terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Guerra ao Terror


OK, vamos falar de Guerra ao Terror. Numa das trajetórias mais esquisitas que um oscarizável já teve por aqui, o filme de Kathryn Bigelow foi lançado agora nos cinemas depois de ter saído em DVD e ter passado até em um canal de TV a cabo. Outros filmes concorrentes à estatueta careca já foram relançados antes, dois casos recentes são O Labirinto do Fauno e Crash. Mas estes pelo menos passaram no cinema, foram mal de bilheteria e depois foram relançados com sucesso. Guerra ao Terror foi direto para o DVD porque os distribuidores aqui no Brasil não deram nada pelo filme. Claro que foi uma mancada comercial, mas eu me pergunto se a decisão em si foi equivocada.

O longa é, sem dúvida, bem dirigido. É correto, sim. Mas, para mim, um filme absolutamente normal. Não consigo enxergar a genialidade que fez a Sociedade de Críticos Americanos elegê-lo melhor filme de 2009. É certo que ele tem alguns diferenciais em relação à costumeira patriotada cega que costuma brotar dos filmes de guerra ianques, mas eu realmente não acho que as qualidades do longa estejam à altura da babação que tem sido feita em torno dele. E vamos combinar que indicar Jeremy Renner ao Oscar de melhor ator foi uma das maiores supervalorizações já cometidas pela Academia. O Sherlock Holmes de Robert Downey Jr. e o Desinformante de Matt Damon são apenas dois exemplos de gente que fez coisa bem melhor do que Renner nesse ano que passou.

Guerra ao Terror mostra uma espécie de contagem regressiva dos dias que faltam para uma equipe que desarma bombas no Iraque voltar para casa. Na primeira e impactante seqüência, um dos integrantes vai pelos ares. No dia seguinte, ele é substituído pelo viciado em adrenalina William James. James constantemente desrespeita as medidas de segurança e põe em risco seus dois colegas: o sargento Sanborn, que preza as regras e quer fazer tudo dentro dos conformes, e Eldridge, um soldado tenso que tem certeza de que vai morrer a qualquer momento.

O problema é que o conflito não vai além disso: do choque das personalidades desses três homens dia após dia. O caráter apolítico do roteiro é uma faca de dois gumes: se, por um lado, evita o irritante discurso imperialista, por outro não dá uma dimensão maior ao que os personagens representam. O filme impacta logo no princípio, mas depois de algumas bombas desarmadas, você fica com a impressão de que a trama já se esgotou. E o que pensar de Guy Pierce e Ralph Fiennes, com seus nomes estampados no cartaz, entrarem no filme só para morrer? Sem contar o trecho do discursinho de James para o filho, que nos deixa imaginando onde a diretora queria chegar.

Na briga entre ex-marido e ex-mulher – ou seja, este filme e Avatar – fico com James Cameron. Nem acho Avatar o melhor filme de todos os tempos, mas suas qualidades ficam realmente gritantes se fizermos uma comparação entre estes dois campeões de indicações. Cameron criou algo novo ali. The Hurt Locker, ainda mais prejudicado pelo título bobo em português, é um filme bem-feito e esquecível. Cheio de som e fúria, mas significando muito pouco.

2 comentários:

  1. Oi Erika.

    Gostei do resultado do Oscar.
    Prefiro que ganhe um independente, com poucos recursos, no lugar de blockbuster badalado e carésimo, recheado de efeitos especiais. Também adorei uma mulher ter ganho, em 82 anos de Oscar.
    O que Guerra ao Terror tem de melhor é a tensão, a ausência de trilha sonora. No lugar dessa, apenas a respiração ofegante do infeliz que vai desarmar as bombas.
    O lado negativo do filme é o maniqueísmo habitual, de retratar "soldados sofredores", em terras estranhas, o invasor apontar armas na cara dos habitantes locais, considerados sempre como terroristas. Ou seja, só é mostrado o lado dos norte -americanos - bom, é feito por eles. Não se questiona o motivo do "descontentamento" e da revolta da população, para preparar armadilhas "bombásticas" aos invasores.

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  2. Acho "Guerra" um filme bom, mas comum. Não consigo ver essa genialidade toda que as pessoas enxergam. Por isso disse que, entre os dois, preferia Avatar.

    Mas dentre os 10 indicados, meus preferidos eram Educação e Amor Sem Escalas. Justamente os dois que não ganharam absolutamente nada.

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