quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vic + Flo Viram um Urso


Exibido no Festival do Rio do ano passado, este foi um daqueles filmes que entraram na programação desta que vos escreve sobretudo devido ao título curioso. E “curioso” realmente é um adjetivo que se aplica a este filme. Vic é Victoria e acaba de receber a condicional aos 61 anos. Buscando uma vida nova, ela vai morar na casa de um parente inválido em um local ermo, no meio da floresta. Quem não fica muito satisfeita com o arranjo é sua namorada Florence (a Flo), também ela uma ex-detenta. Mas, apesar das intervenções de Guillaume, um agente de condicional meio enxerido, a vida das duas começaria a entrar nos eixos não fosse o aparecimento de uma misteriosa ameaça do passado.

O filme parte de um argumento que já foi bastante explorado com personagens masculinos, o do malfeitor que tenta a todo custo deixar a vida criminosa para trás, mas sempre tem que se deparar com assuntos pendentes ou pessoas que não querem deixá-lo em paz. O estranho deste filme não é seu tema e sim o modo como tudo é realizado de modo incrivelmente bizarro. Ao longo da projeção, o público ri diversas vezes; mas sempre pelos motivos errados. Ao final, fica difícil concluir qual era a intenção do diretor Denis Côté. Até mesmo as atrizes protagonistas, Pierrette Robitaille e Romane Bohringer, parecem atuar no piloto automático. Somente Marc-André Grondin, que interpreta o oficial de condicional, ainda dá um pouco de credibilidade à trama.

Mas não é só. O filme é cheio de esquisitices inexplicáveis, a começar pela vilã caricata que nunca usa sutiã. Outra coisa que irrita progressivamente é a trilha sonora com tambores ensurdecedores todas as vezes que a malvada entra em cena. E o que dizer de seu capanga violentíssimo que em determinada cena começa a tocar um violãozinho? Tudo muito estranho, mas pode agradar a quem estiver buscando exotismo a todo preço.

Um comentário:

  1. Assisti no finzinho deste último domingo e é de fato um filme que envolve (ou repele) pelo tom pouco usual com que conta a sua história. Eu fiquei particularmente intrigado e acredito que o tempo auxilia a assimilar alguns temas que Denis Côté toca, como a questão da liberdade e a dificuldade de se distanciar de um passado errôneo. Penso inclusive que a vilã se apresenta desse modo caricato por se tratar não de um ser humano, mas da representação dessa mancha que as protagonistas jamais se livrariam, mesmo vivendo isoladas. Curti muito.

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