terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Homens, Mulheres e Filhos


Muito já foi dito sobre as facilidades e armadilhas de um mundo excessivamente conectado, no qual as pessoas deixam que estranhos tenham acesso à sua intimidade de um modo que não deixariam na vida real. O argumento proposto por Jason Reitman em seu mais recente filme, embora esteja longe de ser novo, é desenvolvido de maneira envolvente e muito relevante.

Com uma estrutura multiplot, acompanhamos um grupo de jovens do ensino médio, seus pais e as diferentes reações de cada um deles aos novos modelos sociais regidos pela internet. Enquanto a mãe de Hanna é permissiva a ponto de deixar a filha se expor em um site que beira a criminalidade, a de Brandy é obcecada em monitorar cada minuto do dia da filha, rastreando exaustivamente suas mensagens e seus perfis de redes sociais. Don encontra na pornografia uma válvula de escape, mas se assusta ao descobrir os mesmos hábitos no filho de 15 anos. Já Kent não entende como Tim pode preferir jogos virtuais ao time da escola.

Através de personagens em busca de afirmação, afeto ou identidade, sejam pais ou filhos, o roteiro discute os dois lados da moeda de tudo que se pode obter com um simples clique. Parece muito difícil para os personagens encontrar o equilíbrio entre uma cruzada burra contra o inevitável uso da tecnologia e a desatenção que pode desencadear uma exposição indesejada. Afinal de contas, como lidar com algo que nem mesmo a legislação regula corretamente?

Depois de um longa anterior muito abaixo de seu habitual padrão de qualidade (o decepcionante Refém da Paixão), Jason Reitman volta à boa forma com esta trama bastante atual. É preciso, ainda, parabenizar o seu talento para a direção de atores. Reitman é tão bom que consegue fazer uma limonada de limões como Adam Sandler e Jennifer Garner.

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