domingo, 28 de setembro de 2014

Metamorfoses


Deuses e homens se encontram neste novo filme do francês Christophe Honoré (de A Bela Junie e Bem Amadas). Tomando como ponto de partida a obra homônima de Ovídio, Metamorfoses faz uma releitura contemporânea de narrativas mitológicas e tem Europa como fio condutor. Depois de ter sido raptada e seduzida por Jupiter/Zeus, a princesa grega segue testemunhando as grandes provações pelas quais passam os homens quando caem em desgraça perante os caprichosos deuses. O filme foi exibido no Festival de Veneza 2014.

É sempre revigorante ver um projeto que caminha na contramão das tendências. A mitologia tem sido largamente utilizada no cinema, é claro, mas quase sempre em filmes de aventura hollywoodianos, transformando os deuses em protagonistas de blockbusters barulhentos. Já uma trama adulta enfocando os habitantes do Olimpo e suas interações com os humanos não é coisa que se veja com tanta frequência.

Certamente compor um roteiro a partir de um dos grandes poemas épicos da antiguidade é um projeto bastante ambicioso, mas Honoré dá conta do recado. Trabalhando com pequenos extratos e poucos personagens (mesmo porque a obra completa é dividida em quinze segmentos e deve ter mais histórias do que As Mil e Uma Noites), o que vemos na tela é uma acertada transposição de mitos como o de Europa, Narciso, Orfeu e outros para um contexto atual. O foco está sempre no satírico e no sensual. O espectador, porém, precisa ter um conhecimento básico de mitologia para compreender e apreciar o filme.

Metamorfoses (Métamorphoses), de Christophe Honoré. Com Amira Akili, Sébastien Hirel, Damien Chapelle, Mélodie Richard, Georges Babluani, Vimala Pons. França, 2014. 102’. Panorama do Cinema Mundial


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