quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Magia ao Luar


Woody Allen é um sujeito espantoso. Desde o início da sua carreira, vem entregando um novo filme a cada ano, com raras exceções – na verdade, o último ano em que ele deixou de lançar um filme foi 1981. Do alto dos seus 79 anos, o cineasta nova-iorquino mantém a vitalidade e a alegria de filmar. Naturalmente, com tal média nem todos os seus trabalhos podem ser geniais. Pois bem. Depois do furacão Blue Jasmine, é a vez do pálido Magia ao Luar.

Ambientado nas paisagens bucólicas do sul da França e nos charmosos anos 20, a trama gira em torno de Stanley, um grande mestre do ilusionismo que é famoso também por desmascarar charlatães e falsos profetas. Convidado por um velho amigo a usar suas habilidades para livrar uma rica família da influência nociva de uma jovem médium, Stanley parte cheio de certezas e logo começa a se sentir-se perdido, à medida que examina de perto a moça e não consegue refutar suas impressionantes demonstrações psíquicas. Teria ele se enganado a vida inteira?

Woody Allen tem uma série de temas recorrentes, isso não chega a ser uma surpresa e muito menos um problema. O que decepciona aqui é o modo como tudo parece uma cópia desbotada de situações e personagens mostrados com mais graça em outros filmes do próprio Allen. A trama é o máximo da previsibilidade, embora seja interessante a correlação entre os truques de mágica e as ilusões que cada um aceita de bom grado para a própria vida. O roteiro fica no meio do caminho, pois não tem nem o sarcasmo demolidor de Blue Jasmine e nem o romantismo irresistível de Meia-Noite em Paris. E para um filme que tem magia no título, não encantar o espectador é pecado grave.


Colin Firth é ótimo ator e faz o que pode para segurar as pontas com seu personagem arrogante e cabeça-dura, mas tem pouco apoio à sua volta, já que precisa contracenar com uma Emma Stone afetadíssima e caricata e um elenco coadjuvante sem brilho. Contudo, o filme não chega a ser desagradável de se assistir. Woody Allen, ainda assim, consegue rechear o vazio da trama com belas paisagens, boa música, direção de arte caprichada e uma ou outra tirada divertida. Se o cineasta realmente vem intercalando seus grandes filmes com outros dispensáveis, a boa notícia é que o próximo será melhor. Aguardemos e torçamos para que assim seja. 

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