sexta-feira, 20 de junho de 2014

Que Estranho Chamar-se Federico


Devido ao circuito limitadíssimo (três sessões em duas salas de cinema), é bem provável que esta semana seja a última em que o público carioca terá a oportunidade de conferir este Que Estranho Chamar-se Federico, filme de Ettore Scola sobre Fellini. Mais do que um documentário, trata-se de uma reconstituição do próprio Scola, onze anos mais novo, sobre o antigo colega e mentor. O filme também é o primeiro do cineasta após um jejum de dez anos e uma declaração de que não voltaria a filmar.  

Que Estranho Chamar-se Federico traz imagens de arquivo, trechos de filmes e, sobretudo, reconstituições que trazem Fellini para dentro do universo onírico de seus filmes, deixando bastante impreciso o limite entre realidade e imaginação. O longa tem imagens simplesmente preciosas e momentos com a emoção à flor da pele que encantarão aqueles com alguma ligação emocional com il grande maestro ou, pelo menos, com o cinema italiano em geral. Por outro lado, percebe-se que Scola realizou um filme muito voltado para o público italiano, o que pode torná-lo não tão atraente para quem não tiver um conhecimento prévio no mínimo elementar da cultura e sociedade do país, em especial no que diz respeito ao trecho que retrata o período em que Fellini foi cartunista da revista satírica Marc’Aurelio e no qual grande parte dos diálogos faz referência ao contexto sociopolítico do país.

O filme foi exibido fora de concurso no Festival de Veneza do ano passado, que comemorava sua 70ª edição e teve um foco especial na produção nacional – tendo, inclusive, premiado com o Leão de Ouro um documentário italiano, Sacro Gra (clique aqui para ler a resenha deste filme). Considerando a enorme defasagem que tem sofrido o cinema italiano aqui no Brasil, até que não demorou tanto assim para estrear entre nós. Mas dificilmente permanecerá muito tempo em cartaz, então os interessados devem se apressar. 

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