quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mama


O cineasta mexicano Guillermo Del Toro tornou-se conhecido nos últimos anos por um estilo de terror/suspense muito interessante, no qual o foco da história sempre recai sobre uma criança em um ambiente hostil e a trama faz um paralelo entre o imaterial e a realidade, que muitas vezes é mais assustadora para essa criança do que o universo sobrenatural. Com o sucesso de A Espinha do Diabo e do fabuloso O Labirinto do Fauno, Del Toro passou a produzir filmes de jovens cineastas que seguiam seus passos. Fórmula que deu muito certo em O Orfanato, mas foi menos feliz em Não Tenha Medo do Escuro e agora se mostra totalmente desgastada neste Mama.

O longa fala sobre duas irmãs de seis e oito anos, Lily e Victoria. Devido a uma série de circunstâncias que não vale a pena detalhar aqui, as meninas são resgatadas após terem vivido sozinhas e de modo precário em uma cabana na floresta por cinco anos. Levadas para morar com o tio e sua esposa, elas precisam reaprender a se relacionar com outras pessoas e viver em sociedade, já que passaram praticamente a vida inteira em um ambiente selvagem. Como logo se pode perceber, Victoria e Lily não viveram esse tempo todo sozinhas e, ao deixar a cabana, levam com elas uma entidade que chamam de “Mama”.


Mama é escrito e dirigido pelo estreante em longas Andrés Muschietti, que chamou a atenção de Guillermo Del Toro com um curta de mesmo nome. Ou melhor, quase mesmo nome, já que não se sabe em que momento a palavra Mamá (mamãe em espanhol) perdeu o acento. Mamá, o curta, era instigante justamente porque mostrava de forma bem rápida a mãe que assombrava as meninas. É aquela velha regra: só mostre explicitamente uma criatura sobrenatural se ela for muito convincente. Caso contrário, é bem melhor ficar na sugestão. Reside aí, na total inadequação visual do espírito, a maior fragilidade do filme. O argumento é repetitivo, a trilha sonora é estridente e irritante e a direção de arte parece copiada de outras produções, mas nada disso chegaria a ser um problema sério se a figura da “mamãezinha querida” funcionasse. Infelizmente, é justamente a sua aparição constante e com muitos detalhes toscos que compromete o envolvimento do espectador com a história.

Ponto positivo do filme? O elenco, em especial as crianças. O casal de tios é interpretado por Jessica Chastain e Nikolaj Coster-Waldau, que cumprem bem sua parte, mas são as meninas Megan Charpentier e Isabelle Nélisse que conseguem conquistar o espectador e prender sua atenção. Como é bom ver boas atrizes infantis que não parecem adultos em miniatura. Ponto, ainda, para a caracterização de Victoria e Lily em versão selvagem, muito mais impressionante do que o fantasma possessivo. Tudo somado, Mama é um filme que pode ser atrativo para aficionados do gênero ou fãs de Jessica Chastain e Nikolaj Coster-Waldau, que ficaram superbonitos em versão rock’n’roll.


Amanhã nos cinemas. 

Um comentário:

  1. Francamente? Adorei "Mama", um filmaço do gênero. Posso concordar que há aqui alguns padrões que se repetem (como a descartável figura do psiquiatra que se intromete no mistério mais do que deveria), mas é um terror filmado com grande domínio e que, assim como em "O Orfanato", surpreende ao apresentar situações comoventes (a conclusão é maravilhosa). Pontos para Guillermo Del Toro, que, além de excelente diretor, tem se provado um produtor de mão cheia ao revelar para o mundo jovens talentos.

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