quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Mulher de Preto


Não vamos ser hipócritas: a grande curiosidade em torno desse filme tem muito mais a ver em saber como Daniel “Harry Potter” Radcliffe se sairá em um papel adulto do que com o longa em si. Não é para menos, já que o público passou os últimos dez anos enxergando o ator através dos indefectíveis oclinhos redondos de seu personagem. Daniel cresceu diante das câmeras e até conseguiu fazer um filme entre um Harry Potter e outro (Um Verão Para Toda Vida, em 2007), mas é como se o ator não tivesse uma identidade separada do célebre menino bruxo. Então havia a grande incógnita: quem é de fato Daniel Radcliffe e o que ele vai fazer da sua carreira agora? A julgar por esse primeiro trabalho, podemos dizer que ele tem potencial para sobreviver à maldição do personagem único.

No terror clássico A Mulher de Preto, Daniel interpreta o advogado Arthur Kipps. Pai de um menino de quatro anos e viúvo inconsolável, Arthur há anos não vem dando a atenção necessária ao trabalho. Como última chance, é praticamente intimado a viajar a um pequeno vilarejo para inventariar todos os papéis e documentos particulares de uma rica senhora recém-falecida. No lugar, todos parecem sempre sobressaltados e ficam ainda mais apavorados quando Arthur anuncia sua intenção de passar alguns dias na mansão da cliente para se inteirar de tudo. O protagonista começa a desconfiar que algo de maligno envolve a propriedade e, de alguma forma, causa tragédias envolvendo as crianças do vilarejo.

OK. A Mulher de Preto não é daqueles filmes de terror impactantes que ficam martelando na nossa cabeça, mas é um filme bastante digno. Apostando mais no suspense clássico dos filmes antigos, evita apelar para o terror fácil de trilha sonora estridente ou para a sexualidade explícita dos adolescentes com hormônios em fúria. Elegância é a palavra de ordem. A trama começa com uma cadência um pouco lenta, mas logo ganha bom ritmo e consegue dar alguns bons sustos. A solução para o mistério poderia ser mais elaborada, é bem verdade, mas o resultado final é satisfatório em termos gerais.


Daniel Radcliffe segura bem um personagem mais adulto do que sua idade cronológica e com uma carga emocional especialmente pesada. E, mais importante, prova que consegue construir um personagem que em nada lembra o famoso Harry Potter. Bom para ele e, por conta disso, cresce a expectativa em conferir seu próximo trabalho: Radcliffe será o poeta Allen Ginsberg no filme Kill Your Darlings, ainda em fase de pré-produção.

Uma curiosidade: Misha Handley, que interpreta o filho de Arthur, é afilhado de Daniel Radcliffe na vida real. A escalação foi sugestão do ator, que acreditava assim poder estabelecer uma empatia mais forte entre os personagens.

Já nos cinemas.

Um comentário:

  1. Essa foto que você colocou aí me lembrou da única coisa estranha no filme: ele tentar se defender do fantasma com a machadinha... mas tudo bem, deve ter sido instinto. No mais, assino embaixo do que dizes. Abraço

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