terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Lado Bom da Vida



Temporada de Oscar geralmente é sinônimo de “cinemão”: filmes grandiosos, impressionantes, com orçamentos milionários e um visual de cair o queixo. Na contramão de tudo isso, alguns longas conquistam justamente por sua despretensão e aparente simplicidade, como é o caso deste O Lado Bom da Vida. E convenhamos que ter o bom senso de contar uma história humana e comovente sem resvalar na pieguice nem tentar manipular os sentimentos do espectador está longe de ser pouca coisa. Eis um filme que surpreende, diverte e deixa ao final uma genuína sensação de contentamento, seguindo um pouco a linha de produções como Pequena Miss Sunshine ou 500 Dias com Ela. Mérito do roteirista e diretor David O. Russell (o mesmo de O Vencedor) e de seu irrepreensível elenco.

Patrick teve uma crise nervosa depois de pegar a esposa no chuveiro com um colega de trabalho e espancá-lo ferozmente, sendo condenado a passar oito meses em uma clínica psiquiátrica. A trama começa quando Pat está saindo da clínica, desempregado e inconformado, e tem que voltar a morar com os pais porque a esposa tem uma ordem de restrição contra ele e a polícia está de olho em cada movimento seu. Tiffany mora no mesmo bairro e também não vive seu melhor momento: seu marido, um policial, morreu há pouco e ela lidou tão mal com a situação que começou a sair com todos os colegas de trabalho para tentar preencher o buraco em sua vida. Ao conhecer Patrick, ela esclarece a situação dizendo que “por algum tempo foi uma vadia, mas não é mais”. A partir daí, acompanhamos a gradual aproximação entre esses dois derrotados que querem se reerguer, narrada com muita graça, irreverência e ternura.


Bradley Cooper, um ator que até então se pensava estar destinado a ser tão-somente “o bonito”, é a grande surpresa do filme. Embora não tenha tido oportunidade de mostrar isso antes, o moço sabe atuar. Seu personagem, um homem essencialmente bom passando por uma fase difícil, é construído com maturidade e sem cair na armadilha dos exageros fáceis. A seu lado, a jovem e talentosa Jennifer Lawrence dá mais um passo no caminho para se tornar grande diva antes dos 30 anos. Outra bela surpresa é o reencontro de Robert DeNiro com o bom ator que costumava ser e que andava perdido em filmes de segunda linha. Aqui, voltamos a ter prazer em vê-lo em cena como um pai amoroso, mas cheio de manias e neuroses. Completando o time central, a habitual competência da australiana Jackie Weaver. Os quatro atores estão merecidamente indicados ao Oscar, embora somente Jennifer tenha uma pequena chance de vencer. Ano difícil. O filme concorre em outras quatro categorias: melhor filme, direção, roteiro adaptado e montagem.


Se, a exemplo dos concursos de misses, houvesse um Oscar de filme-simpatia, não tinha para mais ninguém. O Lado Bom da Vida já está em pré-estreia em algumas cidades e entra em definitivo no circuito na próxima sexta. 

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