quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Imagem Que Falta


Este filme, que concorre ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira e recebeu o prêmio Um Certo Olhar no Festival de Cannes deste ano, vem sendo divulgado como um documentário em animação. Não exatamente. O filme na verdade é um híbrido de imagens de arquivo, fotografias e dramatização utilizando bonecos de argila (que são estáticos, não há animação). O filme é baseado no livro L’élimination, de Christophe Bataille, e recria o massacre promovido no Camboja pela ascensão ao poder do chamado Khmer Vermelho na década de 70, quando cerca de dois milhões de cidadãos morreram devido a execuções políticas, fome, maus-tratos e trabalhos forçados.

O tema é pungente e o fato de ser narrado em primeira pessoa, do ponto de vista de um sobrevivente que teve a família dizimada, o torna ainda mais dramático. A ideia de usar bonecos sem recorrer às técnicas de animação também é muito interessante e simbólica, como se os cambojanos fossem meras peças de um jogo de tabuleiro. O problema é que a força da narrativa do filme decai bastante nos outros trechos, principalmente por conta do tom de voz monocórdio do narrador. Em diversos momentos, fica difícil controlar a dispersão dos pensamentos e não se presta a devida atenção ao que está sendo dito justamente pela sua falta de inflexão – o que torna o filme um pouco cansativo. 

Resumindo: era uma bela ideia, mas o resultado não ficou à sua altura. De todo modo, vale uma conferida pela importância do assunto e pela interessante proposta de fazer uma “não-animação”.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário