sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Traidor


Podemos dizer que O Traidor é uma espécie de primo pobre de Rede de Mentiras, comentado alguns posts abaixo. E assistir ao primeiro tem como principal efeito colateral fazer com que valorizemos o segundo, já que o filme de Ridley Scott, mesmo tendo uma ou outra deficiência, conta com um roteiro cheio de diálogos inteligentes e um elenco de primeiríssima linha. Já O Traidor é uma trama pouco interessante protagonizada por Don Cheadle, ator irregular cuja única interpretação realmente digna de nota foi em Hotel Ruanda – e, mesmo assim, fica a dúvida se o que realmente nos comovia era seu trabalho ou a história em si.

O Traidor conta a história de Samir Horn, ex-oficial de um grupo de operações especiais do governo americano que é suspeito de estar envolvido com extremistas islâmicos. Sudanês de nascimento e convertido ao islamismo tempos depois, Samir chama a atenção dos investigadores por suas habilidades com explosivos. Mas seria aquele militar de ficha limpa, casado e cidadão exemplar um terrorista?

O roteiro tenta ser politicamente imparcial ao mostrar as razões que os radicais têm em odiar o imperialismo ianque e o modo como seu discurso inflama os jovens que sonham se explodir e acordar num paraíso cheio de belas virgens. O problema é que nada daquilo é novidade. A trama, que parece uma colagem de vários filmes pós-onze de setembro, não empolga e o protagonista não causa empatia, combinação que apenas leva ao tédio ao longo das quase duas horas de filme. O versátil Guy Pearce até se esforça para segurar as pontas, mas sua luta é inglória. Perda de tempo, pura perda de tempo.

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