quarta-feira, 12 de março de 2014

Azul é a Cor Mais Quente – a HQ


Seguindo com as leituras complementares, foi a vez de conferir a HQ da francesa Julie Maroh que deu origem ao filme de Abdellatif Kechiche e inspirou o título internacional do filme, que foi batizado em francês pelo cineasta como “A Vida de Adèle” – personagem que, aliás, se chama se chama Clémentine no livro.

A primeira coisa a ser percebida é que, embora quadrinhos e filme contem basicamente a mesma história, em termos de abordagem há bastante diferença. Enquanto Kechiche optou por carregar mais nas cores da polêmica – não somente nas cenas de sexo explícito, mas também em seu olhar sobre a sociedade francesa –, a HQ é muito mais poética e delicada e se concentra nos vários estágios pelos quais passa a relação de Clémentine e Emma. Tirando o conflito com os pais e uma passagem (reproduzida em uma cena do filme) em que Clémentine é hostilizada por uma colega na escola, há muito mais luta interna e autocensura do que interferências externas no relacionamento das garotas. Inclusive a consumação da relação entre as personagens é mais lenta e hesitante, marcada por indecisões e inseguranças. Os amigos artistas de Emma e toda aquela pressão sobre as escolhas profissionais de Clémentine sequer são retratados no livro. O foco está no processo de descoberta e aceitação da própria homossexualidade em uma época confusa como a adolescência e seus conflitos internos.

Graficamente, a HQ reflete essa delicadeza com tons pastéis e uma arte que lembra a aquarela. A paleta de tons esmaecidos das páginas contrasta sempre com as madeixas azuis de Emma, daí, para a narradora, a cor considerada fria ter se tornado tão “quente”. Muito bonito mesmo o trabalho gráfico, tendo como único senão o tamanho reduzido da letra em determinados balões. Em todo caso, Azul é a Cor Mais Quente é uma pequena obra de arte que vale a pena ter na estante. A edição brasileira é da Martins Fontes e custa entre R$30,00 e R$ 40,00. 

Clique aqui para ler sobre o filme.


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