quinta-feira, 25 de julho de 2013

Wolverine - Imortal


Eis que o mutante mais popular dos X-Men ganha seu segundo filme solo. Depois da enxurrada de críticas negativas recebidas pelo longa dirigido por Gavin Hood em 2009, muita gente ficou de pé atrás com essa segunda tentativa. Bobagem. Tirando o fato de Hugh Jackman continuar no papel (e isso é um fator que sempre foi considerado positivo), trata-se de uma produção completamente diversa da anterior.

O roteiro de Mark Bomback, Scott Frank e Christopher McQuarrie se baseia na série dos quadrinhos Eu, Wolverine e é ambientado no Japão dos dias de hoje. O mutante é convencido por uma misteriosa guerreira a acompanhá-lo à terra do sol nascente para satisfazer o último desejo de seu mestre, que está morrendo e cuja vida foi vida salva por Wolverine no final da Segunda Guerra Mundial. Mas Hashida, que se tornou um dos homens mais ricos do Japão, não quer apenas se despedir: obcecado pela capacidade de cura de Wolverine, ele tem uma estranha proposta a fazer.


A impressionante cena de abertura, ambientada em uma Nagasaki prestes a ser assolada pela bomba atômica, dá o tom do filme, que prima pela qualidade e bom gosto. A ambientação japonesa (na verdade, o filme foi rodado mais na Austrália do que lá) traz um charme a mais, com muitas lutas de espadas e sequências estilosas. Por outro lado, essa pegada oriental por vezes acaba criando uma estética meio videogame, em especial na meia hora final, mas nada que atrapalhe em demasia a fluência da história. O roteiro também acerta ao fazer uma boa ponte entre os personagens desse arco com o que já foi visto anteriormente nos longas dos mutantes, ao inserir aparições de Jean Grey e trabalhar a culpa de Wolverine como razão para ele estar afastado dos ex-companheiros.

Em um filme concebido e realizado com tanto esmero, a única nota dissonante é a péssima aplicação do efeito 3D. Mais do que uma mania desnecessária na maioria dos filmes que o utilizam, o recurso aqui chega ao ponto de atrapalhar e desorientar um pouco o espectador – principalmente nas cenas de ação, com espadas que parecem “borradas”. Felizmente, conforme a projeção avança, o 3D começa a ser usado com mais discrição. Então, não hesitem em economizar no ingresso e prefiram o filme em sua versão básica mesmo.


No mais, Wolverine – Imortal (título em português não muito correto para The Wolverine, já que ele não é exatamente imortal) é um bom filme de aventura e uma excelente prévia para X-Men – Dias de um Futuro Esquecido, que deve chegar aos cinemas em maio do ano que vem. 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Arte italiana no Rio

A cópia da Pietà

Dentro da programação Jornada Mundial da Juventude há pelo menos um evento capaz de agradar a todos os credos: trata-se da exposição A Herança do Sagrado, que traz ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) mais de cem obras vindas de diversos museus italianos, como a Pinacoteca e a Biblioteca do Vaticano, a Galleria Borghese e os Museus Capitolinos de Roma, o Museu Capodimonte de Napoli e a Galleria Palatina de Firenze, dentre outros. 

A mostra apresenta pinturas, esculturas, joias e relíquias divididas em quatro módulos temáticos: episódios da vida de Cristo, vocação dos apóstolos Pedro e Paulo, a Virgem Maria e vida dos santos. Alguns destaques são a Resurrezione de Tiziano e também a primeira representação conhecida do rosto de Cristo, obra de autor desconhecido cuja confecção é estimada entre os séculos III e V. Houve, ainda, uma preocupação em trazer obras que tivessem correlação com o Rio de Janeiro, como o São Sebastião de Guido Reni ou o relicário que abrigaria restos mortais do crânio do padroeiro da cidade.

Em primeiro plano o São Sebastião de Guido Reni e, à direita, o São Januario atribuído ao Caravaggio

Vale lembrar que algumas atrações são cópias ou atribuídas a seus autores, como é o caso das duas pinturas de Caravaggio presentes – quem já viu de perto trabalhos mais conhecidos de Michelangelo Merisi tem até dificuldade em reconhecer estas como sendo da mesma autoria. Também a bela Pietà que reina soberana em uma das salas é cópia da célebre escultura de Michelangelo Buonarroti que se encontra na Basilica di San Pietro (esta feita em 1975 para substituir a original durante sua restauração após um ataque de vandalismo). Feitas essas ressalvas, A Herança do Sagrado é uma bela exposição, que pode dar ao espectador uma breve ideia dos incontáveis tesouros presentes nos museus italianos.

O MNBA também tem seu acervo permanente e no momento ainda conta com uma interessante exposição com oratórios artesanais mineiros. Por fim, uma dica para quem é residente no Rio de Janeiro: esperem acabar a JMJ para visitar o museu com mais tranquilidade, já que a mostra segue até o dia 13 de outubro. O MNBA fica na Avenida Rio Branco 199 e funciona de terça a domingo, das 9h às 21h. A entrada é franca.

Cristo e l'Adultera, de Lorenzo Lotto

Ressurrezione, de Tiziano

Ao centro, o lindo relicário feito por Lorenzo Bernini

A primeira representação artística do rosto de Cristo

Uma das madonas do renascentista Bernardino di Betti, conhecido como Pinturicchio

Detalhe do São Sebastião de Guido Reni

O exótico relicário em forma de braço é de Lorenzo Ghiberti, o mesmo das portas douradas do Batistério de Firenze

domingo, 21 de julho de 2013

Todos querem ser o vilão do novo 007


As especulações sobre o novo 007 continuam a incendiar a mídia: depois da confirmação da permanência de Sam Mendes na direção, agora pipocam declarações de atores dos mais variados tipos e tendências ansiosos pela oportunidade de viver o vilão do 24º filme do agente com permissão para matar. Segundo artigo do jornal italiano La Repubblica, a fila de interessados engrossa a cada dia, deixando aos produtores um leque de escolhas que vão desde um herói de ação clássico como Bruce Willis até opções bem mais exóticas, como o comediante Steve Carell ou o ex-Harry Potter Daniel Radcliffe.

sábado, 20 de julho de 2013

The Walking Dead - trailer da 4ª temporada


Com um sucesso sempre crescente, vem aí uma nova temporada da série The Walking Dead. Esta quarta temporada estreia somente em outubro, mas o trailer bacana de mais de quatro minutos já está fazendo a alegria dos fãs. Confiram as primeiras imagens do retorno de Daryl, Rick, Michonne, Glen, Maggie e tantos outros que já fazem parte do imaginário popular. Reparem que o “governador” não aparece no trailer, o que parece indicar que o personagem estará na surdina aprontando seu retorno.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Saem indicações ao Emmy Awards


A segunda temporada da série de terror American Horror Story (Asylum) sai na frente nesta temporada de premiações televisivas, recebendo 17 indicações ao Emmy e batendo até mesmo a favorita Game of Thrones (com 16). Já o telefilme Behind the Candelabra, que traz Michael Douglas como Liberace e Matt Damon como seu jovem amante, obteve 15 indicações. Os ganhadores serão conhecidos na cerimônia do dia 22 de setembro. Ausências sentidas pelo A&S? Duas em especial: Bates Motel como melhor série e Mads Mikkelsen (Hannibal) como melhor ator.

Confiram abaixo os indicados nas principais categorias:

Melhor Série – Drama
Breaking Bad
Downton Abbey
Game Of Thrones
Homeland
House Of Cards
Mad Men

Melhor Série – Comédia
The Big Bang Theory
Girls
Louie
Modern Family
30 Rock
Veep

Melhor Minissérie ou Telefilme
American Horror Story: Asylum
Behind The Candelabra
The Bible
Phil Spector
Political Animals
Top Of The Lake

Melhor Ator em Série – Drama
Bryan Cranston (Breaking Bad)
Hugh Bonneville (Downton Abbey)
Damian Lewis (Homeland)
Kevin Spacey (House of Cards)
Jon Hamm (Mad Men)
Jeff Daniels (The Newsroom)

Melhor Atriz em Série – Drama
Vera Farmiga (Bates Motel)
Michelle Dockery (Downton Abbey)
Claire Danes (Homeland)
Robin Wright (House of Cards)
Connie Britton (Mad Men)
Kerry Washington (Scandal)

Melhor Ator em Série – Comédia
Jason Bateman (Arrested Development)
Jim Parsons (The Big Bang Theory)
Matt LeBlanc (Episodes)
Don Cheadle (House Of Lies)
Louis C.K. (Louie)
Alec Baldwin (30 Rock)

Melhor Atriz em Série – Comédia
Laura Dern (Enlightened)
Lena Dunham (Girls)
Edie Falco (Nurse Jackie)
Amy Poehler (Parks And Recreation)
Tina Fey (30 Rock)
Julia Louis-Dreyfus (Veep)

Melhor Ator Coadjuvante em Série – Drama
Bobby Cannavale (Boardwalk Empire)
Jonathan Banks (Breaking Bad)
Aaron Paul (Breaking Bad)
Jim Carter (Downton Abbey)
Peter Dinklage (Game Of Thrones)
Mandy Patinkin (Homeland)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série – Drama
Anna Gunn (Breaking Bad)
Maggie Smith (Downton Abbey)
Emilia Clarke (Game Of Thrones)
Christine Baranski (The Good Wife)
Morena Baccarin (Homeland)
Christina Hendricks (Mad Men)

Melhor Ator Coadjuvante em Série – Comédia
Adam Driver (Girls)
Jesse Tyler Ferguson (Modern Family)
Ed O’Neill (Modern Family)
Ty Burrell (Modern Family)
Bill Hader (Saturday Night Live)
Tony Hale (Veep)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série – Comédia
Mayim Bialik (The Big Bang Theory)
Jane Lynch (Glee)
Sofia Vergara (Modern Family)
Julie Bowen (Modern Family)
Merritt Wever (Nurse Jackie)
Jane Krakowski (30 Rock)
Anna Chlumsky (Veep)

Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme
Michael Douglas (Behind The Candelabra)
Matt Damon (Behind The Candelabra)
Toby Jones (The Girl)
Benedict Cumberbatch (Parade’s End)
Al Pacino (Phil Spector)

Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme
Jessica Lange (American Horror Story: Asylum)
Laura Linney (The Big C: Hereafter)
Helen Mirren (Phil Spector)
Sigourney Weaver (Political Animals)
Elisabeth Moss (Top Of The Lake)

A lista completa com todos os indicados você encontra aqui.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tese Sobre um Homicídio


Roberto Bermúdez é um brilhante advogado criminal que dá aulas em uma faculdade de Direito. Ele defende a tese de que um crime é revelado por meio de pequenos detalhes. Entre seus alunos está Gonzalo, filho de um amigo seu que sustenta a ideia de que as leis são concebidas para proteger os poderosos e não para promover a justiça. Quando uma jovem é brutalmente assassinada a poucos passos da faculdade, Roberto é um dos primeiros a chegar à cena do crime e passa a analisar cada detalhe, logo compreendendo que o crime é uma provocação e um desafio a seu intelecto.

A clássica trama do criminoso que quer provar que possui uma inteligência superior e é perfeitamente capaz de sair impune de um crime, ao mesmo tempo em que desafia intelectualmente um oponente que admira. Pensou em Festim Diabólico? Tese Sobre um Homicídio parte mais ou menos dessa linha de argumento, porém sem o confinamento espacial e a suposta ausência de cortes, que, no final das contas, foram os elementos que de fato tornaram tão célebre o longa de Alfred Hitchcock.

Já este filme do diretor Hernán Golfrid, embora não reinvente a roda, também tem os seus atrativos. O principal deles, obviamente, é ter Ricardo Darín como protagonista. Darín chegou a um patamar em que chega ser redundante discorrer sobre seu carisma e talento. É sempre um prazer vê-lo em cena, e ponto. Alberto Amman (de Lope) faz um contraponto interessante com seu jeito cínico e também a atmosfera de uma Buenos Aires noir é muito bem concebida, conferindo ao longa um toque de mistério e elegância. Está certo que as motivações do assassino poderiam ser mais aprofundadas e que o roteiro pesa a mão diversas vezes, fazendo com que o protagonista tenha insightsque beiram a mediunidade (como na cena da farmácia), mas, por outro lado, a trama consegue fugir do óbvio ao encher Roberto de ambiguidades morais e manias conspiratórias que deixam o espectador sempre meio em dúvida quanto à veracidade de suas certezas.


O cinema argentino, mesmo quando não é brilhante, mantém um padrão de qualidade muito acima da média. Tese Sobre um Homicídio não é um filme que transcende o gênero policial, como O Segredo dos Seus Olhos, mas, de um modo geral, é um thriller eficiente. O filme entra em cartaz somente no dia 26, mas tem pré-estreias em várias cidades já a partir desta sexta. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Mendes, Sam Mendes

Sam Mendes, Javier Bardem e Daniel Craig em momento de descontração na première britânica de Skyfall

Está confirmado: depois da unanimidade alcançada com Operação Skyfall, o cineasta Sam Mendes voltará a encontrar-se com Daniel Craig para o próximo longa do agente 007, o 24° da franquia. O filme, que tem o título provisório de Bond 24, tem previsão de estreia somente para outubro de 2015, mas as especulações já rolam soltas. A mais frequente delas aponta Penelope Cruz como a próxima Bond Girl. Seria curioso, já que seu marido, Javier Bardem, foi o vilão de Operação Skyfall.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Bela Que Dorme


Estreia nesta sexta o novo filme de Marco Bellocchio (Bom Dia, Noite e Vincere), uma ficção que tem como pano de fundo uma história real que polarizou a opinião pública italiana ao longo de muitos anos: Eluana Englaro tinha apenas vinte e dois anos quando sofreu um acidente de carro que a deixou em estado vegetativo e se tornou símbolo de uma longa batalha entre militantes pró e contra eutanásia. A questão se arrastou na justiça por 17 anos – com reviravoltas que incluíram até uma intervenção do então premier Silvio Berlusconi – até que, em 2009, Beppino Englaro finalmente ganhou o direito de remover o tubo de alimentação para que a filha morresse naturalmente.

Neste La Bella Addormentata, ambientado às vésperas da decisão definitiva sobre o caso, a situação de Eluana é o ponto de partida para uma reflexão mais ampla a respeito da vida e da morte. No calor das manifestações, as histórias personagens com opiniões diversas sobre o assunto se sobrepõem: um senador precisa decidir entre votar de acordo com seu partido ou com a própria consciência; sua filha Maria, uma ativista pró-vida, vai para as ruas protestar e se envolve com Roberto, que não liga muito para política, mas precisa ficar de olho no irmão mais novo, bipolar e afeito a acessos de raiva; uma famosa atriz se apoia na fé e acredita na recuperação da filha, em coma irreversível há anos, enquanto seu outro filho e seu marido sentem-se excluídos e abandonados; por fim, uma viciada em drogas quer morrer e encontra um jovem médico determinado a salvar sua vida a todo custo.

O mais interessante no filme é o modo como Bellocchio dá voz a todos os pontos de vista, sem fazer juízo de valor a respeito de nenhum e muito menos induzir o espectador em favor de um ou outro personagem. Embora esse olhar imparcial possa não agradar a todos, é sempre interessante quando um cineasta deixa a seu público a tarefa de tomar um partido. Ou não. O filme não quer provar uma tese nem apontar protagonistas e antagonistas e sim mostrar que em discussões complexas assim não existem realmente conceitos como “certo” ou “errado”. Porém o grande paradoxo é que a maior qualidade do filme acabe minando um pouco de seu impacto também, por vezes fazendo com que tudo pareça asséptico demais.


O ótimo elenco é encabeçado por Toni Servillo – talvez o melhor ator italiano da atualidade – e pela diva francesa Isabelle Huppert, trazendo, ainda, alguns jovens atores italianos em ascensão, como Maya Sansa, Alba Rohrwacher e Michele Riondino.

Quando apresentado em Veneza, na edição passada, o filme foi recebido com muito entusiasmo e ovacionado durante dezesseis minutos. Estranhamente, saiu do Festival sem nenhum "Leão", tendo que se contentar com dois prêmios menores: o Brian (para filmes de valor humanitário ou social) e o Marcello Mastroianni (para jovens atores) dado a Fabrizio Falco. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Cavaleiro Solitário


O Cavaleiro Solitário foi um daqueles filmes que levou tanto tempo para ficar pronto que as pessoas quase se esqueceram de que ele estava sendo feito. Mas certamente não os estúdios Disney, que viam o orçamento estourar e as filmagens se atrasarem a cada dia, tendo, inclusive, paralisado a produção por algum tempo. Eis que finalmente o filme mais caro deste ano chega aos cinemas.

Muita gente se recorda do Cavaleiro Solitário – ou Lone Ranger – graças a um seriado de TV produzido nos Estados Unidos entre 1949 e 1957 (aqui no Brasil, veiculado no início dos anos 60). Mas sua origem é ainda mais antiga, já que o caubói mascarado foi originalmente criado para uma novela de rádio nos anos 30 e, antes de ganhar as telinhas, também estrelou diversas HQ’s. Mais do que o índio Tonto ou o cavalo branco Silver, o grande ícone do seriado era a característica abertura ao som de William Tell Overture, de Rossini.


O filme dirigido por Gore Verbinski e estrelado por Armie Hammer e Johnny Depp vai buscar as origens do protagonista: como ele virou um justiceiro, seu encontro com o índio Tonto, o porquê da máscara, etc. Desde o princípio fica muito evidente a tentativa do diretor em recriar seu filme mais famoso, Piratas do Caribe. A começar por Tonto, que parece Jack Sparrow em versão indígena. Conforme o filme avança, é inevitável a sensação de déjà vu: os mesmos cacoetes, piadinhas fora de hora, caracterização pop para revisitar um gênero tradicional, enfim, Verbinski fez basicamente o mesmo filme. O problema é que muita coisa que funcionou em Piratas do Caribe ficou forçado e sem graça quando transposto para o velho oeste – talvez por já não ser novidade – e, assim, o filme fracassa como paródia e perde a oportunidade de ser um western autêntico.

Fora isso, algumas decisões permanecem inexplicáveis: por que escalar uma atriz talentosa como Helena Bonham Carter para um personagem dispensável e que só aparece em duas sequências? Por que realizar um filme de duas horas e meia de duração, dessa forma afastando o público infanto-juvenil que poderia ser uma via de escape para salvar as bilheterias? Considerando que não há uma trama complexa que justifique a metragem excessiva, certamente quarenta minutos a menos deixariam o ritmo menos claudicante e o produto final um pouco mais vendável.


O que sobra de interessante? Vejamos. Johnny Depp, mesmo repetindo Jack Sparrow, é uma figura simpática e um ator eficiente (imaginem o mesmo filme com Adam Sandler no papel). Armie Hammer tem lindos olhos azuis que podem suscitar algum interesse estético, assim como a fotografia bonita e direção de arte idem. Perto do desfecho, a enorme sequência da perseguição ao trem torna-se bacana de ver na telona pelo fato de ser embalada pela já citada música-tema. Mas esses parcos e esparsos pontos de interesse justificam tantos milhões investidos? 

Uma curiosidade: o pessoal que era criança nos anos 60 conheceu o Lone Ranger como “o Zorro de revólver”. Isso porque o personagem foi erroneamente batizado de Zorro quando chegou à TV, criando uma enorme confusão quando começaram a passar filmes do Zorro de verdade, que passou a ser chamado de “Zorro de espada”. 

sábado, 6 de julho de 2013

Milano, a metrópole do Norte

Piazza del Duomo

Milano, cidade da moda, do design e dos grandes negócios. Certa vez ouvi um italiano dizer que não entendia porque os estrangeiros gostavam de visitá-la, já que não é uma cidade turística. Exatamente. Milano é uma cidade bonita, limpa, que possui um transporte eficiente e é destino primordial na Itália para quem está no país por razões profissionais ou na intenção de cursar algo relativo à arquitetura ou ao design, mas está longe de ser uma cidade tradicionalmente turística. Porém todas as cidades italianas possuem seus pontos de interesse, então vamos destacar algumas boas pedidas à milanesa.

Certamente o principal e mais famoso cartão postal da capital da Lombardia é a Piazza del Duomo, que é considerado um dos mais bonitos do país. Construída em estilo gótico a partir do século XIV, esta catedral chama atenção de longe por suas agulhas de mármore apontando para os céus. Mais interessante do que seu interior é a vista de que se tem do telhado, bem sugestiva graças aos entalhes de figuras bizarras e imagens santas que parecem voar sobre a cidade. Há dois modos de subir, pelas escadas ou de elevador. A não quer que você tenha algum problema de mobilidade, vá de escada mesmo. É mais barato e não chega a ser cansativo. Sem contar que subir numa construção gótica por meios modernos tira todo o barato da coisa.

O telhado do Duomo di Milano

Ali bem pertinho do Duomo (à direita de quem sai dele) fica a Galleria Vittorio Emanuele, espaço chique que remete à atmosfera de sofisticação da cidade, com suas lojas de grife e seus cafés de inspiração parisiense. O clássico teto em vidro e metal já foi copiado em muitas construções posteriores. Não deixe de reparar também o lindo chão de mármore e mosaicos. Partindo deste ponto central da cidade, o visitante pode aproveitar para bater perna nas incontáveis lojas da Via Torino e também nas do Corso Vittorio Emanuele II, onde encontrará uma boa concentração do rico e variado comércio da cidade.

Outra atração que se alcança a partir da Piazza del Duomo com uma caminhada de quinze minutos ou algumas poucas estações de metrô é o Castello Sforzesco, antiga sede da corte milanesa construído no século XV por Francesco Sforza. Este autêntico castelo medieval, com direito a fosso e ponte levadiça, abriga hoje em dia uma pinacoteca, uma biblioteca e vários museus de arte antiga. À metade do caminho entre a Piazza del Duomo e o Castello Sforzesco também se encontra a sede do Piccolo Teatro Grassi (Via Rovello 2). Quem sabe você dá a sorte de passar ali em um dia de espetáculo?

Detalhe da muralha do Castello Sforzesco

Ainda sobre arte e cultura, a cidade tem duas pinacotecas muito prestigiadas: a di Brera e a Ambrosiana. Também pertence a Milano a honra de possuir o afresco mais famoso de Leonardo Da Vinci, Il Cenacolo – conhecido por nós como A Última Ceia. A obra se encontra na igreja Santa Maria delle Grazie, mas atenção: é praticamente impossível conseguir um ingresso de improviso. Eu visitei Milano no fim de novembro, ou seja, totalmente fora de temporada, e só havia ingressos disponíveis para três dias depois.

Por fim, uma reflexão pessoal (e ninguém é obrigado a concordar): em nenhuma outra cidade italiana que eu visitei (e foram muitas, mais de vinte) me pareceu tão intensa essa necessidade de ser mais europeu do que italiano. Os milaneses, de um modo geral, parecem tão preocupados em serem chiques e internacionais que acabam sacrificando um pouco de sua identidade e charme tipicamente italianos.

Confiram outras fotos:

Milano vista do telhado do Duomo

O interior do Duomo, construído em estilo gótico

O Duomo e uma das entradas da Galleria Vittorio Emanuele (à esquerda)

O famoso teto da Galleria Vittorio Emanuele

Detalhe do chão, recoberto de mosaicos

O simpático espaço cultural do Piccolo Teatro Grassi

O Castello Sforzesco e sua bela paisagem outonal 

Reparem na ponte levadiça

Santa Maria delle Grazie, igreja onde se encontra Il Cenacolo

Infelizmente, isso foi o mais perto que eu cheguei do famoso afresco

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Destaques do primeiro semestre

Esse ano, em vez de listar os dez filmes mais interessantes do ano, o A&S resolveu destacar cinco por semestre. Seguem os eleitos:

1 - Antes da Meia-Noite (Before Midnight)


De nove em nove anos nos reencontramos com eles: Jesse e Celine, o casal mais verdadeiro das telas de cinema. Eles se conheceram em um trem, passaram uma noite juntos em Viena, ficaram quase uma década sem se ver, ele escreveu um livro, ela compôs uma valsa, ela foi atrás, eles discutiram a relação, ele perdeu o avião... agora o espectador vê o resultado desse amor possível, complicado e cheio de altos e baixos. Emoção em estado puro através de um filme que não poderia ser mais simples em termos de produção.

2 - Cesar Deve Morrer (Cesare Deve Morire)


Este fabuloso docudrama dos irmãos Vittorio e Paolo Taviani se desenrola durante os ensaios para uma montagem de Julio Cesar, de Shakespeare. Inusitadas são as circunstâncias, já que o cenário é uma prisão de segurança máxima nos arredores de Roma e o elenco é formado por detentos de alta periculosidade. Com situações encenadas e personagens e locações reais, o filme encanta justamente porque parte de um argumento simples para fazer uma reflexão interessante sobre o poder transformador e/ou ilusório da arte e, de quebra, ainda confirma a impressionante atualidade das palavras do bardo, que se aproximam do universo dos detentos. Assim, o grande general romano se assemelha mais a um chefão da Camorra do que a um personagem histórico e as conspirações do senado romano soam como uma vendetta mafiosa. 

3 - A Caça (Jagten)


Pungente e bastante incômodo, o longa de Thomas Vinterberg se debruça sobre o outro lado da uma sociedade que busca a todo custo proteger a inocência de suas crianças, ou seja, quando uma acusação injusta e infundada atinge um homem inocente. Com certeza a pedofilia é uma das grandes feridas da sociedade e deve ser combatida com todas as forças, mas o que acontece quando isso se transforma em uma caça às bruxas cega e uma mera acusação sem maiores fundamentos se transforma numa condenação mais pesada do que uma condenação legal?  

4 - Django Livre (Django Unchained)


Nem só os filmes-cabeça brilharam no circuito neste primeiro semestre. Django Livre é um caldeirão de aventura, bom humor, sangue e suor. Uma mistura bem dosada de cinemão e irreverência, capitaneada pelo enfant terrible Quentin Tarantino e com marcantes atuações de Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio e Jamie Foxx e Samuel L. Jackson. Tarantino não entregava um produto tão delicioso assim desde Pulp Fiction. 

5- As Sessões (The Sessions)


Partindo de uma história real, o filme narra as desventuras do poeta e escritor Mark O’Brien, que, devido às sequelas de uma poliomielite contraída na infância, possuía mobilidade somente do pescoço para cima. Aos 38 anos, Mark começa a tomar consciência da sua sexualidade reprimida e, ajudado por uma inusitada terapeuta, inicia um processo de autodescoberta que lhe exigirá uma boa dose de coragem.  Um ótimo filme de atores, que projeta otimismo e vontade de viver sem nenhum ranço de pieguice, moralismo ou paternalismo hipócrita.