terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Marley & Eu


Eu tenho um Marley em casa. Ele é preto, peludo e atende pelo nome de Boris. Não late; mia. E, felizmente, tem cinco quilos e não cinqüenta como o protagonista canino de Marley & Eu. Tirando essas diferenças básicas, meu gato é bastante parecido com o cão do filme. Inconveniente, chato e – talvez por isso mesmo – irresistível. Os animais mais travessos geralmente têm essa qualidade de apaixonar as pessoas. Mesmo porque qual seria a graça de ter um cachorro ou gato que fizesse tudo que dele é esperado? E é apostando nessa empatia com todo mundo que tem ou já teve um animal de estimação bagunceiro que o longa consegue arrancar alguns sorrisos do espectador.

O filme é baseado no livro homônimo escrito pelo jornalista John Grogan a respeito da sua convivência, a princípio acidentada, com o labrador Marley. Comprado por ele e pela esposa como um substituto-teste para um futuro filho (o casal acabou tendo três posteriormente), o cãozinho apontava das suas desde pequeno. Vendido mais barato pela criadora que estava doida para se livrar dele, Marley era bruto, mal-educado e incontrolável. Mas incondicionalmente amoroso. Ele destruiu móveis, foi expulso do curso de adestramento e apavorou babás. Mas John e Jenny se apaixonaram por ele e tiveram que se adaptar. Uma das cenas mais bonitas do filme mostra John chegando em casa e observando através da janela a esposa dançando com o cão.

Paralelamente ao crescimento de Marley e também da família, acompanhamos as várias fases por que passa o casal, desde a lua-de-mel até uma crise que quase os leva ao divórcio. Também acompanhamos os dilemas profissionais de John, que sempre quis ser repórter mas acaba por se descobrir um excelente cronista (e as diabruras de Marley são assunto recorrente em sua coluna).

Owen Wilson e Jennifer Aniston estão OK como o casal John e Jenny, assim como o amigo conquistador vivido por Eric Dane (um dos Mc alguma coisa da série Grey's Anatomy). Já Alan Arkin, no papel do chefe de John, rouba todas as cenas em que aparece. Reparem o modo como o personagem sempre diz que determinadas coisas são engraçadas com a cara mais mal-humorada do mundo. Mas nada disso tem muita importância, já que os humanos são meros coadjuvantes na trama. É Marley, ao longo de sua longa e feliz vida, que serve de norte para o roteiro. É a simpatia do canino – aliás, dos 22 cachorros usados ao longo de todo o filme – que faz o espectador manter o sorriso no rosto.

(se você não sabe o final do livro e pretende continuar sem saber, pule o parágrafo seguinte)


David Frankel, que dirigiu anteriormente O Diabo Veste Prada, dirige o longa com mão leve, embora seja quase impossível evitar que a história descambe para o dramalhão perto do final. Não é novidade para ninguém que uma trama que acompanha a trajetória de um cão junto a uma família por anos e anos chegará ao ponto em que a família tem que se despedir dele. Aliás, a própria concepção do livro de Grogan é uma homenagem ao cachorro que ele uma vez classificou como “o pior cão do mundo”. É então que, mais uma vez, o filme toca as pessoas pela transferência emocional e cada um se pegará pensando ou no momento em que teve ou – pior – terá que se separar de seu próprio bichinho. Os animais de estimação, ao contrário dos filhos, costumam partir antes daqueles que os criaram. É cruel, mas é a ordem natural das coisas.

Resumindo, Marley & Eu é um bom programa para quem gosta de animais. Aqueles que nunca viram a mínima graça neles provavelmente também não a verão neste simpático filme. Simples assim.

O filme estréia na quinta, dia 25.

Um comentário:

  1. Concordo.
    Felizmente adoro os animais e tenho mais um filme para me divertir!

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