terça-feira, 13 de agosto de 2013

Smash – Primeira Temporada


Talvez seja um pouco fora de timing falar sobre uma série que não terá sua terceira temporada, mas o que seria de nós sem os DVDs? A verdade é que a quantidade imensa de novidades com que a TV americana nos brinda anualmente faz com que algumas boas séries sejam deixadas de lado. No caso desta, houve ainda uma comparação injusta com a pavorosa Glee. Mas basta assistir ao primeiro episódio para entender que Smash não tem absolutamente nada a ver com ela. É uma série com números musicais sim, mas as semelhanças param por aí. Smash tem uma boa história, personagens bem escritos e atores competentes no elenco.

Em primeiro lugar, embora se passe nos bastidores da produção de um musical da Broadway, Smash é mais uma visão incisiva do mundo do showbiz do que propriamente um musical. A série fala de ilusões, desilusões, traição, embriaguez do sucesso e outros percalços enquanto cada um dos personagens tenta realizar seu sonho. Tudo gira em torno de um musical sobre Marilyn Monroe, a começar pelo nascimento da ideia e passando por todas as dúvidas, acertos, problemas e conquistas que uma produção precisa passar antes de finalmente chegar à ribalta.


O grande acerto desta série é o fato da música e dança serem acessórias, ou seja, os números musicais são bacanas, mas não se sobrepõem à trama e ao drama dos personagens. Outro detalhe interessante é que as duas protagonistas que se enfrentam pela chance de viver Marilyn no teatro parecem dividir duas facetas diversas da diva. Ivy (Megan Hilty, que fez Wicked na Broadway) é uma veterana do teatro musical que luta para sair da situação de corista para finalmente se tornar uma estrela e representa a amargura de uma mulher que se colocou no papel de símbolo sexual e agora quer provar desesperadamente que tem muito mais a oferecer. Já a novata Karen representa a inocência e a inexperiência da garota vinda do interior, mas também um certo deslumbramento perante a possibilidade de fama. Estaria ela preparada para isso?

Também os personagens coadjuvantes são ricos: Eileen, a produtora, é uma mulher que precisa sair da sombra do ex-marido e ex-sócio e enfrenta a desconfiança de investidores que se sentiriam mais à vontade lidando com um homem; Julia, uma das compositoras, entra em crise criativa por conta da bagunça em sua vida pessoal; enquanto isso, seu parceiro Tom vive preocupado com os problemas dela e de sua família porque, desse modo, deixa de lado sua própria vida e sua dificuldade em estabelecer vínculos afetivos; Derek é um diretor com fama de implacável e usa todo aquele mau humor como couraça. Com tantos conflitos e personagens interessantes, acaba criando-se um estranho efeito colateral: em algumas passagens, os (ótimos) números musicais acabam sendo frustrantes, justamente porque interrompem o fluxo da trama.


O elenco é ótimo, com destaque para Debra Messing, Anjelica Houston e Megan Hilty, e os personagens são realmente tridimensionais, fazendo com que o espectador alterne bruscamente a visão que tem de cada um ao longo da temporada. Resumindo: ao menos nesta primeira temporada, Smash se revelou uma boa surpresa. Vale conferir!

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