quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Gato de Botas



Semanas depois da passagem de Antonio Banderas e Salma Hayek pelo Rio de Janeiro, chega aos cinemas o motivo de tão ilustre visita: o longa-metragem Gato de Botas. Nesta nova animação da Dreamworks, ficamos conhecendo o passado cheio de amores e aventuras do bichano. Eu confesso que, a princípio, não estava muito convencida com a ideia de uma aventura-solo do personagem coadjuvante dos três últimos longas da série Shrek, mas não é que o gatão felpudo de enormes olhos verdes me conquistou com seu irresistível charme latino?

Criado em um orfanato mexicano, o gatinho valente ganhou suas famosas botas como símbolo de honra e bravura após provar seu valor e tornar-se o grande herói do pedaço. Mas a fama tem seus reveses e tanta notoriedade causou o ressentimento do melhor amigo, que envolveu o Gato numa falcatrua e sujou seu bom nome. Desse dia em diante, o Gato de Botas vira um renegado, um estranho sem nome, que deixa o vilarejo e parte em busca de aventuras. Até o dia em que reencontra seu antigo desafeto e tem a chance de ajustar as contas. Soa familiar? Com certeza, e a intenção é esta. O filme é recheado de citações cinematográficas, com referências que vão desde o próprio Zorro feito por Antonio Banderas até filmes como O Clube da Luta.

Numa acertada decisão, o diretor Chris Miller e a equipe de roteiristas se dispuseram a realizar um filme totalmente original e independente da franquia Shrek, tanto no que diz respeito à história como ao estilo de contá-la. Com um humor mais irônico do que escrachado que, aliás, tem tudo a ver com o personagem, e uma pegada bem latina – com direito a um duelo de paso doble e tudo – o filme aposta em um público mais adulto, inserindo pitadas de nonsense e personagens surrealistas, como, por exemplo, Humpty Alexander Dumpty, nada menos do que um ovo falante que foi criado no mesmo orfanato que o personagem-título (sim, isso mesmo, caros leitores). Outra participação divertida é a do gatinho assustado, que aparece sempre fazendo “oh!”.


No que diz respeito à técnica, o resultado também é muito feliz. O efeito 3D aplicado no filme é um dos melhores que eu vi recentemente, dando uma textura incrível à pelagem dos bichanos. Visualmente rico sem ser exibicionista, Gato de Botas é um ótimo exemplo de requinte técnico utilizado na medida exata.

E, por último, mas não menos importante: considerando que a Paramount vai disponibilizar ambas as versões, façam o possível para ver o filme legendado. Creiam-me: grande parte da graça reside na interpretação que Antonio Banderas dá ao personagem. O ator – também responsável pela versão em espanhol e italiano – é a alma por trás do Gato de Botas. Com todo respeito ao trabalho dos dubladores, dificilmente outra voz conseguirá alcançar aquela entonação única que passa, ao mesmo tempo, malícia, ironia, sedução e malandragem. E é justamente esse contraste de ver uma voz tão sexy naquela figura peluda e fofinha que torna o personagem tão divertido, afinal de contas, ele é não somente é um desenho animado como também um gato!

Resumindo, Gato de Botas foi uma ótima surpresa para esse final de ano. Resista se puder ao charme desse felino. Sexta nos cinemas.



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