quinta-feira, 28 de maio de 2009

Heróis


Eu queria fazer um texto estruturadinho, apontando um a um todos os inúmeros defeitos e incongruências de Heróis. Mas, logo de cara, senti que não seria possível, e por uma razão bem simples: foi complicado manter os olhos abertos durante boa parte da projeção do filme. A trama era aborrecida e meio sem sentido mesmo ou havia algum sentido que o roteirista pretendia dar que me escapuliu devido ao tédio?

Primeiro, vale destacar que eu não sou o tipo de espectadora para quem o escurinho do cinema tem efeito anestésico. Estou acostumada a encarar a cobertura do Festival do Rio, o que significa assistir a quatro, cinco ou até mesmo seis filmes num mesmo dia. Tampouco estava especialmente cansada naquela manhã. Então por que minhas pálpebras lutavam comigo? Grande mistério da humanidade, que faz com que esse texto acabe sendo mais um ensaio sobre como sobreviver a um filme redundante do que propriamente os motivos que o levam a ser tão chato.

Não deixa de ser curioso que um longa tão barulhento e cheio de cenas pseudo-eletrizantes só consiga causar tédio. Motivos eu posso apontar alguns: em primeiro lugar, a falta de novidade em relação ao tema. Quem ainda aguenta um genérico de X-Men, ainda mais depois que o assunto já foi explorado à exaustão em seriados de TV e até mesmo na interminável novela da Record? Mais previsível, impossível. Uma garotada cheia de poderes, perseguida por órgãos governamentais, etc, etc, etc. Segundo, a postura dos mocinhos e vilões é pouco convincente e fracamente delineada. Terceiro, por que exatamente um filme com personagens americanos foi ambientado em Hong Kong? Não me lembro de uma razão efetiva para isso (ou será que isso foi explicado durante alguma fechada de pálpebra minha?). E, por último, mas não menos importante: seria essa a pior escalação de elenco já feita na história do cinema ou os personagens é que são tão rasos que não deixam alternativa aos pobres atores?

Um pouco de cada coisa. Dakota Fanning é inegavelmente talentosa, embora tenha que se cuidar para não cansar demais a imagem (parece que a lourinha sempre obtém todos os papéis correspondentes à sua faixa etária). Ainda assim, a já não tão pequena Dakota é, de longe, a melhor coisa do filme. Também talentoso é Djimon Hounson, que aqui tem a tarefa ingrata de encarnar um vilão estereotipado e bidimensional. Já Chris Evans e Camilla Belle são evidentemente atores de pouco ou nenhum recurso que, além de passarem o filme inteiro com uma expressão bovina, ainda possuem o agravante de não terem nem a mais remota química como casal. Um horror.

Ao final, o desfecho frouxo e nada conclusivo do longa deixa o espectador sem saber por que, afinal de contas, o filme foi realizado. Também deixa dentro de nós a mais incômoda sensação que pode acometer um espectador, que é a sensação de tempo perdido.

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