quinta-feira, 13 de junho de 2013

Segredos de Sangue


Eis que o coreano Park Chan-Wook (ou Chan-Wook Park) faz sua aguardada estreia em Hollywood. Conhecido por seus filmes lindamente violentos, o cineasta responsável por longas como Old Boy, Lady Vingança e, mais recentemente, Sede de Sangue traz seu estilo peculiar e impactante para esta coprodução entre Estados Unidos e Inglaterra. Podemos dizer que Chan-Wook se sai bem na tarefa, pois consegue fazer um longa mais ocidentalizado sem abrir mão do seu característico senso estético e de seus personagens cheios de perturbações emocionais.

A trama é centrada em India Stoker, uma garota inteligente e meio fora dos padrões que recebe a notícia da morte do adorado pai no dia de seu aniversário de dezoito anos. Durante o funeral, India conhece Charlie, um irmão mais novo de seu pai de quem ela nunca tinha ouvido falar. Desse dia em diante, Charlie se aloja em sua casa e não dá sinais de querer ir embora. Sua mãe, Evelyn, parece encantada, já que Charlie lhe lembra uma versão jovem do falecido marido e uma época anterior e mais feliz de seu casamento, mas India percebe que algo não se encaixa nas histórias contadas pelo tio.


Mia Wasikowska convence como India Stoker, embora não se saiba se isso é um mérito da direção, já que a jovem vem trabalhando em bons filmes e com bons cineastas, mas ainda não demonstrou uma personalidade própria como atriz. Nicole Kidman interpreta Evelyn no piloto automático e sua presença não faz absolutamente nenhuma diferença para o filme. Muito pouco para alguém de quem sempre se espera algum lampejo da estrela incrível de tempos passados. A boa surpresa é o britânico Matthew Goode, dono de uma filmografia bastante variada, mas, até então, inexpressiva. Goode faz uma boa composição de Charlie, sempre com um pé no perigo e outro na sedução.

Segredos de Sangue é um filme que demora um pouco a mostrar do que é feito. Seu início é bastante lento, embora dê sinais de que aquela placidez está para ser destruída. Talvez a progressão lenta seja intencional, para que a trama entre no mesmo compasso do senso de letargia no qual vive a protagonista. Conforme India vai se dando conta do que acontece à sua volta e desperta para a realidade, também o ritmo do filme começa a se acelerar e a finalmente se parecer mais com um filme de Park Chan-Wook. Certamente não é um longa tão assumidamente violento como Old Boy nem tão psicologicamente perturbador como Sede de Sangue, mas, ainda assim, podemos dizer que o sangue de Chan-Wook corre nas veias do filme. Um pouco mais diluído, é verdade, mas seu DNA ainda é reconhecível. 


Amanhã nos cinemas. 

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