quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As Mulheres do Sexto Andar


Na charmosa Paris dos anos 60, Jean-Louis leva uma vida burguesa ao lado da esposa Suzanne. Sua pacata rotina é sacudida pela chegada de Maria, uma empregada espanhola que mora com a tia e outras conterrâneas nos pequenos alojamentos para empregados do sexto e último andar do prédio. Jean-Louis, motivado pelo tédio e pela empatia com Maria, começa a se aproximar das estrangeiras e descobre um mundo até então alienígena para ele, povoado por privadas entupidas, espaços exíguos, violência doméstica e famílias destroçadas pela ditadura franquista. Todo um novo universo bem ali, acima da sua cabeça. Exibido no Festival de Berlim deste ano.

Com um elenco fabuloso, onde se destacam Fabrice Luchini (de Potiche), Lola Dueñas (de Volver) e Natalia Verbeke (de O Que Você Faria?), além da diva almodovariana Carmen Maura, esta simpática comédia cheia de tons românticos e ironia social mostra um divertido confronto de classes entre um grupo de empregadas domésticas exuberantes e um patrão melancólico e distraído. É um verdadeiro choque para Jean-Louis descobrir que logo acima de seu elegante apartamento vivem pessoas em condições tão precárias. Com uma abordagem inusitada, onde o suposto repressor assim o é não por maldade e sim por nunca ter se dado ao trabalho de pensar em dificuldades que não pertencem à sua rotina, o filme, na verdade, faz um rito de passagem para a maturidade de um personagem de meia-idade. Um exemplo disso é quando ele fica sabendo que uma das empregadas é sobrevivente da ditadura de Franco e começa a dar lição de moral nos filhos, dizendo que difícil mesmo é a situação da guerra civil espanhola.

O longa apenas seria mais rico se não tivesse buscado um desfecho tão clichê. Aliás, toda a parte do interesse romântico de Jean-Louis por Maria enfraquece um pouco o restante do filme, que tem muitos outros aspectos interessantes  que poderiam ter sido mais bem desenvolvidos no lugar do batido caso do marido entediado que se encanta com a espontaneidade de uma mulher mais jovem. Afinal de contas, para o protagonista, a descoberta da existência do reino das orgulhosas espanholas do sexto andar vai muito além de uma simples questão amorosa.  

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