Não podemos desprezar o poder da inversão de expectativa. Tudo que eu lia e sabia antecipadamente deste Dylan Dog e as Criaturas da Noite, que estreou nos EUA em abril, me desanimava um pouco mais a cada dia. A escolha do ator-protagonista me soava equivocada, as imagens veiculadas pareciam tender ao terrorzinho barato e, principalmente, a supressão de um dos personagens centrais da trama cheirava a heresia completa e irrestrita. Para completar, a direção foi entregue a Kevin Munroe, cujo único longa anterior é Tartarugas Ninja – O Retorno. Do alto da minha condição de fã dos quadrinhos que inspiraram o filme, já tendia a desgostar dele antes mesmo de tê-lo visto. Mas não é que o longa, no final das contas, até se mostrou digno?
Pouco conhecidas por aqui, as surreais aventuras do detetive mediador entre o mundo dos vivos e dos mortos são objeto de verdadeiro culto em seu país de origem, a Itália. Provavelmente não existe um italiano de até seus quarenta anos que nunca tenha lido ao menos um fumetto de Dylan Dog. Criado nos anos 80 por Tiziano Sclavi e publicado ininterruptamente desde então, o personagem pode ser descrito como um Sherlock Holmes de ares bogartianos que vive no universo dos irmãos Winchester do seriado Supernatural. Mas Dylan não é um caçador de monstros, pelo contrário; é a ele que os mortos recorrem quando tem algum problema. Para completar, o cara é assessorado por uma figura bufa chamada Groucho – uma espécie de mordomo com direito a bigodão ao estilo Groucho Marx. Doido? Com certeza, o bagulho é doido mesmo. Mas é justamente isso que vem apaixonando os fãs há três décadas.
Pouco conhecidas por aqui, as surreais aventuras do detetive mediador entre o mundo dos vivos e dos mortos são objeto de verdadeiro culto em seu país de origem, a Itália. Provavelmente não existe um italiano de até seus quarenta anos que nunca tenha lido ao menos um fumetto de Dylan Dog. Criado nos anos 80 por Tiziano Sclavi e publicado ininterruptamente desde então, o personagem pode ser descrito como um Sherlock Holmes de ares bogartianos que vive no universo dos irmãos Winchester do seriado Supernatural. Mas Dylan não é um caçador de monstros, pelo contrário; é a ele que os mortos recorrem quando tem algum problema. Para completar, o cara é assessorado por uma figura bufa chamada Groucho – uma espécie de mordomo com direito a bigodão ao estilo Groucho Marx. Doido? Com certeza, o bagulho é doido mesmo. Mas é justamente isso que vem apaixonando os fãs há três décadas.
No longa, Dylan deixou Londres pela Louisiana e se aposentou dos casos sobrenaturais depois que sua amada foi morta por criaturas do além e ele perdeu seu status de homem de confiança dos seres sobrenaturais. Agora ele se dedica a investigações menos polêmicas, como flagrantes de adultério. Mas o misterioso assassinato de um rico contrabandista de artefatos raros faz com que ele, mesmo a contragosto, volte a ser o mediador entre seres humanos e mortos-vivos.
Como filme, Dylan Dog tem pontos positivos e negativos. O que mais faz falta é a presença do irônico Groucho. Com suas tiradas sarcásticas e totalmente fora de hora, o personagem é um dos toques de bizarrice mais interessantes das histórias. Tampouco Brandon Routh – mais conhecido como “o Superman que não deu certo” – pode ser considerado a melhor escolha para o papel. O ator devidamente caracterizado até fica parecido com o Dylan Dog dos quadrinhos, mas deixa a desejar na interpretação. Sem contar que o intérprete ideal deveria ser um pouquinho mais velho e menos marombado. O destaque no elenco fica por conta do ótimo Sam Huntington como o atrapalhado ajudante Marcus - ironicamente, Huntington havia sido Jimmy Olsen no Superman de Brandon Routh.
O filme peca ainda por ser mais referencial do que seria necessário a sucessos do momento, em especial ao seriado True Blood. Mas nem todas as intertextualidades são negativas: uma que foi muito bem sacada, por exemplo, foi a ideia de batizar uma das criaturas como Sclavi, numa divertida homenagem ao criador dos quadrinhos, Tiziano Sclavi. Resumindo: embora seja bastante infiel à HQ, o filme se salva porque teve o bom senso de manter intactos o humor negro e o tom de deboche que são os aspectos mais característicos do Dylan Dog original.
O filme peca ainda por ser mais referencial do que seria necessário a sucessos do momento, em especial ao seriado True Blood. Mas nem todas as intertextualidades são negativas: uma que foi muito bem sacada, por exemplo, foi a ideia de batizar uma das criaturas como Sclavi, numa divertida homenagem ao criador dos quadrinhos, Tiziano Sclavi. Resumindo: embora seja bastante infiel à HQ, o filme se salva porque teve o bom senso de manter intactos o humor negro e o tom de deboche que são os aspectos mais característicos do Dylan Dog original.
Vale uma conferida, desde que se mantenha o espírito da diversão e não se vá ao cinema com a expectativa ver a adaptação que o personagem merecia. E eu não consigo deixar de imaginar uma coisa: que filmaço Dylan Dog poderia ser nas mãos de um diretor como Sam Raimi. Pronto, falei.
Sexta nos cinemas.
Erika, jamais folheei as páginas em HQ do personagem, mas conheci um pouco da história quando notícias sobre a adaptação para cinema começaram a aparecer. Não tenho expectativas e as exibições dubladas nos cinemas mais próximos só me desanimaram. Também não gosto de Brandon Routh e, lendo a sinopse aqui, dá mesmo a sensação de que Sam Raimi deitaria e rolaria com um material deste. Ou mesmo Guillermo Del Toro.
ResponderExcluirUm beijo.
Alex,
ResponderExcluirExibir esse filme com cópia dublada para mim beira a insanidade, felizmente eu tive oportunidade de vê-lo com som original. A HQ é ótima e, conforme eu disse no post, trata-se de uma verdeira paixão para os italianos.
Bjs