terça-feira, 14 de junho de 2011

Viena – O Que Faltou Comentar

Parece que as rodas-gigantes andam me perseguindo. Depois da muvuca em torno da London Eye – que eu olhei bem de longe, obrigada – eis que conheço outra, e das famosas. A roda-gigante situada no parque Präter tem história, inclusive na sétima arte. Quem viu o clássico O Terceiro Homem (1949) certamente se lembra da cena na qual o vilão interpretado por Orson Welles tem um diálogo tenso com o protagonista lá no alto, dentro de uma das cabines panorâmicas. A roda foi construída para um evento em 1897 e é uma das mais antigas do mundo ainda em funcionamento.

No mesmo parque fica a filial vienense do museu de cera Madame Tussauds. Menorzinho, mais barato e infinitamente mais tranquilo do que sua matriz londrina, o museu tem a seu favor o cuidado com que cada personagem é inserido em um cenário completo, com direito a diversos acessórios para o público usar e incrementar as fotos. No consultório de Freud, por exemplo, a gente pode deitar no divã para se analisar. Ou entrar no chuveiro de Psicose e ser dirigido pelo mestre Hitchcock. Claro que há um foco maior em personagens que tenham a ver com a cultura austro-germânica, em referências nem sempre muito diretas, como, por exemplo, o fato da estátua de Quentin Tarantino estar dirigindo Brad Pitt no set de Bastardos Inglórios.


Naquele mesmo dia, fui até a marina da cidade para dar uma olhada no famoso Danúbio, aquele que é azul na valsa de Strauss. De azul, o rio não tem nada. É barrento, de uma cor suja. Feio mesmo. Quando retornava ao hotel, um episódio muito esquisito aconteceu: estava andando na rua quando algo me atingiu na cabeça. Não vi o que, só ouvi um ruído estridente. Olhei para um poste antigo e vi um corvo enorme me encarando. Puro Poe. De repente, o corvo deu outro rasante na minha cabeça. Sim, era fato, ele estava me atacando. Investia contra mim, voltava a pousar no poste, encarava e atacava de novo. Embora eu não tenha entendido até hoje se ele bicava ou me batia com as garras, aquilo doía pra caramba. Eu estava no ponto do desespero quando avistei uma família – casal e dois adolescentes – e o homem me disse que eu deveria jogar uma pedra. Não foi preciso, porque o corvo debandou com a chegada deles. Perguntei se aquilo era normal, ao que ele, imperturbável como todos
os austríacos, respondeu “it happens” (acontece).

Outra curiosidade que eu reparei é que por toda a cidade existem balanças (dessas que a gente põe uma moeda para se pesar) nos lugares mais inusitados. Ao invés de estarem em farmácias, elas ficam no meio da rua. Essa que eu fotografei, por exemplo, estava bem na saída de um bonito jardim.

Para completar meu final de tarde em um domingo ensolarado (o sábado foi bem chuvoso e lúgubre) encontrei um simpático grupo que apresentava danças típicas em pleno centro da cidade. Vestidos de tiroleses, o animado grupo incentivava os visitantes a entrarem na roda para dançar também. Ao final, alguns deles posaram para uma foto comigo. E eu, afinal, consegui registrar um grupo de austríacos sorridentes. 





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