quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Missão Madrinha de Casamento


Certas coisas não se explicam com argumentos lógicos. É o caso deste Missão Madrinha de Casamento – título comprido e bem esquisito para o original Bridesmaids –, comédia que periga ser o maior sucesso comercial do disputado mercado americano neste ano. O filme mistura o velho argumento de comédias românticas sobre as agruras de ser uma maid of honor (já falaremos sobre o encargo) com o estilo popular-escatológico consagrado por comédias de apelo mais, digamos, masculino – como Se Beber, Não Case.

A entidade conhecida nos casamentos americanos maid of honor não é simplesmente uma madrinha, tal qual conhecemos por aqui. Estaria mais para mãe da noiva, visto que cabe a ela organizar todos os preparativos para o casamento da amiga, incluindo aí o chá, a despedida de solteira e todos os inúmeros detalhes sobre a cerimônia e a festa. Fica até difícil para nós, brasileiros, entender porque as amigas disputam a tapa honraria tão estressante, mas o fato é que, mesmo parecendo um tremendo presente de grego, destinar esse papel a alguém é sempre considerado uma enorme prova de amizade entre duas garotas.


Neste filme também roteirizado por ela, a comediante Kristin Wiig interpreta Annie, uma mulher mergulhada em crise profissional, pessoal e afetiva que se atrapalha toda com os preparativos para o casamento de sua amiga de toda a vida Liliam. Annie perdeu sua loja de doces e o namorado e agora trabalha como balconista em uma joalheria, além de ter que dividir o apartamento com duas figuraças e estar enrolada com um sujeito pedante que gosta de lembrá-la a cada encontro que eles são apenas parceiros de cama. Para piorar, Liliam tem uma nova amiga que entra em franca competição com Annie, dando palpites sem parar e ostentando sua condição financeira superior.

Produzido pelo mago das comédias escrachadas, Judd Appatow, o filme escolhe o caminho da escatologia e do riso fácil. Nada contra, se essa opção não viesse a reboque de um roteiro capenga e cheio de pontas soltas e situações jogadas a esmo. Algumas cenas divertem, é claro. O problema é que o filme, como um todo, soa como uma sucessão de esquetes. Alguns são engraçados; outros, nem tanto. Mesmo considerando o carisma de Wiig, algumas reações de sua personagem são inexplicáveis e se justificam somente em função do roteiro querer fazer graça. Também a personagem da noiva (interpretada pela pouco simpática Maya Rudolph) tem atitudes que carecem de sentido ou são, no mínimo, mal-conduzidas pelo roteiro.

Não que o longa seja desagradável de se assistir. Entre uma sequência engraçada e outra, o espectador se distrai o suficiente para não precisar olhar o relógio. Também é interessante o fato de ver personagens femininas em situações normalmente interpretadas por homens. Mas o sucesso estrondoso que o filme vem fazendo em sua terra natal – e que deve se repetir aqui – simplesmente não dá para entender. Amanhã nos cinemas.


Um comentário:

  1. Ah, Erika! "Bridesmaids" é muito bom! Admito que não é a comédia perfeita, mas não tenho qualquer queixa sobre as personagens, as situações que elas se metem e as reações apresentadas com elas.

    O que acredito que diferencia a comédia é que qualquer um, sendo homem ou mulher, consegue ter empatia pela fase que Annie está vivendo. Acredito que todos nós já tivemos aquela crise de ciúmes quando sentimos que um amigo especial está sendo roubado por outra pessoa e é ao dar ênfase nisto que o filme funciona, o que provavelmente resultou nesse sucesso estrondoso lá fora.

    Um destaque todo especial para a cena onde a Kristen Wiig e a Rose Byrne disputam o microfone no discurso para a noiva de Maya Rudolph, uma das minhas favoritas do ano e que me faz rir sozinho só de lembrar da Wiig arriscando o espanhol.

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