quinta-feira, 8 de julho de 2010

Shrek Para Sempre


Manter o bom nível de uma franquia de sucesso por nada menos que quatro filmes não é tarefa para qualquer um. Poucos filmes chegam a seu terceiro episódio com fôlego e energia para mais. Para provar que é sempre prematuro decretar que uma série não tem mais o que mostrar, este Shrek Para Sempre volta renovado em seu capítulo final. Após o fraquinho Shrek Terceiro, o ogro verde ressurge nas telas em crise existencial em uma nova e criativa aventura que contempla universos paralelos e seus desdobramentos metafísicos.

Shrek está com a vida mansa. Casado, pai de três filhos, celebridade local. Antes temido, agora atração turística. Enfadado com a rotina, relembra com saudosismo dos seus dias de monstro solitário. Era a chance que o maligno Rumpelstiltskin (referência a um duende malvado de um conto dos irmãos Grimm) esperava. O vilão ludibria Shrek com um pacto mágico onde ele teria um dia inteiro só para ele e, em troca, teria que dar um dia de seu passado para o bruxo. É quando o ogro acorda em uma versão alternativa da história e descobre que não existe de fato, já que Rumpelstiltskin se apropriou justamente do dia de seu nascimento. Sem nunca tê-lo conhecido, Fiona teve que fugir sozinha da torre do dragão e se tornou uma guerreira, o Burro ganha a vida puxando carruagens de bruxas e o Gato de Botas é um animal domesticado com sérios problemas de obesidade. Para que tudo volte ao normal e ele não desapareça ao fim daquele dia, Shrek deve fazer com que Fiona se apaixone por ele e o beije, assim quebrando o contrato mágico.

Como já anunciado em seu próprio cartaz, este Shrek Para Sempre é o capítulo final da saga do monstrengo mais gente boa da sétima arte. Recebido com injusta má-vontade pela crítica norte-americana, o filme é um final à altura para a bem-sucedida franquia e coroa com dignidade a acertada decisão de por fim à série – afinal de contas, ninguém quer que personagens tão bacanas sejam sugados à exaustão e se tornem pastiches de si mesmos. A trama com toques de ficção científica é outro acerto, já que permite possibilidades bem interessantes, como conhecer outra versão dos personagens em um mundo não afetado por Shrek. Destaque para a hilária versão obesa do Gato de Botas. Podemos até dizer que o filme tem pegada filosófica, o que não impede que o roteiro tire sarro de si mesmo. Um exemplo disso é quando Rumpelstiltskin diz a Shrek que o fato dele estar ali sem nunca ter nascido é o que se chama de paradoxo científico. Muito bom. Talvez algumas coisas não sejam captadas pelos pequenos, mas tudo bem. Eu, particularmente, sempre achei Shrek muito mais direcionado ao público adulto mesmo.

A versão mostrada para a imprensa foi a dublada, que é correta, com interpretação especialmente eficaz para Shrek e Fiona. A voz de Eddie Murphy como o Burro sempre faz falta (é, de longe, o melhor trabalho já feito pelo comediante americano) e também não pega muito bem ouvir o Gato de Botas falando português, já que o tempero latino é o grande charme do personagem – lembrando que no original há um espanhol legítimo, Antonio Banderas, por trás do personagem. Mas as cópias dubladas são decisões mercadológicas que pouco tem a ver com o filme em si. Qualquer que seja o idioma, Shrek Para Sempre é ótima diversão para toda a família, mantendo o bom nível de citações e piadas, mas tampouco esquecendo as boas doses de romance e ternura mostrados nos dois primeiros filmes. Valeu, Dreamworks!

Amanhã nos cinemas.

Um comentário:

  1. 'Shrek' sempre gera uma boa diversão... mas nada perto do que a Pixar nos oferece!

    http://mini-critic.blogspot.com/

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