sábado, 10 de setembro de 2011

Trilogia Millenium

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres


Lembram do ótimo Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, que passou por aqui no ano passado? O filme é o primeiro de uma série, adaptação da trilogia literária conhecida como Millenium, que se compõe ainda de A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar. Ao longo de quase duas mil páginas, o jornalista sueco Stieg Larsson – que teve o azar de morrer antes de presenciar o êxito de sua obra – destrincha uma trama violenta, cheia de mistérios, politicagem e corrupção, que estende seus tentáculos a altas esferas do poder público. Os protagonistas da odisseia em busca da verdade são Mikael Blomkvist, um jornalista obcecado, corajoso e incorruptível; e Lisbeth Salander, uma hacker cheia de problemas de socialização e terríveis fantasmas do passado em seu encalço.

Todos os três livros são apaixonantes, daqueles que a gente praticamente “devora”. E o primeiro filme foi relativamente bem-sucedido, então por que cargas d’água suas duas sequências não chegaram nunca aos nossos cinemas e nem mesmo às locadoras? Agora que seu remake americano pelas mãos de David Fincher vem sendo motivo de vários buchichos e muita expectativa me vem a desconfiança de que foi de caso pensado. Os distribuidores devem ter pensado preguiçosamente “vamos esperar pelos longas americanos”.

Mas o mundo é conectado e, graças à ajuda do meu gentilíssimo amigo Alex, tive a oportunidade de assistir aos filmes restantes. A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar são tão bons que não consegui evitar vê-los em sequência, numa verdadeira maratona Millenium. Ambas as adaptações foram muito bem-feitas, inclusive nas decisões de quais subtramas dos respectivos livros deveriam ser cortadas. O resultado final é vibrante, denso, sem perder o foco central da história – embora os leitores fatalmente sintam falta de algumas passagens marcantes.

A Menina Que Brincava com Fogo

O elenco afiado, capitaneado por Michael Nyqvist e a impressionante Noomi Rapace (indicada ao Bafta pelo primeiro filme e injustamente ignorada pelo Oscar), continua o mesmo, os roteiros são impecáveis, o ritmo é ótimo. Sinceramente, acho difícil para David Fincher igualar esse resultado, mesmo porque para o mercado americano sempre há aquela pressão de suavizar algumas coisas. Uma personagem como Lisbeth Salander mantida exatamente como ela é? Sei não... Eu tenho cá minhas dúvidas se o Fincher hoje em dia continua com a mesma coragem que ele demonstrou em O Clube da Luta.

Mas tudo bem. O público americano não fará essa comparação, simplesmente porque não conhece o original por conta de sua célebre aversão a qualquer coisa que contenha legendas. Então os filmes de David Fincher soarão como novidade e, sendo Fincher um cineasta talentoso, certamente ele deve realizar uma trilogia competente. Mas a questão não é essa, certo? A questão é: por que refazer pouquíssimo tempo depois o que já foi feito com competência na primeira vez?

E o público brasileiro que sofra o efeito colateral disso tudo.

A Rainha do Castelo de Ar

5 comentários:

  1. Erika, foi um prazer ajudá-la. :-)

    Bom, li apenas "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" e, surpreendentemente, gostei muito mais da versão cinematográfica do que a literária. Tenho "A Menina que Brincava com Fogo" no meu pequeno acervo de livros, mas estou lendo outra coisa no momento. O universo criado por Stieg Larsson é rico e tenho certeza de que ele ficaria feliz com as adaptações suecas dos seus romances.

    Já sobre a versão americana, bem, a razão de eu desprezá-la desde já é justamente essa vontade de refazer algo tão recente. De qualquer forma, Fincher foi feliz na escalação do elenco secundário (Daniel Craig também foi uma boa escolha, mas... Rooney Mara?) e talvez ele consiga trazer algo de novo. Vamos aguardar até fevereiro do próximo ano.

    Bjs!

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  2. oi, não sei se é verdade, mas ouvi uma história do motivo dos outros filmes não terem sido lançados.

    O escritor tinha uma companheira de longa data, mas não era legalmente casado.

    Ele lançou os livros e participou da produção dos filmes (que foram filmados os 3 juntos, assim como o senhor dos aneis) e do lançamento do primeiro, mas morreu antes do lançamento dos outros.

    Por não ser casado legalmente com sua companheira, e pela justiça sueca não reconhecer união estável, os direitos autorais foram herdados por parentes que moram em outro país, e que não tinham contato mais, por o motivo que quer que seja, ouvi que foi por briga.

    Sem direitos autorais, a companheira do autor não podia mais lançar os filmes, mesmo estando todos filmados. Não legalmente, mas como você disse, vivemos em um mundo conectado, os filmes "vazaram" na rede para nosso deleite.

    Os herdeiros oficiais venderam os direitos para o estúdio americano que produz o longa.

    Mas não sei se é verdade. Se ficar sabendo de algo, avise por favor.

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  3. Oi Nuno,

    Não é verdade, porque os três filmes foram lançados não somente na Suécia, mas no mundo inteiro, ainda em 2009. Só para você ter uma ideia, até na Argentina eles chegaram. Se você der uma olhada no IMDb e clicar no release date, vai ver uma lista imensa com datas de lançamento entre 2009 e 2010. Ou seja, a bagunça foi feita aqui por distribuidores brasileiros, que devem ter achado mais fácil ( e mais rentável) lançar direto os remakes. Uma vergonha, não é?

    No mais, obrigada pela visita!

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  4. Olá, tudo bem?
    Eu gostaria muito de assistir, onde eu poderia baixar a trilogia sueca?

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  5. Lyra,

    Conforme eu disse no texto, eu consegui essas cópias com um amigo meu porque não encontrava em lugar nenhum. Mas pode ser que agora, com o sucesso do remake, os originais já tenham sido lançados em DVD ou estejam mais fáceis de serem encontrados para download.

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