terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vincere


Ida Dalser conhece Benito Mussolini quando este ainda é apenas um jornalista e militante socialista. Apaixonada pelo homem e encantada por suas idéias, ela vende tudo que possui para contribuir com a fundação do jornal Il Popolo d’Italia e, consequentemente, com a criação do Partido Fascista. Ele a pede em casamento e ela engravida, mas termina por descobrir que Mussolini tem outra esposa oficial. Abandonada e inconformada, Ida acaba sendo escondida em um hospício para que não faça mais escândalos que comprometam a imagem do Duce. Exibido em competição do Festival de Cannes do ano passado.

Como é possível que um filme que conta uma história verídica tão explosiva tenha chegado a um resultado final tão sem graça? Ainda mais considerando que à frente da produção estava Marco Bellocchio, que já havia feito bonito em outro filme de cores políticas (Bom Dia, Noite, premiado no Festival de Veneza e no European Film Awards em 2003).

Vincere segue o caminho fácil do novelão das lágrimas abundantes, do coração partido, e tudo isso da forma mais melodramática possível. Desde os demorados e constantes closes na expressão de mártir de Giovanna Mezzogiorno até a trilha sonora de ares operísticos, a tendência geral do roteiro é dar mais espaço ao sofrimento da mulher abandonada do que ao alto grau de corrupção de um governo que permitiu que um escândalo de tal magnitude fosse totalmente abafado. Apesar do mérito óbvio de divulgar para o mundo essa história pouco conhecida, Vincere, como obra cinematográfica, é decepcionante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário