quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Whiplash – Em Busca da Perfeição


Andrew tem 19 anos, estuda em um conservatório e tem um único objetivo na vida: tornar-se uma lenda na bateria. Determinado a atingir a perfeição, pratica diariamente. Mas a pressão que ele impõe a si mesmo não é nada diante da que passa a sofrer depois de ser escolhido para participar da prestigiada banda de jazz da escola, conduzida pelo temido Terence Fletcher, famoso por forçar seus músicos aos limites de exaustão física e mental. Até onde vai o perfeccionismo antes de resvalar na loucura? 

A princípio parece uma história edificante sobre um músico determinado e o maestro rigoroso que, com seus métodos pouco ortodoxos, o empurrará rumo à excelência. Logo percebemos que (felizmente) a tônica do filme não é exatamente essa. Ao contrário do que sugere o subtítulo em português, interessa mais ao roteiro de Whiplash falar de limites e obsessão do que de perfeição. Fletcher – interpretado com som e fúria pelo ótimo J. K. Simmons – é abusivo, cruel e faz do bullying um método de trabalho. O interessante é que tampouco o jovem Andrew se enquadra do perfil do mocinho, já que também ele sabe ser arrogante sempre que tem uma oportunidade. Com uma abordagem semelhante à feita em filmes como Shine e Cisne Negro, Whiplash evita o preto no branco e trabalha em zonas cinzentas.

Este é o segundo longa de Damien Chazelle, que escreveu e dirigiu o filme tendo como ponto de partida seu curta homônimo. Com apenas 29 anos, Chazelle mostra competência de veterano e entrega um trabalho vigoroso e lindamente realizado sob todos os aspectos – a sequência final é para aplaudir de pé. O filme venceu o Sundance Film Festival 2014 e teve uma única indicação ao Globo de Ouro (melhor ator coadjuvante para J. K. Simmons). Merecia mais atenção. 

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