quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Livre


Chega aos cinemas Livre, filme que vem sendo exaustivamente comparado a Na Natureza Selvagem. Claro que a semelhança dos títulos em inglês (Wild / Into the Wild) reforça ainda mais essa impressão, mas Livre não se limita a ser uma versão feminina do filme de Sean Penn, mesmo porque a abordagem da história e as motivações dos personagens são diferentes. Baseado em uma experiência real, a trama acompanha a solitária travessia de uma americana de vinte e poucos anos através de uma longa e exaustiva trilha. Cheryl acredita que será capaz de superar traumas emocionais e encontrar a paz através da exaustão física. Assim como os peregrinos que buscam se purificar no Caminho de Santiago, ela espera renascer ao fim dos quase dois mil quilômetros da Pacific Crest Trail.

O canadense Jean-Marc Vallée entrega um filme bem mais interessante do que o seu longa anterior, Clube de Compras Dallas. Neste novo trabalho, felizmente Vallée consegue evitar a manipulação sentimental e tratar a trama de modo adulto. Não que seja um filme revolucionário em algum sentido, mas é um drama bastante honesto que vale o ingresso. O argumento poderia ter resultado em mais uma história de superação piegas, mas o roteiro hábil de Nick Hornby e a entrega de Reese Witherspoon à personagem não deixam o filme cair no lugar-comum.

Sobre Reese, é bom ver que a atriz não se acomodou após vencer seu Oscar e está indo além das comédias românticas e propagandas de cosméticos. Esta personagem (em conjunto com a Juniper de Amor Bandido) mostra que a legalmente loura sempre pode surpreender. Reese foi indicada ao Globo de Ouro como melhor atriz. Perdeu para a imbatível Julianne Moore, situação que provavelmente se repetirá no Oscar, mas não diminui em nada a beleza de sua atuação.

2 comentários:

  1. Bem metafórico, Livre é um filme que vale a pena e que apenas usa uma peregrinação pelo deserto como um simples detalhe, pois tudo o que valia era um testemunhar sobre os percalços precoces que assolam a vida de um ser humano e que o mesmo tenta, em gestos desesperadores, encontrar forças em qualquer lugar. Sendo assim, é a vida que segue.

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  2. Eu gostei demais de "Livre", especialmente da honestidade como é mostrada essa travessia exaustiva em busca de um recomeço, da superação após um passado marcado por tragédias e escolhas erradas. Pena que uma boa parte da crítica brasileira, talvez invocada com a obra de Jean-Marc Vallée, esteja reduzindo os valores que há por trás dessa escolha de um indivíduo se isolar do mundo e (re)encontrar a si mesmo através de uma peregrinação. E que bom saber que você apreciou o trabalho de Reese Witherspoon. Eis aqui o retorno completo daquela atriz me encantei assim que a vi pela primeira vez em "Eleição". Que venham mais trabalhos assim a partir de agora.

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