sábado, 1 de fevereiro de 2014

Uma Noite no Moulin Rouge


Não, não estamos falando do filme de Baz Luhrmann e sim do verdadeiro Moulin Rouge. O original. Le Bal du Moulin Rouge, o cabaré mais tradicional e luxuoso de Paris, foi fundado em 1889 pelos empresários do ramo do entretenimento Joseph Oller e Charles Zidler. Desde o princípio, grandes ambições cercavam o empreendimento: a ideia era lançar um cabaré que primasse pelo bom gosto, ousadia e elegância e fosse diferente de tudo que havia até então no bairro boêmio de Montmartre. O estabelecimento começou a ganhar ares míticos em tempo recorde, já que apenas dois anos depois Henri de Toulouse-Lautrec desenhou La Goulue, o primeiro de seus posters inspirados pelas noitadas no Moulin Rouge. Ainda em 1891, o inglês Charles Morton batizou como French CanCan a nova e vigorosa dança, que até então era chamada Le Quadrille.

Mas como é o Moulin Rouge hoje em dia? O interior dele mantém muito do charme de tempos passados, algo que podemos apenas imaginar. A decoração em estilo Belle Époque tem muito veludo vermelho, como não poderia deixar de ser, e as mesas são todas decoradas com pequenos abajures, conseguindo a façanha de criar um ambiente aconchegante apesar de seus 850 lugares. Ao comprar o ingresso, o espectador pode escolher entre o bilhete simples e os que dão direito a meia garrafa de champanhe ou, ainda, champanhe e jantar.

Os preços são salgados (a partir de 100€), mas creiam-me: é dinheiro muito bem gasto. É sempre aconselhável comprar os ingressos com antecedência no site (www.moulinrouge.fr). O processo é simples: uma vez comprado, o bilhete eletrônico vai para o e-mail cadastrado em arquivo anexo e é só imprimir. Chegando lá, não é necessário trocar por outro na bilheteria. Basta entrar na (inevitável) fila. Como eles costumam ter dois shows por dia, o primeiro horário é sempre mais tranquilo – o segundo está sujeito a algum atraso, já que eles precisam esvaziar o recinto e tudo depende da velocidade com que o público sai.


O espetáculo muda de tempos em tempos, o que está atualmente em cartaz chama-se Féerie e conta com um elenco de oitenta artistas. São bailarinos, músicos, cantores, equilibristas, contorcionistas, enfim, tudo somado em um espetáculo colorido, vivaz e muito variado. O show tem números temáticos que envolvem piratas, artistas circenses, cenários orientais exóticos, o clima da Paris dos anos 40, além, é claro, do mítico cancan. Em meio a tanto deslumbre, vale destacar o engraçadíssimo número do ventríloquo Márc Metral e também o surreal balé aquático de uma moça em meio a imensas pítons, que impressiona não somente pelo tamanho das cobras, mas também pelo enorme aquário que surge do chão.

Ponto negativo? Nada a ver com a boa administração da casa, mas a falta de educação de alguns frequentadores incomoda. Mesmo com um ingresso tão caro, tem turista que não está nem aí para o que está acontecendo no palco. Tive o azar de ficar perto de um grupo que queria mais fazer alvoroço do que assistir ao show. Também se vê muitas pessoas insistindo em tirar fotos lá dentro, mesmo depois de serem advertidas pelos funcionários a não fazê-lo. 

No mais, o cabaré é a coisa mais linda, os funcionários são gentis, o champanhe é de ótima qualidade e o espetáculo é sensacional. 


Confiram abaixo algumas fotos oficiais (propriété de Moulin Rouge Officiel):





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