segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Procurado


O trailer de O Procurado já prenuncia o que esperar deste filme: um filme de ação desenfreada, cheio das costumeiras perseguições automobilísticas e com o adicional de ser mais um longa calcado no estilo pós-Matrix, ou seja, compreendendo uma espécie de realidade alternativa onde balas de revólver fazem curvas e pessoas atravessam vidraças no alto de um prédio e caem de pé num terraço do outro lado da rua. Some-se a isso uma Angelina Jolie vestindo um personagem que parece a junção da Sra. Smith com a Lara Croft e Morgan Freeman repetindo outra variação daquele papel de Deus. Enfim, o único elemento que parece um pouco imprevisível nesse contexto todo é o escocês James McAvoy distribuindo socos e tiros a granel.

Baseado na graphic novel homônima de Mark Millar e J.G. Jones, a história de O Procurado parte do princípio da existência de uma milenar fraternidade secreta de assassinos dotados de habilidades extraordinárias. Wesley Gibson é um contador que odeia seu trabalho e sua chefe, vive sem dinheiro, mora num apartamento decadente e, para piorar, sabe que sua namorada o trai com seu colega de trabalho e não consegue fazer nada a respeito. Mas tudo muda no dia em que encontra uma bela e misteriosa mulher, que lhe revela que o pai que ele nunca conheceu pertencia a essa fraternidade e acaba de ser assassinado por um ex-membro. Com sua vida também em risco, Wesley aceita ser treinado pela fraternidade para desenvolver seu potencial adormecido e, quando estiver pronto, vingar a morte de seu pai.

O Procurado é o primeiro filme em inglês do russo Timur Bekmambetov, que fez sucesso com os toscos e superestimados Guardiões da Noite e Guardiões do Dia. Claro que, considerando o histórico do diretor, não se poderia esperar um argumento menos absurdo. Mas até aí tudo bem, a maioria dos filmes de ação têm argumentos absurdos. O problema é que é tudo muito mal-explicado, jogado a esmo na história. Mesmo dentro daquele já citado universo onde as leis da física são abolidas, há que se manter certos parâmetros e um mínimo de coerência. Senão entra-se em um terreno onde “pode tudo” e a trama perde completamente a graça.

Não bastasse a estética copiada de Matrix, o filme ainda tenta desenvolver em paralelo uma ideologia estilo O Clube da Luta através do protagonista. É impossível assistir às cenas iniciais, com Wesley sentindo-se anestesiado pela sua vidinha modorrenta, e não lembrar das cenas de Edward Norton no escritório. Pode-se dizer o mesmo de seu comportamento pós-descoberta da fraternidade, com ele mandando tudo às favas e assustando a chefe com seu discurso bizarro.

O filme é barulhento, pseudo-estiloso e com exageros irritantes como, por exemplo, a personagem de Angelina Jolie entrar com carro e tudo em um trem em movimento, arrebentando a carroceria deste. Desnecessário. Chato. Dá vontade de fechar os olhos e cochilar, a despeito da zoeira nos tímpanos. E claro que, quando falamos de Angelina, vale ressaltar que a sensualidade da atriz é explorada de todas as formas possíveis, com seus olhos bem delineados e lábios enormes sempre em close. Sem contar uma tomada feita com o único objetivo de mostrá-la nua de costas. É simples assim: James McAvoy está conversando com outro personagem, ela surge saída da banheira, deixa os rapazes boquiabertos e sai de cena. Mas espantoso que isso é ver McAvoy, bom ator que tem no currículo filmes respeitáveis como O Último Rei da Escócia e Desejo e Reparação, submetido a um filme desse nível.

Para coroar o que já era suficientemente péssimo, a resolução da história apóia-se toda numa argumentação frouxa e em um raciocínio facilmente desmontável por qualquer ser humano. Nem precisaria ser super dotado para chegar a certas conclusões ali. Depois de toda a tortura, um pouco da sempre boa música de Danny Elfman durante os créditos restaura um pouquinho do bom humor perdido ao longo da projeção.

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