sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Em Busca do Sentido da Vida


Clive toma uma decisão inusitada para entender melhor a sua vida: a cada semana, ele abrirá mão de um dos sentidos. Primeiro a audição, depois a fala e, por fim, a visão. O principal, para ele, é não se desviar de seu planejamento ao primeiro empecilho e dar um jeito de viver normalmente e se comunicar com as demais pessoas como se aquela fosse a sua realidade. Os colegas da aula de teatro parecem incomodados e o amigo com quem divide a casa se exaspera, mas Clive não desanima e consegue até conquistar uma garota sem um dos sentidos. Através de recursos auditivos e visuais, também o espectador será convidado a fazer parte da experiência.

O filme parte de uma ideia bastante original, embora em termos de execução paire uma grande dúvida quanto ao fato de tal experiência se adequar ou não à linguagem cinematográfica, ainda mais por se tratar de uma obra de ficção. Por mais pertinente que seja a proposta e apesar do roteiro criar situações divertidas a partir da incompreensão gerada pela decisão de Clive, ao final da projeção o espectador pode ter dificuldade em ver o sentido – não da vida, mas do filme. Afinal de contas, uma coisa é experimentar tais sensações (como o protagonista) e outra muito menos significativa é ver numa tela outra pessoa fazê-lo. Ferrari tenta emular as sensações tolhidas, o que funciona melhor quando se trata da audição, mas tudo permanece experimental demais. Com um início curioso, um miolo bom e uma resolução aquém da esperada, a média final é positiva. Mas por pouco. 

Em Busca do Sentido da Vida (Simple Being), de Marco Ferrari. Com Sol Mason, Jasmin Radibratovic, Jeff Adler. Estados Unidos, 2014. 92’. Expectativa 2014.


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