sábado, 15 de junho de 2013

Marco Vichi e os mistérios de Firenze

Não tem a mínima ideia de quem seja Marco Vichi? Não precisa se sentir desinformado, caro leitor. Eu também nunca tinha sequer ouvido falar nele até o ano passado, mas tudo mudou depois de ter vivido por alguns meses em Firenze, cidade natal do escritor. Vichi é um prestigiado autor do gênero policial famoso em toda a Itália, mas um verdadeiro mito em Firenze. Vale dizer que o próprio estilo policial noir (ou romanzo giallo, em italiano) atrai muito a atenção do leitor italiano. Se aqui no Brasil esse gênero de literatura costuma ocupar no máximo uma prateleira em meio às estantes de ficção, nas livrarias italianas existem setores inteiros dedicados a ele.

Marco Vichi é um fiorentino de 55 anos que fez sua estreia literária em 1999 com o romance L’Inquilino. Três anos depois, Vichi inicia a série protagonizada pelo Comissário Bordelli, personagem que o tornaria conhecido em toda a Europa. As tramas são ambientadas na Firenze dos anos 60 e o inspetor de polícia Franco Bordelli está sempre às voltas com crimes misteriosos e horrendos que desafiam sua coragem e perspicácia. Com um senso de moral todo próprio, o policial muitas vezes se sente mais à vontade entre malfeitores de bom coração do que entre as chamadas “pessoas de bem”. Solteirão convicto, Bordelli tem ainda um fraco por mulheres jovens, bonitas e independentes. Até o momento, o autor dedicou cinco romances ao personagem: Il Comissario Bordelli, Una Brutta Faccenda, Il Nuovo Venuto, Morte a Firenze e La Forza del Destino. Bordelli aparece, ainda, na graphic novel Morto Due Volte.

A literatura de Marco Vichi é altamente recomendável a todos os apreciadores do gênero, mas especialmente aos leitores de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Não são poucas as semelhanças entre o Comissário Bordelli e o delegado Espinosa de Garcia-Roza. Mas a literatura de Vichi vai além de seu personagem mais famoso. O autor também escreveu outros ótimos romances e diversas coletâneas de contos, sendo ainda curador de tantas outras, sempre dentro do gênero policial/noir. O denominador comum a toda sua obra é a incrível capacidade de prender a atenção do leitor, além da ironia fina e das descrições precisas de Firenze e das localidades em seu entorno (especialmente deliciosas para quem conhece a região). Mais recentemente, o escritor vem expandindo sua arte também para o teatro e para roteiros televisivos, além de ministrar cursos e laboratórios de criação na Universidade de Firenze. Vichi também escreve para diversos jornais e revistas italianos.

Marco Vichi venceu o prêmio literário Fedeli com Il Nuovo Venuto (2004) e o Giorgio Scerbanenco e o Camaione com Morte a Firenze (2009/2010). Coincidência ou não, são justamente esses dois livros os meus favoritos. Vichi ainda não foi publicado aqui no Brasil, mas em Portugal sim. Então quem tiver interesse e não puder lê-lo no original tem a opção de buscar as edições lusitanas. Fica a dica, vale muito a pena conhecer esse escritor. 

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