quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tudo Pelo Poder


Sou fã confessa de George Clooney. Ótimo ator, produtor esperto, personalidade carismática e, mais recentemente, um diretor dos mais competentes. Mesmo considerando que seu último trabalho atrás das câmeras, há três anos, foi o fraco O Amor Não Tem Regras, o cara tem crédito suficiente por conta de seus dois longas anteriores: o surpreendente Confissões de Uma Mente Perigosa (2002) e o irrepreensível Boa Noite e Boa Sorte (2005). Com este Tudo Pelo Poder, o Clooney cineasta volta a brilhar intensamente com um filme visceral, inteligente e corajoso. Depois de destrinchar os bastidores dos meios de comunicação, o diretor agora volta suas lentes para o que há por trás de outro métier tão repleto de encenações e jogo de aparências quanto o meio artístico: a política americana.

O roteiro é baseado na peça Farragut North, de Beau Willimon, que estreou em 2008 em Nova Iorque. Willimon escreveu o texto inspirado na sua experiência como colaborador da mal sucedida campanha presidencial do democrata Howard Dean em 2004. A adaptação para as telonas foi feita por Clooney, em conjunto com o roteirista Grant Heslov (o mesmo parceiro de Boa Noite e Boa Sorte) e com colaboração do próprio Willimon. Trata-se daqueles roteiros espertos, densos e cheios de segundos significados, onde uma olhada para o celular ou uma ida ao banheiro podem prejudicar muito o aprofundamento no filme. Na trama, vemos que os dois candidatos democratas na corrida para a presidência dos Estados Unidos estão em um momento de definição. Clooney é o governador Mike Morris, aparentemente um sujeito legal e que gosta de jogar limpo. Mas seria ele realmente assim ou esta imagem é fruto da competência de seus assessores?

Juntamente com o roteiro redondo, o outro principal ponto de apoio de Tudo Pelo Poder reside em sua perfeita escalação de elenco. Clooney reservou para si o papel coadjuvante do candidato à presidência, deixando os assessores interpretados por Ryan Gosling, Paul Giamatti e Philip Seymour Hoffman em primeiro plano, numa clara alusão de que a verdadeira disputa política é travada entre os homens que estão por trás dos poderosos. Outro personagem muito interessante é a jornalista interpretada por Marisa Tomei, que sabe tirar partido da importância de seu veículo e se impor como peça fundamental do jogo político. E que elenco afinado! Assistir aos diálogos desafiadores e cheios de veneno proferidos por esses atores maravilhosos certamente fará o espectador que anda descrente do cinema americano mudar de ideia: sim, meus caros, ainda há muita vida inteligente em Hollywood.


O filme obteve quatro indicações ao Globo de Ouro, e nas categorias mais disputadas: melhor filme, direção, roteiro e ator (Ryan Gosling). A partir de amanhã nas salas de cinema e a partir de 2012 nas melhores premiações da sétima arte (assim espero).

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