Basta chegar aos cinemas uma adaptação de HQ para que os fãs já de antemão se munam de prevenção absoluta contra qualquer mínima alteração em relação ao original, ignorando completamente o significado da palavrinha adaptação. Então a coisa pode ficar feia em relação a este X-Men Origens: Wolverine. O filme solo do mutante mais sensacional da galeria dos X-Men's provavelmente vai gerar uma legião de descontentes, já que alçar Wolverine ao posto de protagonista absoluto automaticamente faz com que os demais mutantes sejam relegados a coadjuvantes ou meros figurantes no longa. Bobagem. Com a única pretensão de ser um ótimo filme-pipoca, Wolverine entrega exatamente isso ao espectador.
A trama é uma prequel a X-Men – O Filme e se passa numa época anterior ao encontro de Wolverine com Vampira no bar de beira de estrada, dissecando as origens de Jimmy Logan desde a infância. A excelente cena de abertura mostra como Logan e Victor Creed (mais tarde, o famoso Dentes de Sabre) descobrem suas habilidades ainda crianças e se unem numa simbiose que dura várias décadas e muita confusão. Mas aos poucos Logan começa a se sentir incomodado pela natureza excessivamente violenta e obscura de Victor, o que só piora depois que eles são cooptados pelo general William Stryker para integrar uma equipe de soldados mutantes que faz trabalhos sujos para o exército americano.
Logan dá uma basta e tenta levar uma vida pacata, até que Stryker e Creed aparecem novamente em sua vida e destroem o frágil equilíbrio que ele construíra para si. Transtornado pelo ódio, Logan aceita ser usado numa experiência que o tornará indestrutível – se não matá-lo. É quando o adamantium, liga metálica ultra resistente, é fundido a seu esqueleto e suas garras passam a ser armas ainda mais letais. E assim Jimmy Logan torna-se Wolverine e parte em busca de vingança.
Hugh Jackman, como sempre, é perfeito para o papel. De tal modo que hoje em dia fica impossível imaginar outra face para Wolverine. Perigoso, feroz, mas dotado de uma consciência que o distingue de Victor mesmo nos seus momentos mais revoltados, Jackman é a alma deste filme. Encontrar alguém à altura para antagonizá-lo como Creed não é tarefa das mais fáceis. Mesmo porque Dentes de Sabre representa uma versão deturpada do que poderia ser o próprio Wolverine caso cedesse a seus instintos mais primitivos. Liev Schreiber dá conta do recado. Seu Victor Creed é assustador desde a primeira cena, deixando claro que é um cara com quem não se deve mexer. Não se pode dizer o mesmo de Danny Huston, que deixa a desejar como Stryker. Lynn Collins também decepciona, por não transmitir o espírito de sedução e persuasão de sua personagem, Kayla Silverfox. No mais, Taylor Kitsch faz boa figura como o malandro Remy LeBeau, ou Gambit. No restante do elenco, nada mais a destacar.
Exageros? Sim, muitos. Mas isso não é nenhum defeito em um filme que parte do pressuposto da existência de mutantes. O sul-africano Gavin Hood, de Infância Roubada, realiza um filme ágil e eletrizante, mas sem abrir mão de criar a empatia necessária entre o público e seu protagonista. Se bem que nem precisava. Os outros mutantes que me perdoem, mas Wolverine é o cara.
Eu ainda não vi o filme, mas o que mais me chama atenção é saber que tem o Gambit, meu personagem favorito dos quadrinhos. Tô louco que saia um filme só pra ele.
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