lost Stars (Mesmo Se Nada Der Certo)

Filme em Língua Estrangeira
Ida (Polônia)
Leviathan (Rússia)
Relatos Selvagens (Argentina)
Tangerines (Estônia)
Timbuktu (Mauritânia)

Longa de Animação
Operação Big Hero
Os Boxtrolls
Como Treinar seu Dragão 2
Song of the Sea
The Tale of the Princess Kaguya

Fotografia
Birdman
O Grande Hotel Budapeste
Ida
Mr. Turner
Invencível

Figurino
O Grande Hotel Budapeste
Vício Inerente
Caminhos da Floresta
Malévola
Mr. Turner

Maquiagem e Cabelo
Foxcatcher
O Grande Hotel Budapeste
Guardiões da Galáxia

Montagem
American Sniper
Boyhood
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
Whiplash: Em Busca da Perfeição

Direção de Arte
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
Interestelar
Caminhos da Floresta
Mr. Turner

Efeitos Visuais
Capitão América 2: O Soldado Invernal
Planeta dos Macacos: O Confronto
Guardiões da Galáxia
Interestelar
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Mixagem de Som
American Sniper
Birdman
Interestelar
Invencível
Whiplash

Edição de Som
American Sniper
Birdman O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
Interestelar
Invencível

Documentário Longa-Metragem
O Sal da Terra
Citizenfour
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
Last Days in Vietnam
Virunga

Documentário Curta-Metragem
Crisis Hotline: Veterans Press 1
Joanna
Our Curse 
The Reaper (La Parka)
White Earth

Curta de Animação
The Bigger Picture
The Dam Keeper 
O Banquete 
Me and My Moulton 
A Single Life

Curta Live Action
Aya
Boogaloo and Graham
Butter Lamp (La Lampe Au Beurre De Yak)
Parvaneh
The Phone Call

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Livre


Chega aos cinemas Livre, filme que vem sendo exaustivamente comparado a Na Natureza Selvagem. Claro que a semelhança dos títulos em inglês (Wild / Into the Wild) reforça ainda mais essa impressão, mas Livre não se limita a ser uma versão feminina do filme de Sean Penn, mesmo porque a abordagem da história e as motivações dos personagens são diferentes. Baseado em uma experiência real, a trama acompanha a solitária travessia de uma americana de vinte e poucos anos através de uma longa e exaustiva trilha. Cheryl acredita que será capaz de superar traumas emocionais e encontrar a paz através da exaustão física. Assim como os peregrinos que buscam se purificar no Caminho de Santiago, ela espera renascer ao fim dos quase dois mil quilômetros da Pacific Crest Trail.

O canadense Jean-Marc Vallée entrega um filme bem mais interessante do que o seu longa anterior, Clube de Compras Dallas. Neste novo trabalho, felizmente Vallée consegue evitar a manipulação sentimental e tratar a trama de modo adulto. Não que seja um filme revolucionário em algum sentido, mas é um drama bastante honesto que vale o ingresso. O argumento poderia ter resultado em mais uma história de superação piegas, mas o roteiro hábil de Nick Hornby e a entrega de Reese Witherspoon à personagem não deixam o filme cair no lugar-comum.

Sobre Reese, é bom ver que a atriz não se acomodou após vencer seu Oscar e está indo além das comédias românticas e propagandas de cosméticos. Esta personagem (em conjunto com a Juniper de Amor Bandido) mostra que a legalmente loura sempre pode surpreender. Reese foi indicada ao Globo de Ouro como melhor atriz. Perdeu para a imbatível Julianne Moore, situação que provavelmente se repetirá no Oscar, mas não diminui em nada a beleza de sua atuação.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Golden Globes 2015

A equipe de Boyhood comemora seus três prêmios: melhor filme dramático, direção e atriz coadjuvante

Numa premiação tranquila e sem grandes surpresas, a entrega dos Golden Globe Awards – ou Globos de Ouro – reforça o favoritismo geral de Boyhood ao premiá-lo em três categorias e contempla O Grande Hotel Budapeste na categoria comédia (em detrimento de seu principal adversário, Birdman). A premiação ainda coloca um passo adiante Como Treinar Seu Dragão 2 e Leviathan nas categorias animação e filme em língua estrangeira. Já os prêmios televisivos consagraram as séries Fargo e The Affair. Confiram abaixo a lista dos premiados:

Cinema
Filme (drama) – Boyhood
Filme (comédia ou musical) – O Grande Hotel Budapeste
Direção – Richard Linklater (Boyhood)
Ator (drama) – Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Atriz (drama) – Julianne Moore (Still Alice)
Atriz (comédia ou musical) – Amy Adams (Grandes Olhos)
Ator (comédia ou musical) – Michael Keaton (Birdman)
Roteiro – Alejandro González Inarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris, Jr. (Birdman)
Atriz coadjuvante – Patricia Arquette (Boyhood)
Ator coadjuvante – J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
Filme estrangeiro – Leviathan (Rússia)
Filme de animação – Como Treinar seu Dragão 2
Trilha sonora – Yohan Yohanson (A Teoria de Tudo)
Canção original – Glory, de John Legend, Common (Selma)


TV
Série (drama) – The Affair
Série (comédia ou musical) – Transparent
Atriz em série dramática – Ruth Wilson (The Affair)
Ator em série dramática – Kevin Spacey (House of Cards)
Ator em série (comédia ou musical) – Jeffrey Tambor (Transparent)
Atriz em série (comédia ou musical) – Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
Minissérie ou telefilme – Fargo
Ator em minissérie ou telefilme – Billy Bob Thornton (Fargo)
Atriz em minissérie ou telefilme – Maggie Gyllenhaal (The Honorable Woman)
Atriz coadjuvante em série, minissérie ou telefilme – Joanne Froggatt (Downton Abbey)
Ator coadjuvante em série, minissérie ou telefilme – Matt Bomer (The Normal Heart)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Whiplash – Em Busca da Perfeição


Andrew tem 19 anos, estuda em um conservatório e tem um único objetivo na vida: tornar-se uma lenda na bateria. Determinado a atingir a perfeição, pratica diariamente. Mas a pressão que ele impõe a si mesmo não é nada diante da que passa a sofrer depois de ser escolhido para participar da prestigiada banda de jazz da escola, conduzida pelo temido Terence Fletcher, famoso por forçar seus músicos aos limites de exaustão física e mental. Até onde vai o perfeccionismo antes de resvalar na loucura? 

A princípio parece uma história edificante sobre um músico determinado e o maestro rigoroso que, com seus métodos pouco ortodoxos, o empurrará rumo à excelência. Logo percebemos que (felizmente) a tônica do filme não é exatamente essa. Ao contrário do que sugere o subtítulo em português, interessa mais ao roteiro de Whiplash falar de limites e obsessão do que de perfeição. Fletcher – interpretado com som e fúria pelo ótimo J. K. Simmons – é abusivo, cruel e faz do bullying um método de trabalho. O interessante é que tampouco o jovem Andrew se enquadra do perfil do mocinho, já que também ele sabe ser arrogante sempre que tem uma oportunidade. Com uma abordagem semelhante à feita em filmes como Shine e Cisne Negro, Whiplash evita o preto no branco e trabalha em zonas cinzentas.

Este é o segundo longa de Damien Chazelle, que escreveu e dirigiu o filme tendo como ponto de partida seu curta homônimo. Com apenas 29 anos, Chazelle mostra competência de veterano e entrega um trabalho vigoroso e lindamente realizado sob todos os aspectos – a sequência final é para aplaudir de pé. O filme venceu o Sundance Film Festival 2014 e teve uma única indicação ao Globo de Ouro (melhor ator coadjuvante para J. K. Simmons). Merecia mais atenção.