sexta-feira, 13 de março de 2015

Blind


Exibido nos Festivais de Sundance, Berlim e do Rio, chega aos nossos cinemas em circuito reduzidíssimo este belo e intrigante longa norueguês. Blind ultrapassa as barreiras de seu sugestivo título e cria um leque de sensações que acaba por envolver o próprio espectador. 

Depois que a visão lhe abandonou, Ingrid reluta em sair de casa e passa os dias a tomar chá diante de uma janela através da qual não pode ver mais nada. Ela desenvolve, ainda, a incômoda impressão de que o marido volta para casa silenciosamente para observá-la. Já Einar tem problemas afetivos e não consegue se aproximar do sexo oposto, o que faz com que ele consuma pornografia compulsivamente e desenvolva fantasias secretas com mulheres que vê pelas ruas.  Elin deixou suas raízes e amigos na Suécia por conta de um amor e agora que a relação terminou, leva uma vida solitária e triste em Oslo. O que estes dois personagens teriam em comum com Ingrid, além da solidão?

O filme parece a princípio se resumir a um (bom) drama existencial, porém não tarda a apresentar novas e inesperadas camadas. O roteiro esperto coloca em evidência a percepção que cada um tem da realidade através de um hábil jogo de verdadeiro ou falso, que se torna sempre mais intenso conforme avança a projeção. Vale destacar, ainda, a estética do filme e como sua luminosa fotografia destaca a atriz Ellen Dorrit Petersen, mais uma vez trazendo o espectador para dentro da trama ao colocá-lo em uma posição de voyeurismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário