domingo, 22 de julho de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge


Há quatro anos Christopher Nolan lançava seu já lendário Batman, o Cavaleiro das Trevas, dando sequência à trilogia iniciada três anos antes com Batman Begins. O filme, além de ser considerado por muita gente como o melhor longa daquele ano (e a colunista aqui se inclui nesse grupo), ainda tornou-se icônico graças à inesquecível atuação de Heath Ledger como o Coringa. Dezenas de prêmios póstumos foram concedidos ao ator – incluindo o Oscar, o Golden Globe, o Bafta e o SAG –, aumentando ainda mais o poder de fogo de um filme que já era um sucesso absoluto sob todos os aspectos. Posto isso, podemos imaginar a pressão e expectativa em torno deste filme que chega na próxima sexta aos cinemas. Seria Nolan capaz de superar tamanho arrasa-quarteirão?

A trama se passa oito anos depois da noite em Batman desapareceu, carregando consigo o fardo de levar a culpa pela morte de Harvey Dent. Afinal de contas, Gotham precisava de um herói inquestionável. E a ficção criada em torno disso funcionou por algum tempo, já que a imagem do Harvey bom, antes de se transfigurar no Duas Caras, foi responsável por uma dura lei anticrime que limpou as ruas de Gotham. Só que a paz será novamente ameaçada com a chegada de Bane, mercenário mascarado com um passado obscuro. Ao mesmo tempo em que uma ousada ladra de joias parece desafiar Bruce Wayne, Batman se sente compelido a ressurgir para impedir que Bane instaure o caos e destrua a cidade. Mas estaria ele à altura de tamanho desafio depois de longos oito anos vivendo nas sombras?


Neste filme nos reencontramos com o Bruce Wayne/Batman de Christian Bale, o Comissário Gordon de Gary Oldman, o Lucius Fox de Morgan Freeman e o Alfred de Michael Caine. Ao lado destes velhos conhecidos, novos personagens interpretados por Tom Hardy, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Levitt e, claro, a mulher-gato de Anne Hathaway. Sobre essa última, vale dizer que a personagem (que é apresentada apenas como Selina Kyle, não sendo chamada pela alcunha em nenhum momento do filme) tem uma sensualidade mais atlética, talvez para se contrapor à interpretação dengosa imortalizada por Michelle Pfeiffer no longa de Tim Burton. Ponto para Anne, que acerta ao buscar sua própria leitura do personagem e não tenta reproduzir o mesmo estilo seguido por Michelle. Podemos dizer, ainda, que cada um dos novos personagens tem um desdobramento surpreendente ao longo do filme.


Aliás, o filme como um todo acerta justamente por não cometer o maior erro das sequências, ou seja, repetir o que deu certo antes e não trilhar caminhos novos. Se no longa anterior o carisma e a inteligência refinada do Coringa se sobrepunham ao restante do filme, aqui Nolan apresenta um vilão sem humor e sem sutilezas, portador de uma maldade em estado bruto. Também aproveita para equilibrar melhor o espaço dado a cada personagem, fazendo com que não haja um grande destaque em particular e sim um somatório de grandes atores fazendo sua parte e contribuindo para um filme mais coeso. Com esse equilíbrio, personagens como o Alfred de Michael Caine finalmente tem oportunidade de brilhar em algumas cenas memoráveis, sendo Caine responsável pelos momentos mais emotivos do filme.


Também vale dizer que, mesmo com alguns flashbacks e momentos explicativos, é fundamental que o espectador tenha assistido aos filmes anteriores para entender completamente a história. Um exemplo disso é o momento cômico gerado pela súbita aparição de um personagem de Batman Begins, o que só tem graça se o espectador souber de quem se trata.

Falar sobre a parte técnica do filme chega a ser perda de tempo, já que ninguém esperava que ela fosse menos que perfeita. Falemos então da sensação geral: são duas horas e quarenta e seis minutos que parecem passar voando, na velocidade dos veículos incríveis e dos saltos vertiginosos que vemos na tela. Com uma parte final cheia de surpresas e um desfecho ambíguo, no qual a conclusão dependerá do grau de romantismo ou cinismo do espectador, Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge fecha a trilogia em grande estilo. O filme é tão espetacular que, por mais que um impulso infantil nos leve a querer mais, devemos torcer para que Christopher Nolan não seja convencido a realizar mais um filme e mantenha firme sua promessa anterior de ser este o capítulo final para a saga do atormentado homem-morcego.

Desde já, o filme do ano. Imperdível. 


4 comentários:

  1. Mais um texto de primeira. Lógico que verei.

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  2. Grazie, Denilson. Espero que curta o filme também :-)

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  3. Ai Érika, que raiva de você, só fez crescer a vontade que eu estou de saborear esse filme e como já me conheço, sei que serei egoísta suficiente para sair do cinema desejando que tenha mais e mais filmes...

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  4. Mas o bacana é isso, Diego, deixar o público querendo mais. Agora cabe ao Nolan ter o bom senso de não ceder às pressões.

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