terça-feira, 18 de junho de 2013

Ferrugem e Osso


Finalmente, chega ao Brasil o drama francês Ferrugem e Osso. Na ocasião de seu lançamento na Europa, muita gente (incluindo esta que vos escreve) acreditava que Marion Cottillard seria indicada ao Oscar, o que não aconteceu, contribuindo para atrasar em quase um ano a chegada do longa ao nosso circuito comercial. Até agora, o filme havia sido exibido por aqui somente no Festival do Rio e no Festival Varilux do Cinema Francês.

A trama narra um amor fragmentado entre dois rebeldes que, de uma forma ou outra, pagam caro por sua liberdade. Ali está sem casa, desempregado e às voltas com um filho de cinco anos com o qual não sabe lidar. A única solução que encontra é morar de favor na garagem da irmã em Antibes, no sul da França. Stéphanie é independente, explosiva e trabalha como treinadora de baleias em um parque aquático. Eles se conhecem quando Ali, trabalhando como leão de chácara em uma boate, a defende de uma briga, mas logo a seguir se estranham. Os dois voltam a se encontrar depois que Stéphanie sofre um terrível acidente e o modo franco e direto de Ali acaba ajudando-a a reagir, ao mesmo tempo em que também ele começa a se sentir ligado a ela.


Jacques Audiard, o mesmo diretor e roteirista de O Profeta, põe em cena todos os elementos de um melodrama convencional, mas sabe contar sua história sem resvalar na pieguice nem nos julgamentos morais. Pelo contrário, Ferrugem e Osso é um filme que exala coragem. Em vez de ser mais um de tantos filmes de superação com lições de vida, o filme abraça sem ressalvas esta ousada história de amor inesperada e raivosa entre duas pessoas cheias de traumas, na qual a ferrugem e o osso não são limitações para a reinvenção do prazer e a descoberta de novos sentimentos.

Claro que grande parte do mérito cabe aos protagonistas Matthias Schoenaerts e Marion Cottillard, em especial a esta última. Sua personagem passa pelos mais diferentes estágios e Marion transpira verdade em cada um deles, mostrando-se totalmente despida de vaidade ou pudor sempre que necessário. Podemos dizer que este trabalho da atriz é tão impressionante quanto aquele que lhe deu o Oscar (Piaf, 2007), o que torna inexplicável que a Academia tenha simplesmente esquecido dela – ainda mais considerando que a seleção de indicadas deste ano não foi das mais fortes.

Comovente, poético e um tantinho incômodo, Ferrugem e Osso estreia nesta sexta. Não deixem de conferir. 

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