quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Megamente


Com a aposentadoria do ogro Shrek, eis que a Dreamworks dá ao público um novo anti-herói esquisito para amar: um alienígena azul, cabeçudo e com sérios problemas de ortografia. Com a iminente destruição de seu planeta, o bebê Megamente é posto numa cápsula espacial, tendo como únicas companhias sua chupeta e um servo – um peixe dentuço chamado simplesmente de Criado. Desde pequeno, Megamente é azarado. Sua nave aterrissa numa penitenciária e ele é adotado pelos detentos, que o educam pelos parâmetros do Mal. Destino oposto ao de outro bebê vindo do espaço que, ao cair numa mansão e receber tudo do bom e do melhor, torna-se o super-herói Metroman. A simbiose entre os dois alienígenas e sua crescente rivalidade é subitamente interrompida quando Megamente, quase sem querer, consegue aniquilar o desafeto e descobre o tédio de não ter mais um opositor. De que adianta ser o manda-chuva sem um inimigo para desafiar?

A partir dessa premissa simples, o filme desenvolve uma trama bastante interessante e divertida. O protagonista é especialmente bem delineado: sob sua capa espalhafatosa de gênio do mal, risadas estridentes e planos mirabolantes, podemos notar os traumas e inseguranças de um personagem que não tem, de fato, uma verdadeira inclinação para a vilania. O que leva à velha discussão sobre o homem ser ou não um produto do seu meio. Não que Megamente seja um cartoon-cabeça; pelo contrário, o ritmo ágil, o roteiro bem azeitado e as ótimas gags visuais não deixam muito espaço para o psicologismo.

O visual colorido e os bons efeitos em 3D certamente farão a festa dos pequenos, enquanto os diálogos debochados e a trilha sonora pop – com direito a Michael Jackson e Guns’n’Roses – entreterão os mais velhos. Assim como ocorria na série Shrek, o filme ainda traz uma série de referências divertidas para o público adulto, desde citações cinematográficas (a de Kill Bill é hilária) até uma tremenda zoação com o presidente americano (o slogan de Megamente ao tomar a cidade é “no, you can’t”). Outra coisa na qual vale a pena ficar de olho é o personagem que imita a voz e os trejeitos de Marlon Brando – ou melhor, de Don Corleone. Impagável.


Fora isso, o carisma enorme do sujeitinho cabeçudo, o charme moderno da mocinha de cabelos curtos e a fidelidade comovente do servo criam uma trinca de personagens apaixonantes, que fazem com que o espectador torça desesperadamente para que aquela princesa consiga descobrir um príncipe escondido dentro daquele sapo azul.

Um programa bacana para toda a família. Sexta nos cinemas.

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